Além de vice, Trump vê em J.D. Vance seu herdeiro político
Além de vice, Trump vê em J.D. Vance seu herdeiro político
Com pouca experiência em Washington, senador de Ohio abraçou fortemente o populismo que norteia a ideologia trumpista e tornou-se um comunicador poderoso, à imagem e semelhança do candidato republicano.
Por Sandra Cohen
Como um
jovem senador de Ohio, com apenas um ano e meio de experiência política, caiu
nas graças de Donald Trump e tornou-se seu candidato a vice-presidente na chapa
republicana? Aos 39 anos, J.D. Vance abraçou fortemente o populismo e é visto
como o futuro do movimento Faça a América Grande Novamente (Maga, na sigla em
inglês), que norteia a ideologia trumpista.
De crítico
feroz do ex-presidente a um de seus soldados mais leais, Vance é um claro sinal
de que Trump escolheu também o seu herdeiro político, como personagem
midiático, orador habilidoso, autor de best-seller, enfim, um comunicador
poderoso à sua imagem e semelhança.
Não por
acaso, o senador foi um dos primeiros a se manifestar no sábado,
responsabilizando diretamente a retórica do presidente Joe Biden pela tentativa
de assassinato do ex-presidente. Mais uma vez agradou ao líder republicano.
Ao
escolhê-lo, Trump ressaltou o seu histórico pessoal para ajudá-lo a atrair
eleitores no Meio-Oeste industrial, em estados cruciais para garantir o retorno
à Casa Branca. O ex-presidente indicou também nessa escolha que não está
preocupado em equilibrar a chapa, como fez em 2016, ao indicar Mike Pence para
seu vice, com quem acabou rompendo.
Vance
tornou-se um Maga de carteirinha. “A escolha é uma declaração de que, se
Trump vencer, o Partido Republicano permanecerá fervorosamente nacionalista e
populista por muitos anos”, avaliou o escritor e jornalista Jim Geraghty,
em artigo no “Washington Post”.
Seu perfil
seduz os mais fervorosos expoentes do Maga. “Tenho certeza de que ele
concorrerá um dia à Presidência”, opinou recentemente Steve Bannon,
ex-estrategista de Trump e um dos mentores do movimento, que atualmente cumpre
quatro meses de prisão. “Ele é de longe o mais inteligente e profundo
senador que já conheci”, avaliou o comentarista político conservador
Tucker Carlson.
Em seu curto
mandato no Senado, liderado pelos democratas, Vance apresentou 57 projetos de
lei e resoluções, mas nenhum resultou em lei. Ele se mostra firmemente alinhado
com o ex-presidente: protecionista, defende a tarifação de importações e
reverbera suas radicais posições sobre a imigração, clima e aborto.
É tachado de
isolacionista na política externa, por opor-se à ajuda dos EUA à Ucrânia e à
intervenção em outros conflitos como o do Oriente Médio. “Eu acho absurdo
dedicar tantos recursos, tanta atenção e tanto tempo a um conflito de fronteira
a 9 mil quilômetros de distância quando nossa fronteira sul está
escancarada”, declarou recentemente, numa conferência conservadora. Este
discurso é música para os ouvidos da base partidária de Trump.
Ele não
estava no Capitólio, invadido em 6 de janeiro de 2021 pela turba de
simpatizantes de Trump, mobilizada para impedir a certificação de Joe Biden.
Mas, se fosse seu vice-presidente, agiria diferentemente de Mike Pence, que se
recusou a seguir o comando do então presidente. J.D. Vance já disse a que veio
antes mesmo de compor a chapa republicana.