PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe
PF indicia Bolsonaro, Braga Netto, Heleno, Ramagem, Valdemar e mais 32 em inquérito sobre tentativa de golpe
Ex-presidente e seu candidato a vice na eleição de 2022 vão responder por tentativa de abolição violenta do Estado democrático de direito, golpe de Estado e organização criminosa. General Augusto Heleno, Alexandre Ramagem e Valdemar da Costa Neto foram indiciados pelos mesmos crimes.
Por César Tralli, TV Globo
A Polícia
Federal indiciou nesta quinta-feira (21) o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e
ex-integrantes de seu governo por tramarem um golpe de Estado no país. Eles são
suspeitos dos crimes de abolição violenta do Estado democrático de Direito,
golpe de Estado e organização criminosa (veja abaixo as penas para cada um
desses crimes). Ao todo, a lista tem 37 nomes.
A conclusão
do inquérito aponta uma organização criminosa que atuou de forma coordenada na
tentativa de golpe para manter Bolsonaro após derrota na eleição de 2022. A
investigação começou no ano passado e foi concluída dois dias após a Polícia
Federal (PF) prender 4 militares e um policial federal acusados de tentar matar
Lula, Alckmin e Moraes.
Além de
Bolsonaro, foram indiciados pelos 3 crimes:
– o general
da reserva do Exército Braga Netto, ex-ministro da Casa Civil e da Defesa do
governo Bolsonaro e candidato a vice na chapa que perdeu a eleição de 2022;
– o general
da reserva Augusto Heleno, ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional
(GSI);
– o policial
federal Alexandre Ramagem, ex-diretor da Agência Brasileira de Informações
(Abin);
e Valdemar
da Costa Neto, presidente do Partido Liberal (PL), legenda de Bolsonaro.
O relatório
final do inquérito, que tem mais de 800 páginas, foi concluído no início da
tarde e vai ser entregue ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Caberá à
Procuradoria-geral da República (PGR) denunciar ou não os indiciados ao
Supremo. Caso a Corte aceite a denúncia, eles se tornam réus e serão julgados.
Veja as
penas previstas:
Golpe de
Estado: 4 a 12 anos de prisão;
Abolição
violenta do Estado democrático de Direito: 4 a 8 anos de prisão;
Integrar
organização criminosa: 3 a 8 anos de prisão.
Além do
inquérito sobre o golpe de estado, Bolsonaro também já foi indiciado neste ano
em outras duas investigações da Polícia Federal: o caso das joias sauditas e a
fraude no cartão de vacinas.
6 núcleos
golpistas
As
investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão
de tarefas e que se dividiram em 6 núcleos golpistas que se articularam para
derrubar à força o Estado Democrático de Direito:
▶️Núcleo de Desinformação e Ataques ao
Sistema Eleitoral;
▶️Núcleo Responsável por Incitar
Militares a Aderirem ao Golpe de Estado;
▶️Núcleo Jurídico;
▶️Núcleo Operacional de Apoio às Ações
Golpistas;
▶️Núcleo de Inteligência Paralela;
▶️Núcleo Operacional para Cumprimento
de Medidas Coercitivas
Veja a
lista de todos os indiciados:
Ailton
Gonçalves Moraes Barros
Alexandre
Castilho Bitencourt da Silva
Alexandre
Rodrigues Ramagem
Almir
Garnier Santos
Amauri Feres
Saad
Anderson
Gustavo Torres
Anderson
Lima de Moura
Angelo
Martins Denicoli
Augusto
Heleno Ribeiro Pereira
Bernardo
Romão Correa Netto
Carlos Cesar
Moretzsohn Rocha
Carlos
Giovani Delevati Pasini
Cleverson
Ney Magalhães
Estevam Cals
Theophilo Gaspar de Oliveira
Fabrício
Moreira de Bastos
Filipe
Garcia Martins
Fernando
Cerimedo
Giancarlo
Gomes Rodrigues
Guilherme
Marques de Almeida
Hélio
Ferreira Lima
Jair Messias
Bolsonaro
José Eduardo
de Oliveira e Silva
Laercio
Vergilio
Marcelo
Bormevet
Marcelo
Costa Câmara
Mario
Fernandes
Mauro Cesar
Barbosa Cid
Nilton Diniz
Rodrigues
Paulo Renato
de Oliveira Figueiredo Filho
Paulo Sérgio
Nogueira de Oliveira
Rafael
Martins de Oliveira
Ronald
Ferreira de Araujo Junior
Sergio
Ricardo Cavaliere de Medeiros
Tércio
Arnaud Tomaz
Valdemar
Costa Neto
Walter Souza
Braga Netto
Wladimir
Matos Soares
Veja íntegra
da nota da PF sobre o indiciamento:
A Polícia Federal encerrou nesta quinta-feira (21/11) investigação que apurou a existência de uma organização criminosa que atuou de forma coordenada, em 2022, na tentativa de manutenção do então presidente da República no poder.
O relatório
final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal com o indiciamento de 37
pessoas pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito,
golpe de Estado e organização criminosa.
As provas
foram obtidas por meio de diversas diligências policiais realizadas ao longo de
quase dois anos, com base em quebra de sigilos telemático, telefônico,
bancário, fiscal, colaboração premiada, buscas e apreensões, entre outras
medidas devidamente autorizadas pelo poder Judiciário.
As
investigações apontaram que os investigados se estruturaram por meio de divisão
de tarefas, o que permitiu a individualização das condutas e a constatação da
existência dos seguintes grupos:
a) Núcleo de
Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral;
b) Núcleo
Responsável por Incitar Militares à Aderirem ao Golpe de Estado;
c) Núcleo
Jurídico;
d) Núcleo
Operacional de Apoio às Ações Golpistas;
e) Núcleo de
Inteligência Paralela;
f) Núcleo
Operacional para Cumprimento de Medidas Coercitivas
Com a
entrega do relatório, a Polícia Federal encerra as investigações referentes às
tentativas de golpe de Estado e abolição violenta do Estado Democrático de
Direito.