Aeroporto de Porto Alegre será parcialmente aberto em outubro e 100% até dezembro, diz ministro
Aeroporto de Porto Alegre será parcialmente aberto em outubro e 100% até dezembro, diz ministro
Segundo Silvio Costa Filho (Portos e Aeroportos), serão 50 voos diários a partir de outubro no Aeroporto Salgado Filho. Terminal paralisou operações em maio após fortes chuvas.
Por Lais Carregosa, Guilherme Mazui, Pedro Henrique Gomes, g1 — Brasília
O ministro
de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, afirmou nesta terça-feira (16) que
o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, será parcialmente aberto em outubro
e estará em pleno funcionamento até dezembro.
O Salgado
Filho fechou no dia 3 de maio em razão das chuvas e cheias que atingiram o Rio
Grande do Sul há dois meses. Parte da pista ficou alagada por semanas, e o
governo federal, de forma emergencial, autorizou o uso da Base Aérea de Canoas
para voos comerciais.
Segundo
Costa Filho, a partir de outubro, serão 50 voos diários no terminal de Porto
Alegre, com operações de 10h às 22h.
“O que
equivale a 350 voos semanais. Essa será a primeira etapa da reabertura do
aeroporto. E, até dezembro, o aeroporto Salgado Filho estará 100% aberto e
operando como estava sendo operado antes da enchente que infelizmente ocorreu
no estado do Rio Grande do Sul”, afirmou Costa Filho.
De acordo
com o governo, a Fraport, concessionária do aeroporto, dividiu a retomada das
operações em duas etapas:
abertura de
1,7 km da pista em outubro
segunda
parte da pista, cerca de 2 km, em dezembro
Recentemente,
o Salgado Filho voltou a realizar despachos de bagagens. Os passageiros fazem
check-in no terminal e são levados em ônibus até a Base Aérea de Canoas, cidade
vizinha a Porto Alegre (veja mais no vídeo abaixo).
Questionada
sobre se a operação emergencial da Base Aérea será mantida até dezembro, a
presidente da Fraport no Brasil, Andreea Pal, disse que isso depende das
companhias aéreas.
Revisão
de contrato
Em maio,
após as cheias, a Fraport pediu à Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a
renegociação dos termos do seu contrato de concessão por causa dos prejuízos
causados pelas fortes chuvas.
O Salgado
Filho foi concedido por 25 anos a partir de agosto de 2017. O contrato em curso
é válido até 2042.
Como mostrou
o g1, a Anac está analisando o pleito, “já considerando que há razão para
apresentação do pedido”.
Na avaliação
da Anac, o caráter de “força maior” dos prejuízos causados no
aeroporto foi reconhecido. Essa é uma condição para que o governo faça o
ressarcimento de recursos à administradora do aeroporto, que detém a concessão.
Nesta
terça-feira (16), Costa Filho afirmou que a medida é “importante”,
mas precisa ser validada pela Advocacia-Geral da União (AGU) e pelo Tribunal de
Contas da União (TCU). O ministro não esclareceu como a revisão será feita.
“Até
sexta-feira, nós já teremos uma posição da AGU, e já na próxima segunda-feira
nós vamos ao Tribunal de Contas da União para podermos ter a validação de um
possível reequilíbrio para atender à Fraport, tendo em vista a importância do
Aeroporto Salgado Filho”, declarou.
O ministro
disse ainda que a Fraport está solicitando apólices de seguros às suas
seguradoras. A companhia precisa de R$ 700 milhões – parte já segurada, em
discussão com as empresas e discutida junto ao governo no processo de
reequilíbrio econômico-financeiro.
A presidente
da Fraport no Brasil disse que o valor pode ser menor para o governo, a
depender das negociações em curso com as seguradoras.
“Primeiro,
que esse número cada dia vai ser mais baixo porque descobrimos que podem ser
reparadas [as infraestruturas], não precisam ser compradas. E do outro lado a
discussão sobre o seguro, que ainda caminha. Então, agora são especulações. Vai
ser para o governo muito menos que R$ 700 milhões”, declarou Pal.
O que é
reequilíbrio econômico-financeiro?
Alguns
empreendimentos de infraestrutura, como grandes hidrelétricas, rodovias e
aeroportos, são concessões. Ou seja, são bens públicos cujo direito de
exploração é cedido por um determinado período ao setor privado.
Nos
contratos de concessão, há um trecho que permite o reequilíbrio
econômico-financeiro do contrato – um ajuste nas cláusulas para impedir que a
concessionária entre em prejuízo e, eventualmente, deixe de cumprir com suas
obrigações por questões financeiras.
“O próprio
contrato prevê os instrumentos para solucionar situações como essa, situações
extraordinárias. Então, você pode fazer uma revisão de alguns aspectos do
contrato por conta de uma situação excepcional”, afirmou o advogado João Paulo
Pessoa, sócio do escritório Toledo Marchetti.
O
especialista explica que a lógica do chamado “equilíbrio
econômico-financeiro” das concessões é que a empresa e o governo não podem
assumir prejuízos aos quais eles não tenham dado causa.
Ou seja, se
a empresa fez uma má gestão do ativo, o prejuízo deve ser arcado por ela, por
exemplo. Mas, se uma decisão do governo causou perdas para o empreendimento, o
risco não deve ser reconhecido pela empresa.
No caso de
eventos extremos, como as chuvas e enchentes no Rio Grande do Sul, o risco é
atribuído ao governo pelos contratos.
Como pode
ser feito o reequilíbrio?
As revisões
extraordinárias, para que haja reequilíbrio econômico-financeiro da concessão,
podem provocar algumas mudanças nos termos do contrato, como revisão de tarifa
e redução de investimentos obrigatórios.
As
possibilidades podem incluir:
– aumento de
tarifa;
– redução
dos investimentos mínimos e outras obrigações da empresa;
– ampliação
do período de vigência do contrato;
– revisão da
contribuição anual paga pela empresa; ou
– outra
solução em acordo com o governo.