Mercado financeiro eleva previsão da inflação de 4,39% para 4,5%
Mercado financeiro eleva previsão da inflação de 4,39% para 4,5%
Projeção de expansão da economia está em 3,05% este ano, diz BC.
Andréia Verdélio - Repórter da Agência Brasil
A previsão
do mercado financeiro para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA) – considerado a inflação oficial do país – passou de 4,39% para 4,5%
este ano. A estimativa está no Boletim Focus desta segunda-feira (21), pesquisa
divulgada semanalmente, em Brasília, pelo Banco Central (BC) com a expectativa
de instituições financeiras para os principais indicadores econômicos.
Para 2025, a
projeção da inflação também subiu de 3,96% para 3,99%. Para 2026 e 2027, as
previsões são de 3,6% e 3,5%, respectivamente.
A estimativa
para 2024 está no teto da meta de inflação que deve ser perseguida pelo BC.
Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta é de 3% para este ano,
com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou
seja, o limite inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
A partir de
2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua e, assim, o CMN não precisará
mais definir uma meta de inflação a cada ano. O colegiado fixou o centro da
meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima
ou para baixo.
Em setembro,
puxado principalmente pela conta de energia elétrica das residências, a
inflação no país foi de 0,44% após o IPCA ter registrado deflação de 0,02% em
agosto. De acordo com o IBGE, em 12 meses o IPCA acumula 4,42%.
Juros básicos
Para
alcançar a meta de inflação, o Banco Central usa como principal instrumento a
taxa básica de juros, a Selic, definida em 10,75% ao ano pelo Comitê de
Política Monetária (Copom). A alta recente do dólar e as incertezas em torno da
inflação fizeram o colegiado elevar os juros pela primeira vez em mais de dois
anos.
A última
alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para
13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5
ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano.
Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.
A próxima
reunião do Copom está marcada para 5 e 6 de novembro, quando os analistas
esperam um novo aumento da taxa básica. Para o mercado financeiro, a Selic deve
encerrar 2024 em 11,75% ao ano.
Para o fim
de 2025, a estimativa é que a taxa básica caia para 11,25% ao ano. Para 2026 e
2027, a previsão é que ela seja reduzida, novamente, para 9,5% ao ano e 9% ao
ano, respectivamente.
Quando o
Copom aumenta a taxa básica de juros a finalidade é conter a demanda aquecida,
e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores
na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas
também podem dificultar a expansão da economia.
Quando a
taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com
incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e
estimulando a atividade econômica.
PIB e câmbio
A projeção
das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste
ano subiu de 3,01% para 3,05%. No segundo trimestre do ano, o Produto Interno
Bruto (PIB – a soma dos bens e serviços produzidos no país) surpreendeu e subiu
1,4% em comparação com o primeiro trimestre. De acordo com o Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na comparação com o segundo
trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%.
Para 2025, a
expectativa para o Produto Interno Bruto (PIB) – a soma de todos os bens e
serviços produzidos no país – é de crescimento de 1,93%. Para 2026 e 2027, o
mercado financeiro estima expansão do PIB também em 2%, para os dois anos.
Em 2023,
também superando as projeções, a economia brasileira cresceu 2,9%, com um valor
total de R$ 10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento
havia sido de 3%.
A previsão
de cotação do dólar está em R$ 5,42 para o fim deste ano. No fim de 2025,
estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,40.