Hamas diz estar ‘pronto’ para trégua com Israel após cessar-fogo com Hezbollah entrar em vigor no Líbano
Hamas diz estar 'pronto' para trégua com Israel após cessar-fogo com Hezbollah entrar em vigor no Líbano
Grupo terrorista elogia acordo entre Israel e o Hezbollah e acusa o governo israelense de estar travando negociações para uma trégua em Gaza. No sul do Líbano, moradores celebraram cessar-fogo e começaram a voltar para suas casas.
Por Henry Gaslky
Um
comandante do Hamas elogiou nesta quarta-feira (27) o acordo de cessar-fogo
entre Israel e o Hezbollah no Líbano e afirmou que o grupo terrorista também
está pronto para uma trégua com o Exército israelense na Faixa de Gaza.
“Informamos
os mediadores no Egito, Catar e Turquia que o Hamas está pronto para um acordo
sério para a troca de prisioneiros”, disse à agência de notícias AFP um
integrante do gabinete político do Hamas, em condição de anonimato.
“O anúncio
do cessar-fogo no Líbano é uma vitória e um grande sucesso para a resistência”.
O Hamas acusou ainda Israel de “obstruir qualquer compromisso” de um
cessar-fogo em Gaza.
Também nesta
quarta, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, que anunciou o cessar-fogo
no Líbano, disse que os EUA farão “outra tentativa” de alcançar um
acordo também em Gaza.
O acordo de
cessar-fogo entre Israel e o Hezbollah entrou em vigor às 04h desta quarta.
Moradores do sul do Líbano e da região de Bekaa começaram a voltar para suas
casas.
Muitos
deslocados ignoraram as advertências para que aguardassem autorização das
autoridades, e desde as primeiras horas da manhã, o movimento se intensificou
nas estradas a caminho do sul do país.
Mais tarde,
o governo de Israel levantou a proibição e disse que os moradores estavam
autorizados a voltar para o sul do Líbano.
Como o
acordo prevê que Israel pode permanecer no território libanês ainda por mais 60
dias, o porta-voz das Forças Armadas israelenses em idioma árabe disse que a
população libanesa deve aguardar autorização para retornar.
Em várias
localidades do Líbano, pessoas saíram às ruas para celebrar o compromisso.
Um dos
pontos do acordo determina que o Exército regular libanês deve assumir posições
no sul do país enquanto as forças israelenses deixam o território durante o
período de dois meses. Militares libaneses declararam que iniciaram os
preparativos para realizar este deslocamento.
O presidente
dos Estados Unidos, Joe Biden, anunciou na terça-feira (26) em Washington que
Israel e Líbano aceitaram a proposta norte-americana de cessar-fogo.
Mais cedo, o
primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, havia declarado apoio ao
cessar-fogo, argumentando que a partir disso Israel poderia se concentrar na
guerra contra o Hamas, na Faixa de Gaza, e na ameaça do Irã.
A comunidade
internacional também elogiou o acordo.
Os
confrontos entre o Hezbollah e Israel começaram em 8 de outubro do ano passado,
no dia seguinte aos ataques do Hamas ao sul israelense. O grupo extremista
passou a disparar contra Israel em solidariedade ao Hamas, que controlava a
Faixa de Gaza.
Havia dúvidas em Israel sobre a votação interna no gabinete de segurança sobre a proposta. No final, ela foi apoiada por dez dos membros do gabinete, sofrendo oposição apenas do ministro da Segurança Nacional, Itamar Ben Gvir.
No Líbano, a
guerra deixou cerca de 3.700 pessoas mortas e mais de 15.500 feridos. A
estimativa é que 1,3 milhão de pessoas tenham sido deslocadas de suas casas.
Em Israel,
cerca de 60 mil pessoas foram deslocadas de suas casas. O extremo norte do país
foi praticamente esvaziado. Setenta e oito israelenses foram mortos pelo
Hezbollah.
Pontos do
acordo
O Exército
israelense tem 60 dias para se retirar gradualmente do Líbano.
O Hezbollah
também deve se retirar da fronteira sul com Israel e se deslocar para o norte
do rio Litani.
As armas
pesadas do Hezbollah devem ser removidas desta área.
O Exército e
as forças de segurança libanesas recuperarão posições do exército israelense e
do Hezbollah.
O Líbano e
Israel mantêm o direito à legítima defesa de acordo com o direito
internacional, caso o cessar-fogo não seja respeitado.
O Exército
dos EUA fornecerá apoio técnico ao exército libanês em colaboração com o
exército francês
Um comitê
militar constituído pelos exércitos de vários países fornecerá apoio adicional
ao exército libanês, fornecendo equipamento, treinamento e financiamento.
Os Estados
Unidos e a França aderirão ao mecanismo tripartite criado após a guerra de
2006, que reúne a Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil), Israel e
o Líbano.
Este
mecanismo, agora presidido pelos Estados Unidos, visa manter a comunicação
“direta” entre as diferentes partes e permitir que “toda vez que
seja constatada uma violação, especialmente uma violação grave”, o
incidente seja “imediatamente tratado” para evitar uma escalada.