Relator da reforma tributária inclui armas em Imposto Seletivo
Relator da reforma tributária inclui armas em Imposto Seletivo
Taxação foi retirada da proposta aprovada na Câmara dos Deputados.
Wellton Máximo e Gilberto Costa– Repórteres da Agência Brasil
Após quase 2
mil sugestões de emendas e 13 audiências públicas, o relator da regulamentação
da reforma tributária no Senado, senador Eduardo Braga (MDB-AM) apresentou
nesta segunda-feira (9) o parecer do projeto de lei complementar sobre o tema.
O relatório inclui armas e munições no futuro Imposto Seletivo (IS), cobrado
sobre produtos nocivos à saúde e ao meio ambiente
Segundo a
proposta de Braga, o IS não incidirá sobre armas e munições destinadas às
Forças Armadas e aos órgãos de segurança pública, mas será cobrado sobre os
demais usuários de armas de fogo. Durante a votação em segundo turno da
proposta de emenda à Constituição que reformulou os tributos sobre o consumo, a
Câmara dos Deputados retirou as armas e as munições do IS.
De acordo
com o parlamentar, a decisão de sobretaxar armas e munições não seguiu
orientação política ou ideológica, mas seu juízo particular. “Essa é uma
convicção pessoal minha”, assinalou. “Eu não colocaria a minha cabeça no
travesseiro com tranquilidade se eu não manifestasse claramente a minha
posição”, disse em entrevista coletiva no início da tarde de hoje (9) no
Senado.
Conforme o
anuário Brasileiro de Segurança Pública (edição 2024), sete de cada dez
assassinatos no Brasil no ano passado foram cometidos com armas de fogo e quase
60% dos latrocínios (roubo seguido de morte ou de graves lesões) envolveram
armas de fogo. No país, havia mais de 2 milhões de registros ativos de posse de
armas e mais de 1,7 milhão de registros expirados.
Eduardo
Braga ainda afirmou que não usa arma e que compete ao Estado proteger os
cidadãos. “Eu não tenho arma. Eu não tenho, portanto, nenhuma aptidão para
isso. Acho que a questão de segurança precisa ser resolvida pelos aparatos de
segurança do Estado e não por razões privadas ou particulares”, avaliou.
Alegando
poluição ao meio ambiente, o relatório também incluiu itens plásticos
descartáveis de uso único no Imposto Seletivo. Dessa forma, sacolas, talheres,
canudos, copos, pratos e bandejas de isopor serão taxados com mais impostos.
“Alguns especialistas já alertam que o planeta, em dez anos, será incapaz de
lidar com o volume de resíduos plásticos”, destacou o texto do relatório.
Tramitação
O relatório
estava previsto para ser lido nesta segunda-feira na Comissão de Constituição,
Justiça e Cidadania (CCJ), mas a sessão foi adiada por falta de quórum.
Após a
votação na comissão, o projeto segue para apreciação no Plenário. Se for
aprovado, o projeto volta para deliberação na Câmara dos Deputados por causa
das modificações. Segundo o relator, foram apresentadas 2.020 emendas à
proposta, 642 foram acatadas. “A minha esperança sincera é de que o Brasil
possa ganhar o novo texto da regulamentação tributária ainda este ano.”
Em dezembro
do ano passado o Congresso Nacional aprovou a emenda constitucional que previa
a unificação de cinco tributos (ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins) em cobrança única
dividida nos níveis federal, estadual e municipal.