Contas externas têm saldo negativo de US$ 4,6 bilhões em outubro
Contas externas têm saldo negativo de US$ 4,6 bilhões em outubro
Investimentos diretos no país somaram US$ 5,5 bilhões
Publicado em 25/11/2022 - 11:47 Por Andreia Verdélio – Repórter da Agência Brasil – Brasília
As contas
externas tiveram saldo negativo de US$ 4,625 bilhões em outubro, informou hoje
(25) o Banco Central (BC). No mesmo mês de 2021, o déficit havia sido de US$
6,012 bilhões nas transações correntes, que são as compras e vendas de
mercadorias e serviços e transferências de renda com outros países.
A diferença
na comparação interanual se deve ao superávit da balança comercial, que
aumentou US$ 1,2 bilhão, enquanto os déficits em serviços cresceram US$ 967
milhões e em renda primária (lucros e dividendos) recuou US$ 1,1 bilhão.
Em 12 meses,
encerrados em outubro, o déficit em transações correntes é de US$ 60,289
bilhões, 3,31% do Produto Interno Bruto (PIB, soma dos bens e serviços
produzidos no país), ante o saldo negativo de US$ 61,676 bilhões (3,43% do PIB)
em setembro de 2022 e déficit de US$ 41,923 bilhões (2,63% do PIB) no período
equivalente terminado em outubro de 2021.
Já no
acumulado do ano, o déficit é de US$ 44,039 bilhões, contra saldo negativo de
US$ 40,108 bilhões de janeiro a outubro de 2021.
Balança
comercial e serviços
As
exportações de bens totalizaram US$ 28,005 bilhões em outubro, aumento de 22,6%
em relação a igual mês de 2021. As importações somaram US$ 25,453 bilhões,
incremento de 18,5% na comparação com outubro do ano passado. Com esses
resultados, a balança comercial fechou com superávit de US$ 2,551 bilhões no
mês passado, ante saldo positivo de US$ 1,367 bilhão em outubro de 2021.
Em linha com
a expansão do volume de comércio exterior, o déficit na conta de serviços
(viagens internacionais, transporte, aluguel de equipamentos e seguros, entre
outros) somou US$ 3,444 bilhões em outubro, aumento de 39% ante os US$ 2,478
bilhões em igual mês de 2021.
No caso das
viagens internacionais, seguindo a tendência dos meses recentes, as receitas de
estrangeiros em viagem ao Brasil cresceram na comparação interanual e chegaram
a US$ 413 milhões em outubro, contra US$ 266 milhões no mesmo mês de 2021. As
despesas de brasileiros no exterior passaram de US$ 531 milhões em outubro do
ano passado para em US$ 1,067 bilhão no mesmo mês de 2022.
Com isso, a
conta de viagens fechou o mês com déficit chegando a US$ 653 milhões, ante
déficit de US$ 265 milhões em outubro de 2021, contribuindo para elevar o saldo
negativo em serviços. Segundo o BC, esta é uma conta muito afetada pelas
restrições impostas pela pandemia da covid-19, e apesar da recuperação, os
valores ainda estão muito abaixo do período pré-pandemia.
Rendas
Em outubro,
o déficit em renda primária (lucros e dividendos, pagamentos de juros e
salários) chegou a US$ 4,054 bilhões, com redução de 22% ante os US$ 5,198
bilhões no mesmo mês de 2021. Normalmente, essa conta é deficitária, já que há
mais investimentos de estrangeiros no Brasil, que remetem os lucros para fora
do país, do que de brasileiros no exterior.
No caso dos
lucros e dividendos associadas aos investimentos direto e em carteira, houve
déficit de US$ 3,009 bilhões no mês de outubro deste ano, frente ao observado
em setembro de 2021, de US$ 4,426 bilhões, redução de 32%. A redução decorreu
das menores despesas com investimentos em carteira, que somaram US$ 383 milhões
em outubro de 2022, ante US$ 2,295 bilhões em outubro de 2021.
Já as
despesas líquidas com juros tiveram incremento de 35,1% e passaram de US$ 780
milhões para US$ 1,053 bilhão.
A conta de
renda secundária (gerada em uma economia e distribuída para outra, como doações
e remessas de dólares, sem contrapartida de serviços ou bens) teve resultado
positivo de US$ 321 milhões, contra US$ 296 milhões em outubro de 2021.
Investimentos
Os ingressos
líquidos em investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 5,541 bilhões no
mês passado, ante US$ 3,375 bilhões em outubro de 2021.
No mês
passado, houve ingressos líquidos em participação no capital de US$ 3,792
bilhões, como com compra de novas empresas e reinvestimentos de lucros.
Enquanto isso, as operações intercompanhia (como os empréstimos da matriz no
exterior para a filial no Brasil) tiveram superávit de US$ 1,749 bilhão.
Nos 12 meses
encerrados em outubro, o IDP totalizou US$ 73,805 bilhões, correspondendo a
4,05% do PIB, em comparação a US$ 71,639 bilhões (3,98% do PIB) no mês anterior
e US$ 50,022 bilhões (3,14% do PIB) em outubro de 2021.
Quando o
país registra saldo negativo em transações correntes, precisa cobrir o déficit
com investimentos ou empréstimos no exterior. A melhor forma de financiamento
do saldo negativo é o IDP, porque os recursos são aplicados no setor produtivo
e costumam ser investimentos de longo prazo. Para o mês de novembro, a
estimativa do Banco Central para o IDP é de ingressos líquidos de US$ 6,502
bilhões.
Os
investimentos em carteira no mercado doméstico totalizaram ingresso líquidos de
US$ 3,251 bilhões em outubro de 2022, compostos por saídas de US$ 3,237 bilhões
em ações e fundos de investimento e entradas de US$ 14 milhões em títulos de
dívida.
O estoque de
reservas internacionais atingiu US$ 325,546 bilhões em outubro, redução de US$
2,034 bilhões em comparação ao mês anterior. O resultado decorreu,
primordialmente, de vendas líquidas de US$ 1 bilhão em operações de linhas com
recompra, e contribuições negativas das variações de preços e paridades, em US$
823 milhões e US$ 166 milhões, respectivamente. A receita de juros totalizou
US$ 576 milhões.
Revisões
A política
do BC estabelece revisão ordinária anual do balanço de pagamentos e da posição
de investimento internacional nos meses de julho e novembro. As fontes são os
dados definitivos do Censo de Capitais Estrangeiros no País e da pesquisa
Capitais Brasileiros no Exterior (CBE), ambos de 2021, do módulo de pagamento
no exterior do Registro Declaratório Eletrônico – Registro de Operações
Financeiras (RDE-ROF), da base de dados publicada pela Secretaria de Comércio
Exterior (Secex) contendo valores para despesas de fretes e da Declaração sobre
a Utilização dos Recursos em Moeda Estrangeira Decorrentes do Recebimento de
Exportações (Derex).
Para 2021, a
revisão das estatísticas do setor externo resultou em aumento de US$ 18,4
bilhões no déficit em transações correntes, que passou de US$ 27,9 bilhões
(1,74% do PIB) para US$ 46,4 bilhões (2,88% do PIB). O aumento decorreu das
revisões de Transportes – Fretes, incremento de US$ 9,2 bilhões das despesas
líquidas, e de lucros, elevação de US$ 8,5 bilhões das despesas líquidas. Os
demais itens de revisão totalizaram acréscimo de US$ 800 milhões ao déficit.
Com isso, os
déficits em renda primária e em serviços foram revistos, respectivamente, de
US$ 50,5 bilhões para US$ 59 bilhões, e de US$ 17,1 bilhões para US$ 27
bilhões.
Na renda
primária, a despesa total de lucros de investimento direto para 2021, apurada
no censo, atingiu US$ 53,2 bilhões, aumento de US$ 9,8 bilhões comparativamente
à estimativa anterior. Houve aumento de US$ 7,2 bilhões nas despesas de lucros
remetidos e de US$ 2,7 bilhões nas despesas de lucros reinvestidos.
Em relação à
receita total de lucros de investimento direto para 2021, apurada pelo CBE, a
revisão implicou acréscimo de US$ 1,3 bilhão, totalizando US$ 24,6 bilhões,
ante US$ 23,4 bilhões estimados anteriormente.
Em relação à
conta financeira, os passivos de investimento direto permaneceram no mesmo
nível. A revisão das despesas de lucros reinvestidos aumentou o IDP em
participação no capital em US$ 2,7 bilhões, mas novas operações de
desinvestimento, liquidadas diretamente no exterior e vinculadas com redução de
Investimento Direto no Exterior (IDE)-participação no capital, somaram US$ 2,3
bilhões.
Adicionalmente,
os ingressos líquidos em operações intercompanhia foram revistos para cima, em
US$ 400 milhões. Liquidamente, as transações de IDP em 2021 mantiveram-se em
US$ 46,4 bilhões, mesmo valor do déficit em transações correntes revisto.
Para 2022,
de janeiro a setembro de 2022, o déficit em transações correntes foi revisto de
US$ 29,6 bilhões para US$ 39,4 bilhões. Do aumento total de US$ 9,8 bilhões, a
revisão de transportes respondeu por US$ 8,9 bilhões. Os demais itens estão
associados ao aprimoramento das estimativas, que passaram a incorporar
informações mais recentes da pesquisa CBE.
Na conta
financeira, as transações de IDP foram revistas de US$ 70,7 bilhões para US$
68,4 bilhões, basicamente por conta de informações retroativas quanto a
amortizações de operações intercompanhia por meio de exportação de mercadorias.
Edição:
Fernando Fraga