STF deve retomar julgamento do orçamento secreto nesta quarta
STF deve retomar julgamento do orçamento secreto nesta quarta
Data foi marcada pela ministra Rosa Weber; ministros vão decidir se emendas de relator ao Orçamento são constitucionais. Para Moraes, julgamento deve acabar nesta quinta.
Por g1 — São Paulo 14/12/2022 07h11 Atualizado há 26 minutos
O Supremo
Tribunal Federal (STF) deve retomar nesta quarta-feira (14) as ações que
questionam a constitucionalidade das emendas de relator à Lei Orçamentária
Anual – que ficaram conhecidas como “orçamento secreto”.
O julgamento
começou em 7 de dezembro. A presidente do STF, ministra Rosa Weber, é relatora
das ações. Mesmo após assumir o comando da Corte, Rosa Weber optou por manter
os processos em seu gabinete.
Questionado
sobre a retomada, o ministro Alexandre de Moraes disse esperar que o julgamento
deve terminar nesta quinta (15).
Orçamento
secreto foi o nome informalmente dado às emendas parlamentares repassadas aos
estados sem critérios claros ou transparência.
Em novembro
de 2021, Rosa Weber suspendeu temporariamente esses pagamentos e determinou que
o Congresso criasse um sistema para dar publicidade aos gastos. A decisão da
ministra foi confirmada pelo plenário do STF, por 8 votos a 2.
Os repasses
foram liberados posteriormente. O Supremo ainda precisa discutir, no entanto,
se essa modalidade de liberação de recursos é constitucional.
Congresso
apresenta proposta de alteração
Nesta
terça-feira (13), as Mesas Diretoras da Câmara e do Senado protocolaram um
projeto de resolução para estabelecer critérios para a distribuição das verbas
previstas no orçamento secreto.
A proposta deve ser analisada pelo Congresso já nesta quinta-feira (15), segundo o relator-geral do Orçamento de 2023, o senador Marcelo Castro (MDB-PI).
O que diz
a nova proposta:
Estabelece
percentuais específicos das emendas para as cúpulas do Senado e da Câmara;
Reserva
parte das emendas para o presidente e o relator da Comissão Mista de Orçamento
(CMO);
Prevê que o
restante das emendas será distribuído entre os partidos, de acordo com o
tamanho das bancadas.
A medida
deve beneficiar o PL, partido do presidente Jair Bolsonaro, que elegeu as
maiores bancadas tanto na Câmara quanto no Senado.
O PT,
partido do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, terá a segunda maior
bancada de deputados e também receberá grande parte dos recursos.
Congresso
passou a divulgar dados
Em 2021, o
STF determinou que o Congresso desse transparência à execução das emendas de
relator. As informações passaram a ser publicadas pela Comissão Mista de
Orçamento do Congresso, mas o sistema dificulta o acesso aos dados.
Em uma
página, é possível ver as indicações para o destino do dinheiro das emendas.
Uma lista com dezenas delas. Em outra, está a execução das emendas, se o
dinheiro já foi liberado, mas não mostra qual parlamentar está apadrinhando
cada transferência de recurso.
Segundo a
Procuradoria-Geral da República, o novo modelo está de acordo com a
Constituição.
“O Ato
Conjunto 1/2021, das Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, e a
Resolução 2/2021, do Congresso Nacional, ao ampliarem a transparência da
sistemática de apresentação, aprovação e execução orçamentária referente às
emendas de relator-geral, respeitam a Constituição Federal”, diz o parecer.
Para a PGR,
a anulação das novas regras só agravaria o quadro de violação da Constituição
Federal. “Bem ou mal, os atos impugnados caminharam no sentido da maior
publicidade, em comparação com a situação previamente existente”, afirmou.
A PGR entende ainda que, o fato de o Congresso não ter dado publicidade a todas as movimentações do orçamento secreto de 2020 e 2021, não interfere na constitucionalidade desse tipo de emenda, porque antes não havia uma regra clara.