Governos de Brasil e Colômbia manifestam ‘profunda preocupação’ com ordem de prisão de opositor na Venezuela
Governos de Brasil e Colômbia manifestam 'profunda preocupação' com ordem de prisão de opositor na Venezuela
Ministério Público da Venezuela, ligado ao governo de Nicolás Maduro, pediu a prisão de Edmundo González, e a Justiça deu a ordem.
Por Ricardo Abreu, Pedro Henrique Gomes, TV Globo e g1 — Brasília
Os governos de Brasil e Colômbia expressaram “profunda preocupação” com a recente ordem de prisão da Justiça venezuelana contra o candidato presidencial da oposição, Edmundo González.
“Os
governos de Brasil e Colômbia manifestam profunda preocupação com a ordem de
apreensão emitida pela Justiça venezuelana contra o candidato presidencial
Edmundo González Urrutia, no dia de ontem, 2 de setembro”, dizem os dois
governo na nota.
Em
comunicado conjunto, destacaram que essa medida judicial compromete os
compromissos assumidos pelo governo venezuelano nos Acordos de Barbados, nos
quais governo e oposição reafirmaram o compromisso com o fortalecimento da
democracia e “a promoção de uma cultura de tolerância e convivência”.
“Dificulta,
ademais, a busca por solução pacífica, com base no diálogo entre as principais
forças políticas venezuelanas”, completa a nota.
González, que alega ter vencido as eleições contra o presidente Nicolás Maduro em julho, se manifestou pela primeira vez nesta terça-feira (3) após o Ministério Público da Venezuela pedir um mandado de prisão contra ele. O pedido foi acatado pela Justiça na segunda-feira (2).
As atas
eleitorais — espécie de boletim das urnas — nunca foram apresentadas, o que
levou diversos países e blocos a não reconhecer a vitória e Maduro.
Em
comunicado compartilhado pela plataforma da oposição venezuelana, González condenou
a decisão judicial de sua prisão, afirmando que “o que o país precisa é
ver as atas eleitorais, não de ordens de apreensão”.
Até a última
atualização desta reportagem, González não havia sido detido e seu paradeiro era
desconhecido havia semanas.
O candidato
é investigado por crimes como usurpação de funções da autoridade eleitoral,
falsificação de documentos oficiais, incitação de atividades ilegais, sabotagem
de sistemas e associação criminosa.
O Ministério
Público, aliado do presidente Nicolás Maduro e controlado por chavistas,
justificou o pedido de prisão afirmando que González ignorou três intimações
para prestar depoimento.
Papel de Brasil e Colômbia
Brasil e
Colômbia vêm adotando a estratégia de exigir a apresentação das atas eleitorais
antes de se posicionar sobre reconhecer ou não o resultado.
Os dois
países têm recebido as maiores entradas de imigrantes venezuelanos nos últimos
anos, que saem do país para escapara da forte crise econômica e social.
A diplomacia
brasileira entende que o momento é delicado no cenário político venezuelano e
que a situação pede um cuidado com a paz social. O Brasil entende que os
efeitos de um maior tumulto na sociedade venezuelana pode ter efeitos para a
sociedade brasileira também.
Essa,
segundo representantes das relações exteriores, é também a preocupação da
Colômbia.
Inicialmente,
eram três países da América Latina que conversavam entre si e buscavam
encontrar uma solução para o impasse da Venezuela: Brasil, Colômbia e México.
O México, no
entanto, deixou as conversas, que agora estão concentradas em Brasil e
Colômbia.
Lula já foi
próximo de Maduro. Nos últimos meses, a relação esfriou, justamente em razão
das ressalvas do Brasil ao modo como vinha sendo conduzido o processo eleitoral
no país vizinho.
O presidente
da Colômbia, Gustavo Petro, também é de ideologia de esquerda, como Maduro e
Lula — apesar das nuances que diferenciam os três.
O desafio de
Lula vem sendo manter algum tipo de interlocução para influencia na crise
venezuelana e, por outro lado, não deixar de se posicionar firmemente em favor
da democracia.