Governo descongela R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2024
Governo descongela R$ 1,7 bilhão do Orçamento de 2024
Volume de recursos congelados caiu de R$ 15 bilhões para 13,3 bilhões.
Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil
Beneficiado
pela reoneração gradual da folha de pagamento, o governo descongelou R$ 1,7
bilhão do Orçamento de 2024, anunciaram esta noite os ministérios do
Planejamento e Orçamento e da Fazenda. O volume de recursos congelados caiu de
R$ 15 bilhões para R$ 13,3 bilhões.
Os números
constam da nova edição do Relatório Bimestral de Receitas e Despesas, documento
que orienta a execução do Orçamento enviado nesta sexta-feira (20) ao Congresso
Nacional. Segundo o relatório, o volume de despesas bloqueadas subiu R$ 2,1
bilhões, passando de R$ 11,2 bilhões para R$ 13,2 bilhões, mas o
contingenciamento de R$ 3,8 bilhões anunciado em julho foi revertido, liberando
o total de R$ 1,7 bilhão em gastos.
Tanto o
contingenciamento como o bloqueio representam cortes temporários de gastos. O
novo arcabouço fiscal, no entanto, estabeleceu motivações diferentes. O
bloqueio ocorre quando os gastos do governo crescem mais que o limite de 70% do
crescimento da receita acima da inflação. O contingenciamento ocorre quando há
falta de receitas que comprometem o cumprimento da meta de resultado primário
(resultado das contas do governo sem os juros da dívida pública).
Em relação
ao bloqueio, os principais aumentos de despesas que justificaram a elevação de
R$ 2,1 bilhões foram as altas de R$ 5,3 bilhões nas estimativas de gastos com a
Previdência Social e de R$ 300 milhões nos gastos com o Benefício de Prestação
Continuada (BPC). Essas elevações foram parcialmente compensadas pela previsão
de queda de R$ 1,9 bilhão da Lei Aldir Blanc de fomento à cultura, de R$ 1
bilhão nas estimativas de gastos com pessoal e de R$ 900 milhões em precatórios
de custeio e de investimento.
Déficit primário
A reversão
do contingenciamento, informaram o Planejamento e a Fazenda, decorre do aumento
de R$ 4,4 bilhões da receita líquida (receita que sobra para o governo federal
após os repasses para os governos locais). Essa alta é explicada pelo aumento
de R$ 2 bilhões nas receitas brutas e pela queda de R$ 2,4 bilhões nas
transferências para estados e municípios.
O aumento na
estimativa de arrecadação fez o governo reduzir para R$ 28,3 bilhões a
estimativa de déficit primário em 2024. O valor é R$ 400 milhões inferior ao
limite mínimo da margem de tolerância para o cumprimento da meta.
Para 2024, o
novo arcabouço fiscal estabelece meta de déficit zero, com margem de tolerância
de R$ 28,75 bilhões para mais ou para menos. O déficit primário é o resultado
negativo das contas do governo sem os juros da dívida pública. O atual marco
fiscal exclui da meta os R$ 29 bilhões em créditos extraordinários para
reconstruir o Rio Grande do Sul nem os R$ 514 milhões para o combate a
incêndios florestais anunciados nesta semana.
Reoneração gradual da folha
Ao
desmembrar as receitas conforme a fonte, o principal fator de aumento decorreu
da incorporação às estimativas das medidas de compensação da desoneração da
folha de pagamento, aprovada pelo Congresso na semana passada e sancionada na
última segunda-feira (16). Essa lei reforçará os cofres federais em R$ 18,3
bilhões até o fim do ano.
Para bancar
a reoneração gradual da folha de pagamento para 17 setores da economia e
pequenos municípios até 2027 em vez de reonerar tudo de uma vez, a lei prevê
medidas de arrecadação de outras fontes de receita. Dos R$ 18,3 bilhões, a
maior parte, R$ 8 bilhões, virá da transferência ao Tesouro Nacional de
depósitos judiciais em processos encerrados. Outros R$ 6,3 bilhões virão de
depósitos judiciais e extrajudiciais empoçados na Caixa Econômica Federal; e R$
4 bilhões, da versão do Desenrola para agências reguladoras.
Receitas não administradas
Existem
outros recursos não administrados pela Receita Federal que ajudarão a reforçar
o caixa do governo. Há R$ 10,1 bilhões adicionais de dividendos de estatais que
pagaram ao Tesouro Nacional mais que o inicialmente projetado e R$ 4,9 bilhões
de royalties do petróleo, que vieram do aumento do dólar e da revisão das
estimativas de preço do barril. Em contrapartida, o relatório reduziu em R$ 3,5
bilhões a projeção de receitas com a concessão de ferrovias.
Ao somar os
R$ 18,3 bilhões da reoneração gradual da folha e essas receitas, o total de
receitas não administradas pela Receita Federal foi revisado para cima em R$
30,1 bilhões.
Carf
Esse
montante ajudou a compensar a queda de R$ 25,8 bilhões em recursos
administrados diretamente pelo Fisco por causa de adiamentos da publicação de
acordos no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), órgão
administrativo da Receita Federal que julga dívidas de grandes contribuintes.
Originalmente,
a equipe econômica previa arrecadar R$ 55,6 bilhões em 2024 com a reintrodução
do voto de desempate do governo no Carf. No entanto, o atraso nas publicações
das sentenças e dos acordos, por causa de embargos de declarações, em que as
partes pedem que dúvidas sejam esclarecidas, adiou a entrada de dinheiro.
Agora, o governo prevê apenas R$ 847 milhões de setembro a dezembro.
O relatório
também diminuiu em R$ 2,3 bilhões a arrecadação líquida para a Previdência
Social.