Lula: taxação de super-ricos requer reforma de instituições globais
Lula: taxação de super-ricos requer reforma de instituições globais
Presidente abriu a segunda sessão da Cúpula de Líderes do G20, no Rio.
Wellton Máximo - Repórter da Agência Brasil
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta segunda-feira (18) que a tributação dos
super-ricos, principal proposta da presidência brasileira no G20, também
depende da reformulação das instituições globais.
“É
urgente rever regras e políticas financeiras que afetam desproporcionalmente os
países em desenvolvimento. O serviço da dívida externa de países africanos é
maior que os recursos de que eles dispõem para financiar sua infraestrutura,
saúde e educação”, declarou ao abrir a segunda sessão da Cúpula de Líderes do
G20, que discute a reforma da governança global.
Lula citou
estimativas do Ministério da Fazenda, segundo as quais uma taxação de 2% sobre
o patrimônio de indivíduos super-ricos poderia gerar US$ 250 bilhões por ano
para serem investidos no combate à desigualdade e ao financiamento da transição
ecológica.
O presidente
brasileiro lembrou que a história do G20 está ligada às crises econômicas
globais das últimas décadas. Lula criticou a gestão da crise de 2008, que, nas
palavras dele, ajudou o setor privado e foi insuficiente para corrigir os
excessos de desregulação dos mercados e a apologia ao Estado mínimo. Para o
presidente, a não resolução das desigualdades globais contribui para o
fortalecimento do ódio político no planeta.
“Em um
momento, escolheu-se ajudar bancos em vez de ajudar pessoas. Optou-se por
socorrer o setor privado em vez de fortalecer o Estado. Decidiu-se priorizar
economias centrais em vez de ajudar países em desenvolvimento. O mundo voltou a
crescer, mas a riqueza gerada não chegou aos mais necessitados. Não é surpresa
que a desigualdade fomente o ódio, extremismo e violência, nem que a democracia
esteja sob ameaça”, avaliou o presidente.
Inteligência artificial
O presidente
encerrou o discurso pedindo que a reforma das instituições globais reduza os
riscos da inteligência artificial e citou um trecho de um poema de Carlos
Drummond de Andrade. “Em 1940, o poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade
escreveu um poema chamado Congresso Internacional do Medo, que traduzia o
sentimento prevalente em meio à 2ª Guerra Mundial. Para evitar que o título
desse poema volte a descrever a governança global, não podemos deixar que o
medo de dialogar triunfe”, concluiu Lula.
Prevista
para começar às 14h30, a sessão que discutiu a reforma da governança global
iniciou-se por volta das 16h10. Apenas o discurso de Lula foi transmitido.
Neste momento, os presidentes e primeiros-ministros do G20 e o ministro das
Relações Exteriores da Rússia, que substitui o presidente Vladimir Putin,
discutem a proposta da presidência brasileira no grupo.