Análise: derrota do Corinthians expõe deficiências e desafios que Ramón Díaz terá pela frente
Análise: derrota do Corinthians expõe deficiências e desafios que Ramón Díaz terá pela frente
Vitória do Vasco - e fim de um tabu que durava 14 anos - é amostra do que novo técnico precisará mudar, corrigir e buscar de soluções a partir desta quinta, quando inicia trabalho no Timão.
Por Emilio Botta — São Paulo
O
Corinthians não era derrotado pelo Vasco havia 14 anos. Fosse dentro ou fora de
casa, em jogo válido por qualquer competição, o tabu perdurava mais de uma
década independentemente da fase vivida por cada clube nesse período.
A derrota
sofrida na noite de quarta-feira, por 2 a 0, em São Januário, representa o
momento de transformação que o Corinthians atravessa em 2024.
Claro que
perder faz parte de quem compete, mas as seguidas frustrações demonstram a
fragilidade de um time que venceu apenas dois jogos em 16 disputados e vê a
zona de rebaixamento não como uma casualidade, mas uma realidade. Resta saber
se definitiva ou passageira até a 38ª rodada do Campeonato Brasileiro.
A esperança
de dias melhores tem nome e sobrenome: Ramón Díaz. Anunciado como novo técnico
até o fim de 2025, o argentino chega e tem como principal missão reconstruir um
time que foi sendo destruído ao longo do ano.
Entre
chegadas e partidas – de vários líderes e nomes experientes, a expectativa é de
que novos jogadores possam mudar a perspectiva. Casos de Hugo Souza, André
Ramalho, Alex Santana, Charles…
O
Corinthians tem 12 pontos em 16 rodadas. O aproveitamento só não preocupa mais
que o rendimento. A partir desta quinta-feira, Ramón Díaz inicia o trabalho que
talvez exija um dos seus maiores esforços em 64 anos de vida. Será preciso
despertar um time que parece adormecido nos sete meses deste ano.
Agradou
ao novo chefe?
Com Ramón
Díaz nas tribunas e no último ato do interino Raphael Laruccia, o Corinthians
teve bom comportamento nos primeiros 45 minutos de jogo contra o Vasco, ainda
mais no comparativo com o que pôde ser visto na derrota para o Cruzeiro no fim
de semana.
Com Matheus
Bidu na lateral esquerda e Igor Coronado na função criativa na ausência de
Rodrigo Garro, o Corinthians ficou menos tempo com a bola nos pés, mas não
sofreu grande pressão atuando como visitante em São Januário.
Das cinco
finalizações no primeiro tempo, duas delas quase tiraram o grito de gol
corintiano no Rio de Janeiro. Matheus Bidu teve boa chance em chute cruzado na
entrada da área e que passou raspando a trave. Igor Coronado, em bela cobrança
de falta, parou em grande defesa de Léo Jardim.
Apesar de
não ter sofrido pressão do Vasco, defensivamente o Corinthians seguiu
apresentando falhas e pontos a serem corrigidos pelo novo treinador. Félix
Torres e Raniele, em atuações abaixo da média, sofreram em ataques velozes e em
jogadas pelo alto.
Os
desafios evidentes de Ramón
A precisão
que Matheus Bidu não teve no primeiro tempo, Lucas Piton teve ao abrir o placar
para o Vasco aos nove minutos da etapa final. Cria da base do Corinthians, o
lateral-esquerdo bateu cruzado, sem chances de defesa para Matheus Donelli.
Os problemas
defensivos apresentados pela defesa do Corinthians em jogadas esporádicas
vascaínas na primeira etapa ficaram ainda mais evidentes no gol marcado pelo
Vasco. Romero, Matheuzinho e nenhum dos volantes pareciam ter uma definição de
quem deveria marcar Lucas Piton.
Outro ponto
a ser trabalhado por Ramón Díaz é o apagão criativo que o Corinthians sofre na
maioria do tempo, principalmente nos jogos fora de casa. E isso passa por um
meio de campo de menor força física e intensidade. Os reforços a caminho darão
oportunidade ao novo técnico de mudar a configuração dos jogadores desse setor.
Ramón Díaz
também terá o desafio de conseguir mudar o cenário dos jogos do Corinthians com
o material humano disponível no atual elenco. Contra o Vasco, Pedro Raul, Ryan,
Matheus Araújo e Pedro Henrique entraram e pouco conseguiram mudar o panorama
do jogo.
Uma das
mudanças feitas pelo Vasco no segundo tempo resultou em gol e na confirmação da
vitória. Sforza precisou de pouco mais de 15 minutos em campo para marcar um
golaço de falta e encerrar um jejum de 14 anos do time carioca sem vitórias nas
partidas contra o Corinthians.