Presidente afastado da Coreia do Sul deve ficar em cela solitária na prisão; entenda próximos passos
Presidente afastado da Coreia do Sul deve ficar em cela solitária na prisão; entenda próximos passos
Operação para prender Yoon levou cerca de seis horas para ser concluída e foi dificultada por apoiadores. Ele permaneceu em silêncio durante interrogatório nesta quarta-feira (15).
Por Ederson Hising, g1 — São Paulo
Preso após
uma operação que durou cerca de seis horas, o presidente afastado da Coreia do
Sul, Yoon Suk Yeol, deverá ficar em uma cela solitária no Centro de Detenção de
Seul, informou a agência de notícias Reuters. O local é maior e melhor equipado
do que as celas padrão, de 6,5 metros quadrados.
Yoon foi
detido na manhã de quarta-feira (15), pelo horário local — noite de terça-feira
(14), no Brasil. Apoiadores de Yoon tentaram impedir a prisão. Ele foi alvo de
um mandado de prisão no âmbito de uma investigação que apura acusações de
insurreição. Em dezembro, o presidente decretou uma lei marcial para restringir
direitos civis.
Segundo a
agência, as autoridades responsáveis pela investigação prepararam um
questionário de mais de 200 páginas para o presidente afastado, que, além de
permanecer em silêncio, não permitiu a gravação.
As instalações usadas para o interrogatório incluem uma área de descanso com um sofá para acomodar Yoon, informou a agência Yonhap.
As
autoridades têm 48 horas para interrogá-lo. Após isso, deverão solicitar um
mandado de prisão para detê-lo por até 20 dias ou liberá-lo. Durante a
custódia, Yoon será mantido no Centro de Detenção de Seul — que não é o mesmo
local do interrogatório.
Na chegada
ao centro de detenção, Yoon passou por uma verificação de identidade e um exame
de saúde simples. Na prisão onde está, os detidos acordam às 6h30 e dormem após
as 21h.
Operação para prender Yoon
Os
investigadores tentaram prender Yoon pela primeira vez no dia 3 de janeiro.
Naquele dia, os agentes foram impedidos de entrar na casa do presidente por
seguranças e guardas militares.
Desta vez,
os investigadores fecharam um acordo com os guardas presidenciais, que
garantiram que iriam autorizar a entrada para que o mandado de prisão fosse
cumprido.
Ainda assim,
cerca de 6.500 apoiadores de Yoon se posicionaram na frente da casa do
presidente afastado para dificultar a operação. Segundo a agência de notícias
estatal Yonhap, os simpatizantes formaram uma espécie de “corrente
humana”.
Presidente afastado da Coreia do Sul
é preso
As
autoridades começaram a avançar aos poucos nos arredores da residência de Yoon,
até conseguirem entrar no imóvel. Os advogados do presidente afastado tentaram
uma negociação, mas os investigadores sul-coreanos disseram que iriam cumprir o
mandado.
Em um
comunicado, o presidente afastado afirmou ser deplorável agentes realizarem uma
“série de atos ilegais”, incluindo a prisão dele. Yoon disse ainda
que concordou em prestar depoimento para evitar “derramamento de
sangue”.
Ainda em
dezembro, o Congresso aprovou a abertura de um processo de impeachment contra
Yoon. Desde então, ele está afastado, e a Suprema Corte está analisando se ele
deve perder o cargo de forma definitiva.
Lei marcial
O decreto da
lei, no início de dezembro, restringiu temporariamente o direito de civis. A
medida também visava fechar a Assembleia Nacional, mas acabou fracassando e
rejeitada pelos próprios deputados.
Ao anunciar
a lei marcial, o presidente Yoon fez críticas à oposição. “Declaro lei
marcial para proteger a livre República da Coreia da ameaça das forças
comunistas norte-coreanas”, disse.
O decreto
veio em um contexto de baixa aprovação do presidente e de trocas de farpas com
a Assembleia Nacional, que é controlada por deputados da oposição.
Desde então,
Yoon foi alvo de uma operação policial e de uma votação na Assembleia Nacional
que o afastou do cargo. Atualmente, a Coreia do Sul está sendo governada por um
presidente interino.