Análise: pouco criativo, Santos abusa de cruzamentos, facilita vida do Ceará e amplia crise
Análise: pouco criativo, Santos abusa de cruzamentos, facilita vida do Ceará e amplia crise
Peixe esteve muito dependente de Soteldo e insistiu em ligações diretas para tentar ameaçar rival; empate sem gols mantém equipe na zona de rebaixamento e sob protestos.
Por Bruno Gutierrez — Santos, SP
O Santos
teve uma noite pouco criativa no empate sem gols contra o Ceará, nesta
segunda-feira, no Allianz Parque, pela oitava rodada do Campeonato Brasileiro.
Com dificuldades para criar chances de gol, o Peixe abusou de cruzamentos e
facilitou a vida do rival.
O Ceará era
o adversário ideal para o Peixe conquistar uma vitória e encerrar o mau
momento, tentar espantar um pouco da crise e tranquilizar o torcedor. Apesar da
sexta colocação, o Vozão não tem boa campanha longe de casa. Em três jogos até
então, eram um empate e duas derrotas.
O torcedor santista, que merece os parabéns, foi até a casa do Palmeiras, encheu o estádio e apoiou a todo momento. Fez a sua parte. Contudo, o time esteve aquém da capacidade esperada pelos nomes que possui no elenco.
Com
dificuldades para tocar a bola e encontrar espaços na defesa adversária, o
Santos abusou da ligação direta. Durante quase todo o tempo, a jogada era só
uma: lançar Soteldo e esperar que o venezuelano tirasse um bom lance da
cartola.
O camisa 7
bem que tentou. Assim como no jogo contra o Grêmio, Soteldo foi o melhor em
campo do lado do Peixe. Mas diante de uma marcação dupla, restou ao atacante
encontrar um espaço para cruzar. Porém, nem Thaciano e nem Tiquinho Soares
aproveitavam.
Foi um
festival de bolas na área, mas sem efetividade alguma. O goleiro Fernando
Miguel teve pouco trabalho. Na rara vez em que o Santos acertou a meta, em uma
finalização de Tiquinho Soares, o goleiro do Ceará esteve bem-posicionado para
fazer a defesa e evitar a derrota.
Cléber
Xavier promoveu mudanças no time titular. Colocou Aderlan, Gabriel Bontempo e
Tiquinho Soares em campo. O lateral fez uma partida regular, Tiquinho foi
insuficiente e Bontempo ainda buscou dar algum dinamismo ao meio de campo
santista.
O treinador
apostou em Thaciano como quase um segundo atacante. Por muitas vezes, ele
esteve até mais adiantado do que o próprio Tiquinho. Mas, mais uma vez, sem
efetividade. O Santos não tinha agressividade, não gerava dor de cabeça à
defesa rival. Pelo contrário. Era, de certa forma, previsível.
As entradas
de Leo Godoy e Barreal deram mais agilidade e leveza. O time esteve mais solto
em campo. Mas, ainda assim, faltava o último passe, um capricho maior na
finalização. Faltava o gol. E o Santos parece sentir o peso de não conseguir
balançar as redes.
A saída de
Bontempo para a entrada de Deivid Washington foi questionável. A mudança deixou
um buraco no meio de campo e permitiu ao Ceará explorar o contra-ataque. Mais
uma vez, Gabriel Brazão fez ao menos duas grandes defesas para salvar o Peixe
de um cenário pior.
Zé Rafael
atuou por poucos minutos. É esperado que ele comece a ganhar mais espaço.
Álvaro Barreal mostrou que é capaz de produzir mais que Thaciano no ataque. Leo
Godoy deu uma válvula de escape pela direita que o Santos praticamente não teve
durante todo o primeiro tempo. Um pouco de variação para que a carga toda não
fique concentrada em Soteldo.
Após a partida, Luan Peres disse que o time está progredindo. Mas ele mesmo reconheceu que isso, sem resultado, de pouco ou quase nada serve. O Santos já mudou de treinador. Agora, é preciso que a postura em campo também mude.
O cenário
não é nada animador. O Peixe terá uma sequência de três partidas longe de casa:
Corinthians e Vitória, pelo Brasileirão, e entre esses jogos o CRB, pela Copa
do Brasil. A equipe tinha tudo para começar a reação em um cenário a favor.
Agora, em meio à adversidade, o elenco terá que mostrar que tem personalidade
para evitar que torcedor veja 2025 como um ano perdido, mesmo com Neymar.