Haddad critica imprensa por cobertura sobre desoneração fiscal
Haddad critica imprensa por cobertura sobre desoneração fiscal
'Tem que parar de defender interesses particulares', disse o ministro.
Pedro Rafael Vilela - Repórter da Agência Brasil
O ministro
da Fazenda, Fernando Haddad, criticou nessa quarta-feira (13) a postura da
imprensa na cobertura jornalística sobre a tentativa do governo de pôr fim à
desoneração fiscal de 17 setores da economia, incluindo, entre esses setores,
as próprias empresas de comunicação.
A declaração
foi dada na entrada do Ministério da Fazenda, quando Haddad retornava de
reuniões com o presidente da Câmara, Arthur Lira, e com os comandantes das
Forças Armadas, para tratar sobre o novo pacote fiscal para conter despesas
obrigatórias.
“É
importante que a própria imprensa faça uma reavaliação do comportamento que ela
teve no ano passado, quando a Fazenda, com razão, anunciou os números da
desoneração da folha e os números do Perse. Nós fomos muito criticados, porque
supostamente estávamos exagerando nos números e hoje o que se comprova é de que
nós estávamos certos e vocês da imprensa, estavam equivocados. É importante
vocês fazerem essa reflexão porque o esforço fiscal tem que ser de todos,
inclusive de vocês. Vocês têm que parar de defender interesses particulares e
passar a defender interesses gerais de toda a sociedade.”
Haddad fez
referência a uma Medida Provisória (MP) editada no ano passado, com o objetivo
de reverter, de forma gradual, o desconto integral de tributos previdenciários
concedido a empresas. O texto acabou sofrendo revés no Congresso Nacional e,
para conseguir estabelecer a cobrança, o governo teve que recorrer ao Supremo
Tribunal Federal (STF). Somente após uma decisão favorável do STF, seguida da
promoção de um acordo entre governo e Congresso, é que o fim da desoneração foi
confirmado para entrar em vigor a partir do ano que vem.
“E hoje
nós demos a público pela primeira vez na história os incentivos fiscais dados a
cada empresa individualmente e aos setores, de uma forma agregada. Então, vocês
vão ver que aquela medida do ano passado, que foi muito questionada, sobre
desoneração da folha e sobre a questão do Perse [Programa Emergencial de
Retomada do Setor de Eventos], como a Receita Federal tinha razão”, disse
também o ministro.
Ele fez
menção a apresentação de um documento que a Receita Federal divulgou, mais
cedo, com dados que revelam que 54,9 mil contribuintes que utilizam créditos
tributários decorrentes de benefícios fiscais declararam ter o valor de R$ 97,7
bilhões, entre janeiro e agosto deste ano.
Pacote
fiscal
O pacote
para conter despesas obrigatórias, que ainda não foi detalhado, será composto
por uma proposta de emenda à Constituição (PEC) e um projeto de lei
complementar (PLP), que precisam ser aprovadas pelo Congresso Nacional. Ainda
não há data oficial para a apresentação das propostas, que depende do aval do
presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Não sei se há tempo hábil [para
apresentar essa semana]. Assim que ele [Lula] der a autorização, nós estamos
prontos para dar publicidade aos detalhes do que já está sendo dito aqui”.
De acordo
com Haddad, o conceito do pacote fiscal é de uniformizar todas as despesas da
União às regras do arcabouço fiscal, aprovadas no ano passado. Sobre o encontro
com Lira, o ministro afirmou que o presidente da Câmara conhece a dinâmica das
despesas públicas, foi o principal fiador do arcabouço no Parlamento e apoiará
a tramitação das novas medidas de contenção do orçamento público. Já sobre a
reunião com o Ministério da Defesa e comandantes das Forças Armadas, a ideia da
Fazenda, segundo o ministro, é incluir despesas dessas áreas no novo pacote.