Neymar é absolvido em julgamento por supostas irregularidades em sua contratação pelo Barcelona
Neymar é absolvido em julgamento por supostas irregularidades em sua contratação pelo Barcelona
Jogador e demais processados são absolvidos seguindo critério do MP, que retirou acusações
Por Redação do ge — Barcelona, Espanha 13/12/2022 08h41 Atualizado há uma hora
A justiça
espanhola absolveu, nesta terça-feira, o atacante Neymar e os demais
processados por supostas irregularidades em sua contratação pelo Barcelona, em
2013. A decisão segue os critérios do Ministério Público local, que retirou as
acusações na reta final do processo.
A decisão
foi anunciada pelo tribunal da Audiência de Barcelona em um comunicado que
inocenta todos os acusados pelo fundo de investimentos brasileiro DIS por
suposta corrupção. A empresa pedia a prisão de Neymar e o pagamento de multas
milionárias por parte de seu pai, e dos ex-dirigentes do Barcelona Sandro
Rosell e Josep Bartomeu, além do ex-presidente do Santos Odílio Rodrigues
– A
Audiência absolve Neymar e os demais processados por corrupção entre
particulares e fraude – disse o tribunal em comunicado.
Os réus
foram ouvidos pela última vez no final de outubro, após a decisão da promotoria
da Espanha de retirar acusações e pedir absolvição do jogador. Na ocasião,
Neymar e seu pai preferiram manter o silêncio e apenas retificaram o que já
haviam declarado no início do julgamento, na semana passada. O pai do jogador
defendeu a operação que resultou na venda de Neymar para o Barcelona.
O jogador
compareceu presencialmente ao julgamento no primeiro e no segundo dias. O
jogador foi interrogado pelo Ministério Público espanhol e por seus advogados de
defesa. Em depoimento, disse que foi seu pai quem cuidou de todos os detalhes
referentes à transferência do Santos para o Barcelona.
Entenda o
processo da DIS
A venda de
Neymar pelo Santos ao Barcelona foi anunciada em maio de 2013 por 17,1 milhões
de euros. Este foi o valor pago pelo clube catalão ao brasileiro. A DIS era
dona de 40% dos direitos econômicos do atleta, modalidade de negócio que era
permitida na época e foi proibida pela Fifa em 2016. Por essa fatia, a empresa
recebeu 6,84 milhões de euros.
Mais tarde,
porém, o próprio Barcelona revelou que a transação custou 57 milhões de euros.
A diferença de quase 40 milhões de euros foi paga à empresa N&N (sigla para
Neymar e Nadine, pais do jogador). Teve início uma batalha na Justiça. E uma
investigação constatou que o total da transação foi ainda maior: 86,2 milhões
de euros.
Nesse valor
estavam embutidos pagamentos por amistosos a serem disputados por Barcelona e
Santos, direito de preferência por jovens atletas da base santista, acordos
entre o Barcelona e a Fundação Instituto Neymar Jr, direitos de imagem, luvas
para Neymar e comissões para agentes.
Na ação, a
DIS argumentou que estas foram manobras feitas para reduzir o valor de sua
fatia do negócio.
– Os
direitos de Neymar não foram vendidos a quem apresentou maior oferta. Neymar,
seus pais e os dirigentes dos dois clubes traíram a confiança dos irmãos Sonda,
que investiram no jogador – declarou o advogado da empresa, Paulo Nasser.
A DIS comprou 40% dos direitos de Neymar em 2009, quando ele tinha 17 anos, por 2 milhões de euros. A acusação contra o jogador, seus familiares e os dirigentes é de “corrupção privada”, um crime que só passou a existir na Espanha em 2014. E que até hoje não existe no Código Penal Brasileiro.
Esta foi a
principal linha de defesa de Neymar. O principal argumento dos advogados
contratados pelo jogador e sua família para defendê-los.
– O Brasil não criminaliza corrupção entre particulares. Não é possível aplicar a lei brasileira a um fato espanhol, porque a lei brasileira criminalizando a corrupção privada não existe e, embora exista o crime de corrupção privada na Espanha, como nós não temos essa previsão idêntica no Brasil, é impossível a sua aplicação no território nacional – disse Davi Tangerino, que defende Neymar nos casos fiscais em curso no Brasil.