Economia cresce 0,9% no terceiro trimestre de 2024, diz IBGE
Economia cresce 0,9% no terceiro trimestre de 2024, diz IBGE
Serviços e indústria puxaram o resultado do PIB.
Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil
A economia
cresceu 0,9% na passagem do segundo para o terceiro trimestre do ano, empurrada
pela indústria e pelo setor de serviços, na 13ª expansão consecutiva. Em
relação ao terceiro trimestre de 2023, o Produto Interno Bruto (PIB, conjunto
de todos os bens e serviços produzidos no país) apresentou alta de 4%.
No acumulado
de quatro trimestres, o crescimento da economia do país soma 3,1%. Os dados
foram divulgados nesta terça-feira (3), pelo Instituto Brasileiro de Geografia
e Estatística (IBGE). Em valores correntes, o PIB chega a R$ 3 trilhões de
reais.
Em um
recorte setorial, os serviços e a indústria cresceram 0,9% e 0,6%
respectivamente, na passagem do segundo para o terceiro trimestre. Já a
agropecuária foi o único setor que registrou queda, de 0,9%.
Com os
resultados divulgados, o PIB e o setor de serviços renovam patamares recordes.
Por outro lado, a indústria se encontra 4,7% abaixo do pico, alcançado no 3º
trimestre de 2013.
A alta de
0,9% no trimestre ficou abaixo do crescimento de 1,4% apurado na passagem do
primeiro para o segundo trimestre de 2024.
Emprego e
renda
A
coordenadora de Contas Nacionais do IBGE, Rebeca Palis, atribui o resultado
positivo do trimestre a fatores relacionados a emprego e renda.
“A gente
continua com vários efeitos positivos, como o mercado de trabalho, a inflação
está acima da meta, mas não está em níveis altíssimos, e o governo continua com
a política de transferência de renda”, enumera, lembrando que a taxa de
desocupação atingiu patamares mínimos historicamente.
Palis
pondera que a desaceleração frente o crescimento apurado no segundo trimestre
(1,4% para 0,9%) não é ainda impacto do aumento, em setembro, da taxa básica de
juros, por parte do Comitê de Política Monetária (Copom), passando de 10,5%
para 10,75% ao ano.
“Demora um
tempo para ter um efeito maior sobre a atividade economia. O terceiro trimestre
não tem tanto esse impacto, apesar de o juro estar em um patamar elevado”, diz.
Ela
acrescenta que a base de comparação é alta, o que faz com que aumentos sejam
menos expressivos.
Nas
atividades de serviços – setor com maior participação no PIB – as altas ficaram
por conta de Informação e comunicação (2,1%); outras atividades de serviços
(1,7%); atividades financeiras, de seguros e serviços relacionados (1,5%);
atividades imobiliárias (1%); comércio (0,8%); transporte, armazenagem e
correio (0,6%) e administração, defesa, saúde e educação públicas e seguridade
social (0,5%).
Na
indústria, houve alta de 1,3% nas indústrias de transformação – seguimento que
transforma matéria-prima em um produto final ou intermediário, que vai ser
novamente modificado por outra indústria. Em contrapartida, caíram construção
(-1,7%); eletricidade e gás, água, esgoto, atividades de gestão de resíduos
(-1,4%) e indústrias extrativas (-0,3%).
Os técnicos
do IBGE calcularam que o investimento no terceiro trimestre, chamado de
formação bruta de capital fixo, cresceu 2,1% em relação ao trimestre
imediatamente anterior. Os consumos das famílias (1,5%) e do governo (0,8%)
também tiveram expansão.
As
exportações apresentaram queda de 0,6%, enquanto as importações cresceram 1%.
Altas
seguidas
Na
comparação com o terceiro trimestre de 2023, a alta de 4% é a 15ª seguida. Na
base comparativa, os serviços tiveram novamente maior expansão, de 4,1%, com
destaque para a alta de informação e comunicação (7,8%) e outras atividades de
serviços (6,4%).
A indústria
cresceu 3,6%, com destaque para construção (5,7%) e indústrias de transformação
(4,2%), que foi influenciada, principalmente, pela fabricação de veículos
automotores; outros equipamentos de transporte; móveis e produtos químicos.
A
agropecuária recuou 0,8%. De acordo com o comunicado do IBGE, “alguns produtos,
cujas safras são significativas no terceiro trimestre, apresentaram queda na
estimativa de produção anual e perda de produtividade, como cana (-1,2%), milho
(-11,9%) e laranja (-14,9%)”.
O instituto
contextualiza que esses recuos apagaram o bom desemprenho de culturas como
algodão (14,5%), trigo (5,3%) e café (0,3%), que também possuem safras
relevantes no período.
“Já era de
se esperar, desde o começo do ano, e esse comportamento, ao longo do tempo, foi
piorando, muito por conta das questões climáticas da seca, que têm acontecido
no Brasil”, diz Rebeca Palis.
O IBGE
destaca que a melhora no mercado de trabalho, que se reflete no aumento da
massa salarial, e programas de transferência de renda, como o Bolsa Família,
colaboraram para o consumo das famílias crescer 5,5% na comparação com o
terceiro trimestre de 2023 – 14º trimestre seguido de alta.
Na mesma
comparação, a despesa do governo cresceu 1,3%.
A taxa de
investimento no terceiro trimestre de 2024 foi de 17,6%, o que representa um
crescimento em relação à observada no mesmo período do ano anterior (16,4%).
Acumulado
do ano
No acumulado
do ano até o terceiro trimestre de 2024, o PIB cresceu 3,3% em relação a igual
período de 2023. Nessa comparação, a agropecuária (-3,5%) caiu, enquanto a
indústria (3,5%) e os serviços (3,8%) apresentaram expansão.
Revisão
para cima
O IBGE
informou também que o PIB de 2023, anteriormente um crescimento de 2,9%, foi
revisto para 3,2%.