‘Não há futuro para a Rússia’, diz Biden em celebração dos 80 anos do Dia D em praia da Normandia; Putin não foi convidado
'Não há futuro para a Rússia', diz Biden em celebração dos 80 anos do Dia D em praia da Normandia; Putin não foi convidado
Presidente dos EUA disse ainda que Otan não abandonará Ucrânia até a vitória. Cerimônia teve presença dos representantes dos países aliados e de Zelensky.
Por g1
Com um
discurso direcionado à Rússia, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden,
disse que o Ocidente não deixará a Ucrânia antes de uma vitória, durante a
abertura nesta quinta-feira (6) da celebração oficial pelos 80 anos do Dia D,
em uma praia na Normandia, na França.
A Rússia foi
excluída do evento. O governo da França, responsável pela celebração, não
convidou nem representantes do governo de Vladimir Putin nem da oposição russa
ou da sociedade civil, um sinal do isolamento do país pelas potências
ocidentais
O Dia D —
como ficou chamado o desembarque das tropas aliadas nas praias da Normandia,
derrotando tropas nazistas — marcou o fim na Europa da Segunda Guerra Mundial,
quando a União Soviética lutou ao lado do Aliados (Reino Unido, Estados Unidos
e França) na Segunda Guerra Mundial.
Já o
presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, foi convidado, uma forma de
demonstrar até que ponto os aliados pensam que Moscou está do lado errado da
história.
Em seu
discurso, que abriu a cerimônia, Biden disse que “não há futuro para
Rússia” e reforçou o apoio dos EUA e da Otan na Ucrânia.
“Não se
enganem, nós não nos curvaremos, não nos renderemos aos agressores, isso é
simplesmente impensável. Se fizermos isso, toda a Europa estará ameaçada”,
afirmou o presidente norte-americano.
Além de
Biden, o rei Charles III do Reino Unido e o primeiro-ministro canadense, Justin
Trudeau, também compareceram, representando as três grandes nações que
desembarcaram nas praias normandas em 6 de junho de 1944.
O presidente
francês, Emmanuel Macron, também convidou quase 200 veteranos que lutaram no
Dia D.
Protestos
de dissidentes russos
Para alguns
dissidentes russos presentes no evento, a exclusão dos representantes de Putin
foi legítima, mas membros da oposição deveriam ter sido convidados.
“Não é
normal que representantes da Rússia, que sacrificou milhões de soldados nesta
guerra, não estejam presentes” nas cerimônias, disse à agência Lev
Ponomarev, co-fundador da ONG russa de direitos humanos Memorial, à AFP.
“Os
representantes da Rússia fascista não têm lugar lá, mas acredito que a oposição
poderia e deveria ter estado lá”, completou Ponomarev, dissidente de 82
anos que se exilou na França após a invasão da Ucrânia.
“Nós
representamos a Rússia que derrotou o nazismo, até porque nos levantamos contra
o fascismo de Putin”, afirma o cofundador da ONG que recebeu o Prêmio
Nobel da Paz em 2022.
Para Olga
Prokopieva, representante da associação ‘Russie-Libertés’, com sede em Paris,
“a propaganda russa aproveitará a ausência da Rússia e a apresentará como
uma humilhação do povo russo”.
Em abril, a
França indicou que convidaria autoridades russas, mas não Putin, em nome da
contribuição soviética para a vitória contra a Alemanha, mas acabou por decidir
não convidar ninguém por causa da “guerra de agressão” contra a
Ucrânia.
A ‘Russie-Libertés’ pediu a Macron que convidasse opositores russos e membros da sociedade civil como Yulia Navalnaya, viúva de Alexei Navalny – que morreu na prisão em fevereiro -, ou Evgenia Kara-Murza, cujo marido Vladimir Kara-Murza está preso por se opor à guerra na Ucrânia.
Embora o
presidente francês tenha recebido Navalnaya no fim de semana passado, a
associação não conseguiu o seu objetivo.
A França
indicou que a “contribuição decisiva” da URSS na vitória contra o
nazismo seria mencionada durante as cerimônias na praia de Omaha e durante os
“eventos” planejados nos cemitérios onde os soldados russos repousam
em solo francês.
Cessar-fogo
Em Moscou, o
porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, negou qualquer conversa nos últimos meses
sobre a participação russa nas cerimônias. “Não tivemos nenhum contato
sobre esse assunto”, disse ele.
O jornalista
russo Dmitri Muratov, cofundador do jornal independente Novaya Gazeta e
vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2021, estima que a única presença importante
nas comemorações seja a dos veteranos da Segunda Guerra Mundial.
Para ele, a
única coisa relevante é impedir a agressão russa contra a Ucrânia. Muratov
apela aos veteranos para que peçam um cessar-fogo, “em memória daqueles
que morreram pela paz durante a Segunda Guerra Mundial”.
“Estas
são as pessoas que têm legitimidade para exigir que Putin e o mundo parem os
combates”, argumenta.