Aceno de Bolsonaro é visto como recado para Braga Netto não delatar
Aceno de Bolsonaro é visto como recado para Braga Netto não delatar
Na visão de investigadores e integrantes do Judiciário, possíveis penas em caso de condenação pressionam generais indiciados a colaborar.
Por G1
A postagem
de Jair Bolsonaro (PL) após a prisão de Braga Netto, ocorrida no sábado (14), é
vista por militares como um aceno para que o general não faça delação premiada.
“Como
alguém, hoje, pode ser preso por obstruir investigações já concluídas?”,
questionou Bolsonaro no próprio sábado, citando “a prisão do
general”, mas sem mencionar o nome de Braga Netto.
Entre
militares e investigadores, a avaliação hoje é que é difícil que Braga Netto
venha a aderir a uma delação premiada, em razão de “lealdade militar”
– nas palavras de uma pessoa que acompanha a investigação.
Além disso,
avaliam, o general conta com apoio político, demonstrado em postagens de
Bolsonaro e de parlamentares, como o senador Rogério Marinho (PL-RN), que
chamou a prisão de atropelo.
A hipótese
de delação, entretanto, não pode ser descartada, avaliam esses investigadores.
Eles lembram do caso de Ronnie Lessa, assassino confesso de Marielle Franco,
que se tornou delator após uma negociação aparentemente impossível, e entregou
os mandantes do crime.
Fontes
ouvidas pelo blog ressaltam, também, que a prisão de Braga Netto aumenta a
pressão sobre outros generais para que delatem, diante da possibilidade de
penas às quais podem estar sujeitos em caso de condenação.
Entre
militares, a avaliação é que a maior possibilidade de delação é a do general
Mario Fernandes, suspeito de fazer parte de um grupo que planejou o assassinato
de Lula (PT) e Alckmin.
Fernandes
poderia contar, por exemplo, detalhes de encontros com Bolsonaro – o general já
disse que ouviu do presidente que “qualquer ação” poderia acontecer
até 31 de dezembro –, o que falou com ele sobre o plano de assassinato de
autoridades e se há algum rabisco do então mandatário nos documentos golpistas.
O advogado
de Fernandes, Marcus Vinicius Figueiredo, nega que seu cliente cogite uma
delação premiada.
No STF,
golpistas são comparados ao PCC
No STF,
ministros ouvidos pelo blog se dizem surpresos com a extensão e a gravidade das
ações investigadas pela PF.
Os
magistrados afirmam que sempre esperaram ações agressivas da família Bolsonaro,
mas que estão espantados com a quantidade de generais e militares se envolvendo
com o crime, incluindo um plano de assassinato.
“Se
comportaram como gente do PCC e do Comando Vermelho”, disse um ministro do
STF.