IPCA: preços sobem 0,46% em maio, com alta forte dos alimentos e já sentindo efeitos das chuvas no RS
IPCA: preços sobem 0,46% em maio, com alta forte dos alimentos e já sentindo efeitos das chuvas no RS
Batata foi o subitem que mais pesou na inflação. Impactos das chuvas no sul ainda devem ser sentidos nos próximos meses. O índice de preços já acumula alta de 2,27% no ano e de 3,93% em 12 meses.
Por Bruna Miato, g1
O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial
do país, mostrou que os preços subiram 0,46% em maio. Os dados foram divulgados
nesta terça-feira (11) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE).
A alta nos
preços foi puxada, sobretudo, por um avanço no grupo de Alimentação e bebidas,
que subiu 0,62% na comparação com abril. Dentro do grupo, destaque para os
tubérculos, raízes e legumes — principalmente a batata, que disparou 20,61% em
um mês.
Segundo o IBGE, as maiores cheias da história que foram registradas no Rio Grande do Sul no mês passado já começam a mostrar seus impactos na economia brasileira, contribuindo para o avanço da inflação. O peso da capital Porto Alegre na inflação brasileira é de 8,61%, segundo André Almeida, gerente da pesquisa, atrás apenas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
“Em
maio, com a safra das águas na reta final e um início mais devagar da safra das
secas, a oferta da batata ficou reduzida. Além disso, parte da produção foi
afetada pelas fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul, que é uma das
principais regiões produtoras”, diz o pesquisador.
Almeida
também destaca que os impactos do desastre ambiental no estado podem ser
sentidos nos próximos meses em diversas cadeias logísticas — como interrupções
na cadeia produtiva, problemas logísticos, estragos no solo e perdas de
equipamentos, por exemplo.
Em abril, os
preços haviam subido 0,38%, o que mostra uma continuidade da aceleração da
inflação brasileira. No ano, a inflação já acumula alta de 2,27%, enquanto em
12 meses, o indicador acumula avanço de 3,93%.
Essa é a
primeira vez desde outubro do ano passado que a inflação acumulada em 12 meses
acelera em relação ao que foi registrado no mês anterior.
Apesar da
aceleração, a inflação continua dentro da meta do Banco Central do Brasil, que
é de 3% para 2024, podendo variar entre 1,5% e 4,5%.
O resultado
veio acima das expectativas do mercado financeiro, que esperava uma alta de
0,42% para a inflação em maio.
Veja a
inflação de maio em cada grupo
Alimentação
e bebidas: 0,62%
Habitação:
0,67%
Artigos de
residência: -0,53%
Vestuário:
0,50%
Transportes:
0,44%
Saúde e
cuidados pessoais: 0,69%
Despesas
pessoais: 0,22%
Educação:
0,09%
Comunicação:
0,14%
Inflação
sobe 0,46% em maio
Alimentos
comuns no prato dos brasileiros ficaram mais caros
Além da batata, os preços de outros alimentos muito comuns no dia a dia das famílias brasileiras também ficaram mais caros em maio. Os destaques, segundo o IBGE, ficam com a cebola, que teve alta de 7,94%, o leite longa vida, com avanço de 5,36%, e o café moído, com 3,42%.
Almeida
comenta que “o leite está em período de entressafra e houve queda nas
importações. Essa combinação resultou em uma menor oferta. Em relação ao café,
os preços das duas espécies têm subido no mercado internacional, o que explica
o resultado de maio”.
Outro
produto com forte alta nos preços em maio foi o azeite de oliva. No acumulado
em 12 meses até o mês passado, o preço do produto disparou 49,05%, consequência
da seca que atinge a Europa.
Apesar da
inflação registrada por alimentos populares, o preço da alimentação no
domicílio teve uma desaceleração em relação ao mês anterior: alta de 0,66% em
maio contra 0,81% em abril. Essa desaceleração foi puxada pela queda de 2,73%
no preço das frutas.
Já a
alimentação fora do domicílio registrou uma alta de 0,50%, ante uma variação
positiva de 0,39% em abril. Tantos os preços dos lanches quanto das refeições
tiveram altas nesse subgrupo, de 0,78% e 0,36%, respectivamente.
Inflação
sobe mais em Porto Alegre do que em outros locais
Segundo o
IBGE, a área de abrangência investigada pelo IPCA que teve a maior variação nos
preços foi Porto Alegre, em meio ao maior desastre ambiental da história do Rio
Grande do Sul.
A inflação
na capital gaúcha foi de 0,87% em maio, com altas registradas em diversos
itens, principalmente produtos básicos, como alimentos e combustíveis.
“A
situação de calamidade acabou afetando a alta dos preços de alguns produtos e
serviços. Em maio, as principais altas foram da batata-inglesa (23,94%), do gás
de botijão (7,39%) e da gasolina (1,80%)”, comenta Almeida, do IBGE.
Veja a
variação e o peso de cada capital no IPCA nacional:
Porto
Alegre: alta de 0,87% e peso de 8,61%
São Luís:
alta de 0,63% e peso de 1,62%
Belo
Horizonte: alta de 0,63% e peso de 9,69%
Aracaju:
alta de 0,60% e peso de 1,03%
Salvador:
alta de 0,58% e peso de 5,99%
Fortaleza:
alta de 0,55% e peso de 3,23%
Vitória:
alta de 0,51% e peso de 1,86%
Curitiba:
alta de 0,49% e peso de 8,09%
Rio de
Janeiro: alta de 0,44% e peso de 9,43%
Recife: alta
de 0,43% e peso de 3,92%
Campo
Grande: alta de 0,42% e peso de 1,57%
São Paulo:
alta de 0,37% e peso de 32,28%
Brasília:
alta de 0,34% e peso de 4,06%
Rio Branco:
alta de 0,19% e peso de 0,51%
Belém: alta
de 0,13% e peso de 3,94%
Goiânia:
queda de 0,06% e peso de 4,17%
Habitação,
cuidados pessoais e transportes também impactam inflação
O grupo de
Habitação teve uma alta de 0,67% nos preços em maio, o segundo maior impacto
para a inflação no mês, de acordo com o IBGE.
Esse avanço
foi puxado, principalmente, pelo aumento médio de 0,94% na energia elétrica
residencial pelo país. A taxa de água e esgoto e o gás encanado também subiram,
com altas de 1,62% e 0,30%, respectivamente.
Já o grupo
de Saúde e cuidados pessoais, embora não tenha o maior peso sobre o índice
geral, teve a maior variação percentual no último mês, com alta de 0,69%,
puxada pelo avanço de 0,77% nos preços dos planos de saúde.
Além disso,
os itens de higiene pessoal também ficaram mais caros, com alta de 1,04%,
puxados por perfumes (2,59%) e produtos para pele (2,26%). “Maio é marcado
pelo Dia das Mães, que colaborou para o aumento de preços dos perfumes, artigos
de maquiagem e produtos para pele”, diz André Almeida.
No grupo de
Transportes, que subiu 0,44%, os principais itens também avançaram. O aumento
principal esteve com as passagens aéreas, que subiram 5,91% em maio, na
primeira alta do ano. Os preços dos combustíveis ficaram 0,45% mais caros, com
alta de 0,53% no etanol, 0,51% no óleo diesel e 0,45% na gasolina.
INPC tem
alta de 0,46% em maio
Por fim, o
Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) — que é usado como referência
para reajustes do salário mínimo, pois calcula a inflação para famílias com
renda mais baixa — teve alta de 0,46% em abril. Em abril, a alta foi de 0,37%.
Assim, o
INPC acumula alta de 2,42% no ano e de 3,34% nos últimos 12 meses. Em maio de
2023, a taxa foi de 0,36%.