Quatro anos após lançamento, nota de R$ 200 representa apenas 1,9% das cédulas em circulação

Quatro anos após lançamento, nota de R$ 200 representa apenas 1,9% das cédulas em circulação

Segundo informações do Banco Central, 144,24 milhões de cédulas de R$ 200 estão em circulação. Em 2020, durante a fase mais aguda da pandemia da Covid-19, instituição imprimiu 450 milhões de cédulas figurando o lobo-guará.


Por Alexandro Martello, g1 — Brasília

Lançada em setembro de 2020, durante a pior fase da pandemia da Covid-19, a cédula de R$ 200 não emplacou entre a população.

Ela pode ser considerada tão ou mais difícil de encontrar do que o lobo-guará, que a ornamenta, espécie ameaçada de extinção.

💸Para se ter uma ideia, a cédula de R$ 200 é menos popular do que a nota de R$ 1 — que deixou de ser emitida em 2004, ou seja, há 20 anos, sendo apontada como valiosa por colecionadores.

 

Dinheiro em circulação

De acordo com as estatísticas do Banco Central (BC), havia em 1º de agosto deste ano 144,74 milhões de notas de R$ 200 em circulação.

Ao mesmo tempo, havia 148,63 milhões de notas de R$ 1 no país.

O total cédulas em circulação somava 7,67 bilhões de unidades no começo deste mês.

O volume de notas de R$ 200 emitidas representa 32% do total de 450 milhões de unidades da tiragem inicial, em 2020. E somente 1,9% da quantidade de cédulas em circulação.

O Banco Central informou que libera as cédulas de R$ 200 para circulação de acordo com a demanda e que seu “ritmo gradual de utilização evolui em linha com o esperado”.

Em 2024, de acordo com a instituição, foram “emitidas” somente 6,1 milhões de notas. Pelo conceito do BC, uma cédula é emitida “quando uma instituição financeira saca uma cédula no BC, o que ocorre diariamente”.

Segundo a área econômica, a pandemia foi um dos motivos para o aumento da procura por cédulas em 2020, o que levou a instituição a lançar uma nova nota da família do Real.

A pandemia, explicou o Banco Central naquele momento, levou as pessoas a “entesourarem” recursos em casa, ou seja, manter reserva em cédulas — algo que também aconteceu em outros países.

Outro motivo apontado foi a necessidade de fazer frente ao pagamento do auxílio emergencial. Boa parte dos beneficiários preferiu sacar o benefício em espécie nos primeiros lotes. Depois, em um segundo momento, a Caixa facilitou a transferência dos recursos e o pagamento de contas.

Questionado pelo g1, o Banco Central avaliou que seu papel, enquanto autoridade monetária, é estar atento à demanda da população por papel moeda e atendê-la.

“A cédula de R$ 200 foi emitida em 2020 em razão do forte aumento da demanda da população por numerário em espécie, por ocasião da pandemia de Covid-19. Assim, seu lançamento possibilitou o atendimento da necessidade de numerário da população e permitiu o funcionamento adequado da economia e do sistema financeiro nacional”, informou o BC.

 

Valor de produção

💲A nova cédula, apesar da baixa utilização, é a que custa mais caro. Ao preço de R$ 325 por milheiro, o valor desembolsado no ano passado pelo Banco Central foi de cerca de R$ 146 milhões na produção das 450 milhões de unidades.

Depois da cédula de R$ 200, a de mais cara produção é a de R$ 20, com custo estimado, em 2020, de R$ 309 o milheiro. Os valores estão sujeitos à variação do dólar.

Segundo o BC, estão previstos R$ 142 milhões para o “acondicionamento e guarda de numerário” neste ano, envolvendo não apenas as cédulas de R$ 200, mas também as outras notas e moedas.

“Não há validade para cédulas em estoque no BC. São destruídas as cédulas, após terem circulado e retornado ao BC, consideradas inadequadas pelo desgaste de uso”, acrescentou a instituição.

 

Nota de 200

A cédula de R$ 200 foi a sétima da família de notas do real. Na ocasião, foi a primeira cédula de um novo valor da família do real em 18 anos. A última, a de R$ 20, tinha sido lançada em 2002.

Um ano antes, em 2001, surgiu a nota de R$ 2. Nesse intervalo, houve a “aposentadoria” da nota de R$ 1, em 2005.

Na cédula de R$ 200, segundo o BC, optou-se pela manutenção de elementos de segurança já existentes nas cédulas da segunda família do real:

 

– o número que muda de cor, que muda do azul para o verde, com uma faixa brilhante parecendo rolar para cima e para baixo, ao se movimentar a nota;

– a marca-d’água, que apresenta o valor da nota e a imagem do animal;

– o número escondido, que aparece quando a nota é colocada na posição horizontal, na altura dos olhos;

– o alto-relevo, em diversas áreas na frente e no verso da nota.

 

O animal escolhido para a nota, o lobo-guará, foi o terceiro colocado em uma pesquisa feita pelo Banco Central em 2000.

A instituição perguntou à população quais espécimes da fauna gostariam de ver representados no dinheiro brasileiro.

O primeiro lugar foi a tartaruga marinha, usada na cédula de R$ 2. O segundo, o mico leão dourado, incorporado na cédula de R$ 20.

 

PIX em alta

A baixa utilização das cédulas de R$ 200 coincide com uma maior facilidade e redução de custos para os correntistas realizarem transferências eletrônicas.

Instituído em novembro de 2020, o PIX, sistema de pagamentos brasileiro em tempo real, 24 horas por dia e sem custos, completou três anos de funcionamento no fim do ano passado.

Em todo o ano de 2023, as transferências de recursos e os pagamentos feitos por meio do PIX, somaram R$ 17,18 trilhões.

O PIX concentrou 39% das transações financeiras em 2023, uma alta de 75%.

Em 7 de junho, as transações via PIX bateram um novo recorde ao somar 206,8 milhões de operações em um único dia.

O Banco Central prevê lançar uma nova funcionalidade para o PIX em outubro deste ano: o Pix recorrente (uma transferência válida para pagamento entre pessoas físicas, para pagamentos de aluguel e serviços como personal trainer, diarista e terapeuta).

Já o PIX automático, que poderá ser usada em cobranças recorrentes, como contas de água e luz, escolas e faculdades, academias, condomínios, foi postergado para junho de 2025.

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