Fazenda aumenta para 3,3% estimativa para o PIB este ano
Fazenda aumenta para 3,3% estimativa para o PIB este ano
Previsão oficial de inflação passou para 4,4%, ainda na meta.
Por Agência Brasil
A Secretaria
de Política Econômica (SPE) do Ministério da Fazenda aumentou de 3,2% para 3,3%
a estimativa de crescimento da economia brasileira neste ano, de acordo com o
Boletim Macrofiscal, divulgado nesta segunda-feira (18) pela pasta. Em relação à
inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo
(IPCA), a previsão avançou de 4,25% para 4,40%.
Em relação
ao desempenho da economia, houve ligeiro aumento na expectativa de expansão do
Produto Interno Bruto (PIB, soma das riquezas produzidas no país) no terceiro
trimestre, que levou à revisão na estimativa de crescimento para o ano. Para o
terceiro trimestre, a projeção de crescimento subiu de 0,6% para 0,7%, “ainda
implicando em desaceleração moderada do ritmo de atividade na margem”.
“A mudança
na projeção reflete pequenas revisões nas estimativas de crescimento para o
setor agropecuário e de serviços. Na margem, a perspectiva é de desaceleração
no ritmo de crescimento, principalmente em função da forte expansão observada no
segundo trimestre”, explicou a SPE.
No segundo
trimestre, o resultado do PIB, divulgado pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE) ficou acima do esperado, com alta de 1,4%, levando a uma
revisão maior para a expansão da economia no último boletim, de setembro, com
carregamento estatístico (impacto positivo do resultado de um trimestre para os
seguintes) de 2,5% na atual projeção.
Para 2025, a
estimativa de crescimento ficou em 2,5%. A SPE atribui o menor crescimento no
próximo ano à perspectiva de um novo ciclo de aumentos na taxa Selic, os juros
básicos da economia, definida pelo Comitê de Política Monetária (Copom) do
Banco Central.
Por sua vez,
as expectativas para a safra de grãos e para a produção extrativa em 2025
melhoraram significativamente, “compensando o efeito negativo da política
monetária mais contracionista sobre a atividade”.
Setores
Para os
próximos dois trimestres, a SPE projeta aumento da atividade em ritmo inferior
ao observado nos dois primeiros trimestres. A previsão de crescimento dos
setores produtivos quase não se alterou nesta edição do Boletim Macrofiscal.
Para a
agropecuária, a variação esperada para o PIB continua negativa, mas a
expectativa de retração, que era de 1,9%, melhorou para 1,7%. Segundo o
documento, o novo número já incorpora revisões para cima nas expectativas para
a colheita de algodão e para os produtos da pecuária no ano, que mais que
compensaram os efeitos negativos resultantes da revisão para baixo na produção
esperada de laranja, trigo, café e cana-de-açúcar.
Para a
indústria, a expectativa de crescimento se manteve em 3,5%, guiada pelo “bom
desempenho” projetado para as indústrias da transformação e construção, em
contrapartida à desaceleração projetada para a indústria extrativa e para a
produção e distribuição de eletricidade e gás.
“O bom
desempenho projetado para a indústria de transformação reflete a expansão nas
concessões de crédito às empresas e as menores taxas de juros comparativamente
a 2023, além das políticas de estímulo ao investimento como o novo PAC
[Programa de Aceleração do Crescimento] e a depreciação acelerada. Para o
crescimento da construção, se destaca a expansão do programa Minha Casa, Minha
Vida, além do aumento da massa de rendimentos real e do crescimento das vagas
de trabalho formais”, explicou a SPE.
A projeção
para a expansão dos serviços subiu ligeiramente, passando de 3,3% para 3,4%. De
acordo com a secretaria, após a divulgação do PIB do segundo trimestre, o
carregamento estatístico para o crescimento do setor de serviços avançou para
3%.
“A expectativa
é que esse setor continue em expansão até o final do ano, guiado pelo mercado
de trabalho aquecido e pelas melhores condições de crédito para as famílias
comparativamente ao ano anterior. No entanto, deve haver desaceleração do ritmo
de crescimento dos serviços na margem nos próximos dois semestres, refletindo
tanto a forte base de comparação como a redução de estímulos vindos do aumento
real do salário mínimo e do pagamento de precatórios”, diz o boletim.
Inflação
A previsão
da SPE para o IPCA passou de 4,25% para 4,4%, ficando próxima do teto da meta
de inflação para o ano. Definida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), a meta
é de 3%, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para
baixo, ou seja, o limite inferior é 1,5% e o superior é 4,5%.
Segundo a SPE, contribuíram para o aumento das estimativas a aceleração dos preços de itens mais voláteis, mais afetados pelo câmbio e pelo clima, como alimentos. Porém, até o final do ano, deverá haver desaceleração nos preços monitorados, repercutindo, principalmente, mudanças esperadas nas bandeiras tarifárias de energia elétrica. Após dois meses no nível vermelho, a bandeira tarifária para novembro será amarela.
“A partir de
novembro, a inflação acumulada em 12 meses deve voltar a cair. Esse cenário
considera bandeira verde para as tarifas de energia elétrica em dezembro e pode
ser afetado pela ocorrência de novos eventos climáticos”, explica o boletim.
Em relação
aos demais índices de inflação, a SPE também revisou as estimativas. O Índice
Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), utilizado para estabelecer o valor do
salário mínimo e corrigir aposentadorias, deverá encerrar este ano com variação
de 4,4%, um pouco mais alto que os 4,1% divulgados no boletim anterior, em
setembro.
Já a
projeção para o Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), que
inclui o setor atacadista, o custo da construção civil e o consumidor final,
acelerou de 3,8% para 6,4% este ano. Por refletir os preços no atacado, o
IGP-DI é mais suscetível às variações do dólar.
Segundo a
SPE, o processo de desinflação deverá continuar nos próximos anos, com
desaceleração dos preços livres e monitorados. Para 2025, a estimativa de
inflação pelo IPCA avançou de 3,3% para 3,6%, “a fim de incorporar maiores
efeitos inerciais, o aumento esperado para a inflação de proteínas animais,
reverberando as perspectivas para o ciclo de abate de bovinos, e os impactos da
depreciação cambial mais recente”.
As projeções
para o INPC e IGP-Di para 2025 estão em 3,4% e 4%, respectivamente.
Os números
do Boletim Macrofiscal são usados no Relatório de Avaliação de Receitas e
Despesas, que será divulgado no próximo dia 22. Publicado a cada dois meses, o
relatório traz previsões para a execução do Orçamento com base no desempenho
das receitas e da previsão de gastos do governo, com o PIB e a inflação
entrando em alguns cálculos. Com base no cumprimento da meta de déficit
primário e do limite de gastos do novo arcabouço fiscal, o governo bloqueia ou
libera alguns gastos não obrigatórios.