Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial
Lula volta a defender exploração de petróleo na Margem Equatorial
Presidente falou em fórum sobre investimentos em transição ecológica.
Publicado por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil - Brasília
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender, nesta quarta-feira (12), a
exploração de petróleo na Margem Equatorial brasileira. “Nós [o Brasil], a hora
que começamos a explorar a chamada Margem Equatorial, eu acho que gente vai dar
um salto de qualidade extraordinária. Queremos fazer tudo legal, respeitando o
meio ambiente, respeitando tudo. Mas nós não vamos jogar fora nenhuma
oportunidade de fazer esse país crescer”, disse.
Lula
participou, nesta quarta-feira (12), da abertura do Fórum de Investimentos
Prioridade 2024, no Rio de Janeiro. Com o tema investir em dignidade, o evento
foi organizado pelo Instituto da Iniciativa de Investimentos Futuros (FII
Institute), da Arábia Saudita.
Considerado
um possível “novo pré-sal”, a Margem Equatorial abrange uma área que vai da
costa marítima do Rio Grande do Norte à do Amapá, se estendendo da foz do Rio
Oiapoque ao litoral norte do Rio Grande do Norte. Ela abrange as bacias
hidrográficas da Foz do Amazonas, Pará-Maranhão, Barreirinhas, Ceará e
Potiguar.
A exploração
da região sofre forte oposição de grupos ambientalistas, midiáticos e
internacionais que questionam a expansão da exploração de hidrocarbonetos,
apontados como os principais responsáveis pelo aquecimento da Terra. Além
disso, ambientalistas veem risco de impactos à biodiversidade, especialmente na
foz do Rio Amazonas, considerada a localidade mais sensível.
“Nós temos
um debate técnico que tem que ser feito. O problema é que no Brasil tudo é
polemizado. Você tem petróleo em um lugar, a Guiana está explorando, Suriname
está explorando, Trinidad e Tobago explora, você vai deixar o seu sem explorar?
Então, o que nós precisamos é garantir que a questão ambiental será levada 100%
a sério. Então, isso nós vamos garantir e, por isso, vamos conversar muito
sobre isso”, afirmou Lula.
Entre os
participantes do fórum desta quarta-feira estão autoridades públicas,
investidores e líderes empresariais, ente eles, a nova presidente da Petrobras,
Magda Chambriard. A empresa possui poços de petróleo na Margem Equatorial e
pretende investir mais. No seu Plano Estratégico 2024-2028, a Petrobras previu
o investimento de US$ 3,1 bilhões para pesquisas na região. A expectativa é
perfurar 16 poços ao longo desses quatro anos.
Em maio do
ano passado, houve grande repercussão sobre essa exploração quando o Instituto
Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) negou o
pedido da Petrobras para realizar atividade de perfuração marítima do bloco
FZA-M-59. Ele está situado na bacia da Foz do Amazonas. A Petrobras apresentou
um novo pedido, ainda sem resposta. O avanço dos trabalhos em outros locais,
por sua vez, conta com o aval do Ibama, que concedeu a licença de operação para
as perfurações de poços na Bacia Potiguar.
Investimentos
No mesmo
discurso na abertura do fórum, entretanto, Lula destacou as potencialidades do
Brasil na bioeconomia e nas energias renováveis. O presidente falou da
importância de se priorizar a dignidade humana na busca da prosperidade
econômica, alinhando ainda ao desenvolvimento sustentável, com investimentos
nas transições ecológica e digital, inclusão social e em tecnologia e inovação.
“De nada
adianta construir ilhas de prosperidade cercadas de miséria. Muito dinheiro na
mão de poucos significa fome, doença, analfabetismo e criminalidade. Mas se
muitos têm pelo menos um pouco, a sociedade muda para melhor. Em um cenário
internacional de tantas incertezas, o Brasil se firma como porto seguro. Somos
um país amante da paz e avesso a rivalidades geopolíticas. Dialogamos e
negociamos com todos os que possam e queiram contribuir para o progresso do
país e do mundo”, afirmou aos investidores.
Ele citou a
tragédia climática e as enchentes que atingiram o Rio Grande do Sul nos meses
de abril e maio e disse que a reconstrução do estado demandará “investimentos
maciços do governo e do setor privado”. “Não há negacionismo capaz de refutar a
tragédia que se abateu sobre nossos irmãos gaúchos. O investimento público é
decisivo para induzir o desenvolvimento. Mas o capital privado pode ser um
aliado dinâmico, se Estado e empresariado convergirem em torno de uma mesma
visão de futuro”, ressaltou.
Lula
agradeceu à Arábia Saudita, país que organizou o fórum de investimentos, e
falou sobre o estreitamento da relação dos sauditas com o Brasil. Durante seu
discurso, o presidente também deu garantias de estabilidade política, jurídica
e econômica no Brasil, listou dados sobre o crescimento da atividade produtiva
e afirmou que está “colocando as contas públicas em ordem para assegurar
equilíbrio fiscal”.
“A escolha do Rio de Janeiro para receber este evento sinaliza a confiança que os mais de mil participantes depositam em nosso país”, disse.
“Vejo no
relacionamento com a Arábia Saudita grande potencial de ganhos recíprocos e
quero que seja exemplo modelar para as relações sul-sul [de países do
hemisfério sul] que almejamos promover. Há claros pontos de convergência entre
nossos projetos de desenvolvimento. O objetivo da Visão 2030 de diversificar a
economia e fazer crescer com inovação, é também o que nos move”, afirmou,
falando ainda das expectativas para a criação de um fundo bilateral para
investimentos.
Edição: Valéria Aguiar