Tunísia faz história ao vencer a França, mas dá adeus à Copa do Catar
Tunísia faz história ao vencer a França, mas dá adeus à Copa do Catar
Triunfo da Austrália sobre Dinamarca deixa africanos fora das oitavas
Publicado em 30/11/2022 - 15:40 Por Lincoln Chaves - Repórter da EBC - São Paulo
A Tunísia
deu adeus à Copa do Mundo do Catar, mas fez história nesta quarta-feira (30).
As Águias do Cartago fizeram a parte que lhes cabia e superaram a França, atual
campeã, por 1 a 0, no Estádio Cidade da Educação, em Doha. A equipe africana,
porém, dependia de um resultado favorável no duelo entre Austrália e Dinamarca,
no Estádio Al Janoub, em Al Wakrah. O triunfo dos Socceroos, também por 1 a 0,
acabou eliminando os tunisianos.
Apesar da
derrota, os Bleus – que entraram em campo já classificados – finalizaram o Grupo
D na ponta, com os mesmos seis pontos da vice-líder Austrália, ficando à frente
pelo saldo de gols. Os tunisianos, com quatro pontos, despedem-se da Copa do
Catar na terceira colocação da chave, com quatro pontos.
O primeiro
triunfo da Tunísia sobre um europeu na história do Mundial foi especial,
também, pelo rival ser um antigo colonizador. O país africano foi um
protetorado francês entre 1881 e 1956, quando, enfim, conseguiu independência.
O período deixou marcas na população. Tanto que, antes de a bola rolar, alguns
torcedores vaiaram a “A Marselhesa”, como é chamado o hino da França.
Ato parecido, mas em maior profusão, ocorreu em 2008, quando as seleções
jogaram em Paris, capital francesa. Na ocasião, o meia Hatem Ben Arfa, de
ascendência tunisiana, mas que defendia os Bleus, foi o maior alvo das
arquibancadas.
Viva na
briga pelo terceiro título mundial (e o segundo consecutivo), apesar do fim de
uma sequência de nove partidas de invencibilidade em Copas, a França terá pela
frente, nas oitavas de final, o vice-líder do Grupo D, que reúne Argentina,
Polônia, Arábia Saudita e México. O jogo será no domingo (4), às 12h, no
Estádio Al Thumama, em Doha.
Como adiantado
pelo técnico Didier Deschamps na última terça-feira (29), a França entrou em
campo bastante modificada, com apenas dois titulares (o zagueiro Raphael Varane
e o meia Aurelien Tchouaméni) dos duelos anteriores. Na Tunísia, Jalel Khadri
também mexeu bastante: seis alterações em relação à derrota para a Austrália,
por 1 a 0, na rodada passada, com as saídas do zagueiro Dylan Bronn, dos
laterais Mohamed Dräger e Ali Abdi, dos meias Naïm Sliti e Youssef Mskani e do
atacante Issam Jebali, para entradas, respectivamente, de Nader Ghandri, Wajdi
Kechirda, Ali Maaloul, Ali Ben Romdhane, Anis Slimane e Wahbi Khazri.
A
necessidade de vitória fez a Tunísia iniciar o jogo mais agressiva, tentando
sair em velocidade pelos lados, mas com dificuldades para entrar na área e
finalizar, dada à marcação dos zagueiros Ibrahima Konaté e Varane. Aos sete
minutos, Ghandri até balançou as redes ao desviar, quase na pequena área, uma
cobrança de falta de Khazri pela esquerda, mas o lance foi invalidado por
impedimento.
A bola parada
e, principalmente, cruzamentos, foram as únicas armas das Águias do Cartago no
primeiro tempo, sem sucesso. Os africanos fizeram 19 levantamentos na área
durante os 45 minutos iniciais e levaram a melhor somente uma vez. Os
franceses, sem pressa, administraram a posse (46% a 33%, com 21% em disputa),
buscando espaços na marcação da Tunísia, mas também sem sustos à meta do
goleiro Aymen Dahmen.
Os
tunisianos seguiram no ataque na volta do intervalo, com a postura ainda mais
ofensiva. Aos seis minutos, Aissa Laïdouni tomou do também volante Youssouf
Fofana na área e soltou a bomba, na frente do goleiro Steve Mananda, por cima
do gol. A maior vontade do time africano foi recompensada aos 12. O meia Ellyes
Shkiri roubou de Fofana no meio-campo e rolou para Laïdouni, que lançou Khazri.
O atacante, um dos dez jogadores da seleção africana com nacionalidade
francesa, carregou em direção à área, encarou a marcação e bateu na saída de
Mananda, no cantinho, abrindo o placar.
Com o
desgaste da Tunísia e as alterações de Deschamps, que promoveu as entradas do
volante Adrien Rabiot e dos atacante Kylian Mbappé, Antoine Griezmann e Ousmane
Dembelé, todos titulares habituais, a França passou a controlar as ações
ofensivas e chegar com perigo. Dahmen, em três ocasiões, salvou as Águias do
Cártago, em finalizações de Dembelé (33 e 36 minutos) e Mbappé (43 minutos).
Nos
acréscimos, a resistência africana pareceu ter chegado ao fim. Aos 52 minutos,
Tchouaméni cruzou pela esquerda, o zagueiro Montassar Talbi afastou e
Grizemann, de primeira, mandou para as redes. A celebração do atacante, porém,
foi frustrada pelo árbitro de vídeo (VAR), que viu impedimento na jogada.
Apesar da eliminação já consolidada pela vitória da Austrália sobre a
Dinamarca, a anulação do gol francês explodiu a torcida tunisiana, que pôde, ao
menos, comemorar uma vitória histórica no adeus à Copa do Catar.
Edição:
Cláudia Soares Rodrigues