Copom se reúne nesta quarta; mercado prevê manutenção da taxa de juros a 13,75%
Copom se reúne nesta quarta; mercado prevê manutenção da taxa de juros a 13,75%
Reunião é a última do Copom no governo Jair Bolsonaro. Presidente do BC já disse que mercado vê tendência de alta da Selic nos próximos meses.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 07/12/2022 00h01 Atualizado há 10 horas
O Comitê de
Política Monetária (Copom) do Banco Central se reunirá nesta quarta-feira (7)
para definir a taxa básica de juros da economia, a Selic.
Analistas do
mercado financeiro preveem a manutenção da Selic em 13,75% ao ano, percentual
em vigor desde agosto deste ano. A decisão será divulgada após as 18h.
Entenda:
o que é a Selic
Especial g1:
os reflexos da Selic no seu bolso
Esta é a
última reunião do Copom no governo Jair Bolsonaro. Isso porque o próximo
encontro do comitê já acontecerá no governo Lula.
Mas o atual presidente do BC, Roberto Campos Neto, permanecerá à frente da instituição pelo menos até dezembro de 2024. Isso porque uma lei em vigor desde 2021 estabeleceu a chamada autonomia do Banco Central, com mandato para presidente e diretores da instituição.
O BC iniciou
o governo Bolsonaro com a taxa de juros em 6,5% ao ano, e, em 2020, durante a
pandemia, reduziu a Selic para 2% ao ano, menor patamar da história.
No entanto,
a partir de março de 2021, o BC passou a elevar a Selic em todas as reuniões
(12 consecutivas) e, com isso, a taxa chegou a 13,75% ao ano, o que configurou
o mais longo ciclo de alta desde 1999 e deixou a Selic no maior nível em seis
anos (entenda mais abaixo a relação Selic-inflação).
O ciclo da
alta dos juros, interrompido em setembro deste ano, buscou, segundo o BC,
conter as pressões inflacionárias do momento, que envolveram, por exemplo:a
pandemia; a interrupção temporária na oferta de alguns produtos; inserção de
recursos extraordinários na economia (auxílios temporários); guerra na Ucrânia.
Metas de
inflação
Para definir
o nível dos juros, o Banco Central se baseia no sistema de metas de inflação.
Quando a inflação está alta, o BC eleva a Selic. Quando as estimativas para a
inflação estão em linha com as metas, o Banco Central pode reduzir a Selic.
Em 2022, a
meta central de inflação é de 3,5% e será oficialmente cumprida se o índice
oscilar de 2% a 5%. Para 2023, a meta de inflação foi fixada 3,25%, e será
considerada formalmente cumprida se oscilar entre 1,75% e 4,75%.
Neste
momento, o BC já está ajustando a taxa Selic para tentar atingir a meta de
inflação dos próximos anos, uma vez que as decisões sobre juros demoram de seis
a 18 meses para terem impacto pleno na economia.
Para o ano
que vem, a previsão do mercado financeiro, feita na última semana, é de uma
inflação de 5,08%, acima do teto da meta. Se confirmado, será o terceiro ano
seguido de estouro da meta. Em 2022, o BC já admitiu que o objetivo não deve
ser alcançado.
Incerteza
sobre contas públicas
No fim do
mês passado, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o
mercado financeiro inverteu a previsão nas últimas três semanas e passou a
prever alta na taxa básica de juros da economia brasileira nos próximos seis
meses.
A mudança na
expectativa do mercado financeiro aconteceu após a divulgação da PEC da
Transição. A medida prevê tirar da regra do teto de gastos toda a despesa com o
Bolsa Família, de R$ 175 bilhões, além de outros R$ 23 bilhões para
investimentos por quatro anos. Com isso, seriam liberados R$ 105 bilhões para
outras despesas, como saúde, educação e segurança, entre outros.
Economistas temem impacto impacto na dívida pública e na inflação. O mesmo Campos Neto já tinha dito anteriormente que havia um peso maior da “incerteza fiscal” (sobre as contas públicas) no cenário econômico e acrescentou que BC pode ter de reagir no futuro. A taxa de juros é a principal ferramenta de reação da instituição.
Consequências
de juros altos
Mesmo se
interrompido o ciclo de alta dos juros, a taxa Selic permanecerá no maior
patamar em seis anos. De acordo com especialistas, juros elevados têm vários
reflexos na economia, entre os quais:
Aumento das
taxas bancárias: a tendência é que novos aumentos também sejam repassados aos
clientes. No ano passado, a elevação do juro bancário foi o maior em seis anos.
Em outubro, a taxa média cobrada pelos bancos foi a maior em cinco anos.
Redução do
consumo da população e afeta os investimentos produtivos, impactando
negativamente o Produto Interno Bruto (PIB), o emprego e a renda. Na semana
passada, analistas projetaram uma expansão de 3,05% para este ano e de 0,75% em
2023, contra um crescimento de 5% em 2021 (dado revisado).
Despesa
adicional com juros da dívida pública: em doze meses até outubro, as despesas
do governo com juros da dívida atingiram R$ 573 bilhões. A expectativa de
economistas é de que essa despesa deve bater recorde em 2022.
Aplicações
em renda fixa, como no Tesouro Direto e em debêntures, passam a render mais: em
junho, o total de investidores ativos do Tesouro Direto, programa de oferta de
títulos públicos pela internet para pessoas físicas, atingiu dois milhões. E,
em outubro, valor total de títulos em mãos de pessoas físicas supera a marca
inédita dos R$ 100 bilhões.