Em semana de Copom, mercado eleva previsões para taxa de juros
Em semana de Copom, mercado eleva previsões para taxa de juros
Estimativa de inflação está em 4,59% e estoura meta definida pelo CMN.
Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil
Instituições
financeiras consultadas pelo Banco Central (BC) esperam pelo aumento da taxa
básica de juros, a Selic, para 11,25% ao ano, na reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) nesta terça-feira (5) e quarta-feira (6).
A previsão
está no Boletim Focus desta segunda-feira (4), pesquisa divulgada semanalmente
pelo BC com a expectativa para os principais indicadores econômicos. Os
analistas de mercado também elevaram a estimativa para a taxa básica para os
próximos anos.
Na reunião
de setembro, o Copom elevou a Selic pela primeira vez em mais de dois anos,
para 10,75% ao ano, diante da alta recente do dólar e das incertezas em torno
da inflação.
A última
alta dos juros ocorreu em agosto de 2022, quando a taxa subiu de 13,25% para
13,75% ao ano. Após passar um ano nesse nível, a taxa teve seis cortes de 0,5
ponto e um corte de 0,25 ponto, entre agosto do ano passado e maio deste ano.
Nas reuniões de junho e julho, o Copom decidiu manter a taxa em 10,5% ao ano.
Para o
mercado financeiro, a Selic deve encerrar 2024 em 11,75% ao ano. Depois do
encontro desta semana, o Copom vai se reunir mais uma vez este ano, em 10 e 11
de dezembro.
Para o fim
de 2025, a estimativa para a taxa básica subiu de 11,25% ao ano para 11,5% ao
ano. Para 2026 e 2027, o mercado prevê que a taxa seja reduzida, mas elevou o
seu nível em 0,25 ponto percentual para os dois anos, para 9,75% ao ano e 9,25%
ao ano, respectivamente.
Inflação
A Selic é o
principal instrumento do BC para alcançar a meta de inflação.
Quando o
Copom aumenta a taxa básica de juros, a finalidade é conter a demanda aquecida,
e isso causa reflexos nos preços porque os juros mais altos encarecem o crédito
e estimulam a poupança. Mas, além da Selic, os bancos consideram outros fatores
na hora de definir os juros cobrados dos consumidores, como risco de
inadimplência, lucro e despesas administrativas. Desse modo, taxas mais altas
também podem dificultar a expansão da economia.
Quando a
taxa Selic é reduzida, a tendência é que o crédito fique mais barato, com
incentivo à produção e ao consumo, reduzindo o controle sobre a inflação e estimulando
a atividade econômica.
Pela quinta
semana consecutiva, a previsão do mercado financeiro para o Índice Nacional de
Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país,
subiu, passando de 4,55% para 4,59% este ano. Se confirmado, o IPCA estoura o
teto da meta de inflação definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN).
Para 2025, a
projeção da inflação também subiu de 4% para 4,03%. Para 2026 e 2027, as
previsões são de 3,61% e 3,5%, respectivamente.
A estimativa
para este ano está acima do teto da meta de inflação que deve ser perseguida
pelo BC. Definida pelo CMN, a meta é de 3% para este ano, com intervalo de
tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Ou seja, o limite
inferior é 1,5% e o superior 4,5%.
A partir de
2025, entrará em vigor o sistema de meta contínua e, assim, o CMN não precisará
mais definir uma meta de inflação a cada ano. O colegiado fixou o centro da
meta contínua em 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima
ou para baixo.
Em setembro,
puxado principalmente pela conta de energia elétrica das residências, a
inflação no país foi de 0,44% após o IPCA ter registrado deflação de 0,02% em
agosto. De acordo com o IBGE, em 12 meses o IPCA acumula 4,42%.
PIB e câmbio
A projeção
das instituições financeiras para o crescimento da economia brasileira neste
ano também subiu de 3,08% para 3,1%. No segundo trimestre do ano, o Produto
Interno Bruto (PIB, a soma dos bens e serviços produzidos no país) surpreendeu
e subiu 1,4% em comparação com o primeiro trimestre. De acordo com o IBGE, na
comparação com o segundo trimestre de 2023, a alta foi de 3,3%.
Para 2025, a
expectativa para o PIB é de crescimento de 1,93%. Para 2026 e 2027, o mercado
financeiro estima expansão do PIB também em 2%, para os dois anos.
Em 2023,
também superando as projeções, a economia brasileira cresceu 2,9%, atingindo R$
10,9 trilhões, de acordo com o IBGE. Em 2022, a taxa de crescimento havia sido
de 3%.
A previsão
de cotação do dólar está em R$ 5,50 para o fim deste ano. No fim de 2025,
estima-se que a moeda norte-americana fique em R$ 5,43.