‘Boletim Focus’: mercado financeiro passa a estimar IPCA acima de 4,5% neste ano, com estouro da meta de inflação
'Boletim Focus': mercado financeiro passa a estimar IPCA acima de 4,5% neste ano, com estouro da meta de inflação
Números foram divulgados pelo BC; é a primeira vez que a estimativa supera a meta de inflação para 2024. Se previsão for cumprida, BC tem de explicar motivos à Fazenda.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília
Os
economistas do mercado financeiro elevaram a estimativa para o Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para um valor acima de 4,5%, que é o teto
do sistema de metas de inflação em 2024.
Para este
ano, a expectativa de inflação do mercado financeiro avançou pela quarta semana
seguida, passando de 4,50% para 4,55%.
Essa é a
primeira vez que o mercado financeiro estima que o IPCA fique acima do teto da
meta em 2024. Se confirmado, será o primeiro estouro da meta desde 2022, quando
a inflação somou 5,79%.
As
expectativas, fruto de pesquisa com mais de 100 instituições financeiras na
última semana, constam do relatório “Focus” divulgado nesta
segunda-feira (28) pelo Banco Central (BC).
A meta
central de inflação é de 3% neste ano – e será considerada formalmente cumprida
se o índice oscilar entre 1,5% e 4,5% neste ano.
Caso a meta
de inflação não seja atingida, o BC terá de escrever e enviar uma carta pública
ao ministro da Fazenda explicando os motivos.
A projeção
do mercado de que a inflação ficará acima do teto da meta neste ano acontece
após a divulgação do IPCA de setembro, que veio pressionado por questões
climáticas, como a seca, que impactou a energia elétrica e os alimentos.
Para 2025, a
estimativa de inflação subiu de 3,99% para 4% na última semana.
E, para
2026, a expectativa permaneceu em 3,60%.
A partir de
2025, a meta de inflação é de 3% e será considerada cumprida se oscilar entre
1,5% e 4,5%.
Pelo sistema
de metas, o BC tem de calibrar os juros para tentar manter a inflação dentro do
intervalo existente.
Para isso, a
instituição olha para frente, pois a Selic demora de seis a 18 meses para ter
impacto pleno na economia.
Neste
momento, por exemplo, o BC já está mirando na expectativa de inflação calculada
em 12 meses até meados de 2026.
Quanto maior
a inflação, menor é o poder de compra das pessoas, principalmente das que
recebem salários menores. Isso porque os preços dos produtos aumentam, sem que
o salário acompanhe esse crescimento.
Produto
Interno Bruto
Para o
crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2024, a projeção do mercado subiu
de 3,05% para 3,08%.
O PIB é a
soma de todos os bens e serviços produzidos no país. O indicador serve para
medir a evolução da economia.
Já para
2025, a previsão de alta do PIB do mercado financeiro permaneceu em 1,93%.
Taxa de
juros
Os
economistas do mercado financeiro continuaram prevendo aumento da taxa básica
de juros da economia brasileira até o fim do ano.
Atualmente,
a taxa Selic está em 10,75% ao ano, após um aumento em meados de setembro.
Para o
fechamento de 2024, a projeção do mercado para o juro básico da economia
continuou em 11,75% ao ano, o que pressupõe novas elevações até o fim do ano.
Para o fim
de 2025, o mercado financeiro manteve a estimativa em 11,25% ao ano.
Isso quer
dizer que os economistas continuam estimando corte dos juros ano que vem.
Outras
estimativas
Veja
abaixo outras estimativas do mercado financeiro, segundo o BC:
Dólar: a
projeção para a taxa de câmbio para o fim de 2024 subiu de R$ 5,42 para R$
5,45. Para o fim de 2025, a estimativa permaneceu em R$ 5,40.
Balança
comercial: para o saldo da balança comercial (resultado do total de exportações
menos as importações), a projeção permaneceu em US$ 78 bilhões de superávit em
2024. Para 2025, a expectativa para o saldo positivo avançou de US$ 76,1
bilhões para US$ 76,8 bilhões.
Investimento
estrangeiro: a previsão do relatório para a entrada de investimentos
estrangeiros diretos no Brasil neste ano ficou estável em US$ 72 bilhões. Para
2025, a estimativa de ingresso permaneceu em US$ 74 bilhões.