Velório de Erasmo Carlos será restrito a parentes e amigos
Velório de Erasmo Carlos será restrito a parentes e amigos
'Quem quiser homenageá-lo, escute suas músicas, suas mensagens. Nada o faria mais feliz e amado', diz nota divulgada pela família do músico; Tremendão tinha 81 anos e morreu nesta terça-feira.
Por g1 Rio 22/11/2022 19h35 Atualizado há 36 minutos
O velório do cantor e compositor Erasmo Carlos será fechado para o público, restrito a parentes e amigos do Tremendão, que morreu nesta terça-feira (22) aos 81 anos, no Rio de Janeiro. Horário e local não foram informados.
“Quem quiser homenageá-lo, escute suas músicas, suas mensagens. Nada o faria mais feliz e amado”, diz a nota divulgada pela família de Erasmo.
“No dia do músico, nosso amado Erasmo Esteves, o Erasmo Carlos, o Gigante Gentil, o Tremendão, o Pai do Rock Nacional, se despediu. Erasmo criou, amou, acompanhou a cada um de nós nos momentos importantes das nossas vidas. E além de todas as maravilhas que compôs e cantou durante décadas, ele nos deixou recados: o futuro pertence à jovem guarda. E que é preciso saber viver! Vamos continuar cuidando das novas gerações, por nós e por ele”, acrescenta o texto.
O Tremendão, como era chamado, deixa a esposa e três filhos.
Um dos pioneiros do rock e símbolo da Jovem Guarda, o artista passou os últimos momentos ao lado da mulher, Fernanda Passos, no Hospital Barra D’Or, na Zona Oeste do Rio.
Em meados de outubro, enfrentou uma síndrome edemigênica, que causa acúmulo de líquido nos tecidos do corpo, provocando edemas, inchaços. A síndrome é consequência de problemas em órgãos como fígado, rins e coração.
No último dia 2, o artista comemorou a alta após duas semanas de internação, mas o estado de saúde se agravou, ele voltou para o mesmo hospital e precisou ser intubado.
O cantor morreu no fim da manhã. À noite, a família divulgou uma nota informando que Erasmo teve um quadro de paniculite agravado por sepse de origem cutânea. A paniculite é a inflamação da camada de gordura que fica abaixo da pele e, no caso dele, agravada por uma infecção generalizada.
A mulher postou uma despedida emocionada:
“Você é lar, você acolhe, você enxerga, você crê. Perdi a capacidade de me lembrar de como era a vida sem você, talvez ela nem tenha existido… e talvez tenha sido tão simples esquecer porque a gente se acostuma facilmente com a paz. Não foi de primeira, você brigou muito para mostrar, mas por fim encontrei a paz em você”, escreveu Fernanda.
Mais de 600 músicas
Autor de mais de 600 músicas e de clássicos como “Sentado à Beira do Caminho”, “Minha Fama de Mau”, “Mulher”, “Quero que tudo vá para o inferno”, “Mesmo que seja eu” e “É proibido fumar”, o artista deixa uma legião de fãs e amigos que fez pela estrada.
Foi na Tijuca onde nasceu Erasmo Esteves, em 5 de junho de 1941. Grandes nomes da MPB participaram da infância do cantor, no bairro da Zona Norte do Rio, como Tim Maia e Jorge Ben Jor.
Na adolescência, gostava de se reunir com a turma no Bar do Divino, na Rua do Matoso. Foi nessa época em que ele conheceu Roberto Carlos, durante um concerto de Bill Haley no Maracanãzinho – o que teria aberto os olhos do carioca para começar seu próprio grupo.
Assim, antes da carreira solo, o
artista passou por outros grupos musicais, como os Snakes, ao lado de outros
tijucanos, mas que durou só até 1961. Sem acreditar que conseguiria seguir
sozinho na música, ele decidiu, então, trabalhar como assistente do
apresentador e produtor Carlos Imperial, que o ajudou a dar o próximo passo,
rumo a outro grupo musical.
Mais tarde, ele se tornou, então,
vocalista do grupo Renato & Seus Blue Caps. Erasmo garantiu a contratação
do conjunto por uma gravadora e fez sucesso em uma faixa ao lado de Roberto
Carlos, marcando o início da parceria entre os dois. Erasmo compôs mais de 500
canções com o amigo.
“Erasmo Carlos”, portanto, não passava
de um nome artístico em homenagem aos parceiros que estiveram com ele no início
da carreira: Roberto Carlos e Carlos Imperial. Outros apelidos lhe
acompanharam: Tremendão e Gigante Gentil.
Poucos anos depois, ainda nos anos
1960, a dupla Roberto e Erasmo já se destacava como uns dos principais
compositores da Jovem Guarda ao som do iê-iê-iê. Sob influência do pop
britânico dos Beatles, o carioca se mudou para São Paulo e, com o passar dos
discos, Erasmo se tornava ícone da bossa e da MPB.
Não muito tempo longe de casa, ele
voltou a morar no Rio de Janeiro após gravar “Aquarela do Brasil”, em 1969. Em 1985,
Erasmo esteve na primeira edição do Rock in Rio, nas plateias lamacentas.
Ainda em 2001, o cantor lançava seu
22º disco, “Pra Falar de Amor”, quando completou 60 anos. No ano seguinte,
Erasmo reunia já 40 anos de carreira. Na comemoração dos 50 anos de estrada, a
festa foi no Theatro Municipal do Rio.
Ao longo dos anos, grandes nomes se
juntaram ao artista, como Chico Buarque, Lulu Santos, Zeca Pagodinho, Skank,
Los Hermanos, Djavan, Adriana Calcanhotto, Marisa Monte, Frejat, Marisa e
Milton Nascimento.
Em seu último aniversário, o Tremendão
usou as redes sociais para fazer um post autobiográfico.
“Sou o resultado das minhas
realizações…gols e bolas na trave fazem parte do jogo já que a vida é curta e
minha vontade é eterna…sou o que pude e o que tentei ser plenitude…quis ser
muitos e sobrou um quando dispensei meia-dúzia dos que não me souberam
ser…contagiado pelo bem tornei-me um guerreiro da paz…o meu canto será ouvido
assim como o som dos ventos, enquanto o sol brilhar e as lembranças
resistirem…dei passos vendados em caminhos movediços para ser merecedor de um
lugar no pódio do amor !!! FELIZ ANIVERSÁRIO PARA MIM !!!”, postou.