RJ: protesto pede taxação de super-ricos para financiar combate à fome
RJ: protesto pede taxação de super-ricos para financiar combate à fome
Moeda gigante colocada na praia cobra ampliação de compromissos do G2.
Daniella Almeida – Repórter da Agência Brasil
Organizações
da sociedade civil da rede Observatório do Clima instalaram, na manhã desta
segunda-feira (18), uma moeda de 3 metros de altura, em frente ao Posto 12, na
Praia do Leblon, no Rio de Janeiro. O objetivo da ação é pressionar os países
do G20 para taxar os super-ricos e redirecionar os recursos obtidos para
financiar ações de combate à crise climática. O protesto ocorre paralelamente
aos debates na Cúpula de chefes de Estado do G20, nesta segunda e terça-feira
(19), sob a presidência rotativa do Brasil.
O chamado
Grupo dos 20 reúne os países com as maiores economias do mundo, além da União
Europeia e, mais recentemente, da União Africana.
A campanha
do Observatório do Clima propõe a taxação anual em 2% da riqueza de 3 mil
bilionários para financiar grande parte da adaptação climática necessária às
populações mais vulneráveis do planeta, como as de países pobres, povos da
floresta, ribeirinhos, moradores de favelas e zonas rurais, que sofrem com
inundações, secas e temperaturas extremas.
Sociedade civil
Segundo o Observatório do Clima, os países do G20 são responsáveis por cerca de 80% das emissões dos gases de efeito estufa (GEE), causadoras do aquecimento global, e concentram 80% da economia global. Por isso, a rede brasileira de entidades ambientalistas apoia a ampliação de financiamentos de ações climáticas por parte dos maiores poluidores.
De acordo
com essas organizações, nenhum dos membros do G20 pode alegar falta de recursos
se não taxar seus bilionários progressivamente e, na sequência, destinar os
valores para promoção de uma transição energética justa.
O Instituto
Climainfo alega que os países do G20 devem sinalizar de forma mais enfática o
compromisso real para manter viva a agenda climática global. Tica Minami, do
Instituto Climainfo, explica que as nações mais ricas do mundo precisam assumir
sua responsabilidade de financiar soluções climáticas. “A falta de acordo que
implodiu a COP da Biodiversidade, em Cali, Colômbia, mostrou que o nível de
compromisso dos países ainda é baixo, colocando em risco a agenda multilateral
de clima,” relembrou Tica Minami.
Marcel
Aminato, coordenador de Alianças Estratégicas da 350.org., entidade que defende
o fim do uso de combustíveis fósseis, como carvão mineral e petróleo, e a
promoção de energias renováveis (hídrica, solar, eólica e biomassa), argumenta
que a taxação de bilionários é uma medida justa e necessária para financiar
soluções climáticas urgentes. “Enquanto os super-ricos aumentam sua fortuna e
recolhem cada vez menos impostos, o planeta superaquece e milhões de pessoas
pagam alto por isso.”
Já a
representante do Colegiado de Gestão do Instituto de Estudos Socioeconômicos
(Inesc), Nathalie Beghin, destaca que além da taxar os super-ricos, a
cooperação entre países e empresas transnacionais deve combater movimentações
financeiras ilícitas e paraísos fiscais. “É preciso cooperar internacionalmente
para mobilizar recursos públicos novos, adicionais e livres de endividamento
para o financiamento climático, em especial, para os países do Sul Global.”
Lucas
Louback, membro da organização Nossas, defensora da justiça climática, racial e
de gênero, alega que não é possível avançar no combate à crise climática sem
enfrentar a desigualdade e a falta de justiça tributária que aumentaria a
cobrança de impostos sobre grandes fortunas. “Enquanto poucos acumulam fortunas
e escapam da taxação justa, bilhões enfrentam os impactos devastadores das
mudanças climáticas. É inaceitável que países e populações que menos
contribuíram para a crise sofram as piores consequências”.
Brasil
A
presidência brasileira no G20 também sugere o imposto mínimo de 2% sobre a
renda dos bilionários do mundo, que arrecadaria entre US$ 200 bilhões e US$ 250
bilhões por ano, para ser fonte de financiamento para o combate à desigualdade
e o enfrentamento das mudanças climáticas.
A taxação de
super-ricos para transformar metas climáticas em soluções concretas, debatida
durante a presidência brasileira do grupo, é considerada a principal proposta
do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva para constar na declaração
final da cúpula a ser divulgada nesta terça-feira (19).
Taxação
O ato do
Observatório do Clima integra a campanha TaxaOsBi para preenchimento de
formulário enviado aos e-mails dos líderes globais com a proposta de taxação em
2% da riqueza de 3 mil bilionários para financiar as ações de mitigação das
mudanças climáticas. Outra iniciativa similar é o dossiê Taxando os
Bilionários, que destaca oito bilionários estrangeiros e nacionais como
exemplos de que a tributação da super-riqueza poderia gerar recursos para
enfrentar as consequências do aquecimento global.