Edmundo González assumirá como novo presidente da Venezuela em 10 de janeiro, diz líder da oposição

Edmundo González assumirá como novo presidente da Venezuela em 10 de janeiro, diz líder da oposição

Fala de María Corina Machado acontece em tom de pressão ao presidente Nicolás Maduro, declarado vencedor da eleição pela Comissão Eleitoral venezuelana. A oposição contesta o resultado, e Machado destaca os esforços realizados para tornar González presidente.


Por g1

A líder da oposição da Venezuela, María Corina Machado, disse nesta segunda-feira (12) que o candidato Edmundo González assumirá como novo presidente do país em 10 de janeiro.

“González será o novo chefe de Estado e novo comandante das Forças Armadas venezuelanas, e isso dependerá do que todos nós fizermos, os venezuelanos dentro e fora do país. Depende que essa força, organização convicção e compromisso que empregamos nos últimos meses e que teve vitória contundente se mantenha forte e crescendo. E por isso sei que em 10 de janeiro teremos um novo presidente”, disse Corina Machado em entrevista a um canal de televisão.

A fala acontece em tom de pressão ao presidente Nicolás Maduro em meio a um impasse vivido na Venezuela após a eleição de 28 de julho. O dia 10 de janeiro marca a posse do presidente eleito, mas a perspectiva para essa cerimônia está incerta no momento, após ambos os lados reivindicarem a vitória no pleito.

O resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE), alinhado a Maduro, é contestado pela oposição e pela comunidade internacional. Segundo o CNE, Maduro foi reeleito com 52% dos votos, mas as atas eleitorais –documentos que registram os votos e os resultados em cada local de votação do país e que comprovariam o resultado– não foram divulgadas. O órgão alega que o seu sistema foi hackeado.

Em contrapartida, a oposição diz que seu candidato, Edmundo González, venceu as eleições com 67% dos votos e apresenta como prova um site criado pelos próprios opositores com mais de 80% das atas digitalizadas, às quais o grupo teve acesso por meio de representantes que compareceram à grande maioria dos locais de votação. Alguns países como os EUA e a União Europeia anunciaram que consideram González como vencedor da eleição.

Desde a eleição, María Corina Machado diz que Maduro foi derrotado e pede que ele deixe o poder. “Estamos em um momento totalmente distinto. O mundo inteiro sabe que Maduro perdeu, que foi derrotado de maneira avassaladora e que hoje pretende permanecer no poder com a maior fraude da história deste hemisfério. Isso significa que não tem nenhuma legitimidade”, afirmou em entrevista.

Corina Machado também pediu para que a pressão sobre Maduro realizada pela população venezuelana e a comunidade internacional não pare e que force o presidente a parar com a repressão. O presidente colocou as Forças Armadas nas ruas para coibir protestos contra o governo que tomaram o país.

Duas semanas após a eleição, Maduro não parece estar diminuindo o ritmo da repressão. Além de chamar seus opositores de fascistas e golpistas em suas falas públicas, Maduro pediu aos poderes venezuelanos nesta segunda (12) para agir “com mão de ferro”. O presidente já havia dito também que Corina Machado e González “têm que estar atrás das grades” –eles estão escondidos desde o fim do pleito.

Uma reportagem de domingo (11) do jornal americano “The Wall Street Journal” disse que os EUA estariam negociando uma possível anistia a Maduro caso ele deixe a presidência da Venezuela. Nesta segunda-feira (12), a porta-voz da Casa Branca negou que os EUA tenham feito uma oferta de anistia a Maduro desde a eleição venezuelana. (Leia mais abaixo)

Na semana passada, a oposição venezuelana se disse disposta a dar garantias de proteção ao presidente venezuelano caso ele aceite fazer uma transição gradual de poder. Maduro descartou a possibilidade de negociação e pediu que a líder oposicionista María Corina Machado se entregasse à Justiça.

Os Estados Unidos estão tentando negociar a concessão de uma espécie de perdão político ao presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, em troca de que ele aceite deixar o poder, segundo uma reportagem do jornal “The Wall Street Journal” deste domingo (11).

Washington quer oferecer também garantias de que não perseguirá Maduro caso ele aceite reconhecer a vitória que a oposição alega ter tido nas eleições venezuelanas.

No entanto, a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre, disse nesta segunda-feira (12) que os EUA não fizeram uma oferta de anistia para Maduro.

“Desde as eleições, nós não fizemos nenhuma oferta específica de anistia a Maduro ou a outros políticos. Não fizemos esse tipo de oferta a ele”, afirmou Karine Jean-Pierre.

A fala da porta-voz do governo americano, de que não houve oferta, não exclui necessariamente a possível existência de negociações por uma anistia, como noticiado pelo “The Wall Street Journal”. Nas falas dos representantes também há o acréscimo do termo “após as eleições” ao dizer que não houve oferta. Segundo fontes ouvidas pelo jornal americano, os EUA haviam feito uma oferta de anistia a Maduro em negociações secretas realizadas no ano passado em Doha, no Catar.

Os Estados Unidos acusam Maduro de conspirar com aliados para levar cocaína aos EUA e, em 2020, ofereceram uma recompensa de US$ 15 milhões (cerca de R$ 82,5 milhões) por informações que facilitassem a prisão do presidente venezuelano. Caso a negociação para Maduro deixar o poder seja bem-sucedida, Washington cancelaria a recompensa, diz o “The Wall Street Journal”.

 

Duas semanas

As eleições da Venezuela completaram duas semanas neste domingo, e a Justiça eleitoral ainda não apresentou as atas de votação para justificar o resultado.

Além da contagem paralela da oposição, uma contagem independente das atas eleitorais feita pela agência de notícias Associated Press (AP) na semana passada com base nessas atas indicou que González venceu o pleito com uma diferença de 500 mil votos.

Diversos países, incluindo Brasil e Estados Unidos, vêm cobrando de Caracas a divulgação das atas. No sábado (10), a Suprema Corte da Venezuela iniciou uma auditoria das eleições e afirmou que o resultado será “inapelável”.

O Brasil, no entanto, já afirmou que não reconhecerá o resultado declarado pela Justiça venezuelana sem a divulgação das atas. 

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