Investimentos estrangeiros diretos somam US$ 82,3 bilhões até novembro, maior valor em 10 anos
Investimentos estrangeiros diretos somam US$ 82,3 bilhões até novembro, maior valor em 10 anos
Informações foram divulgadas nesta quarta-feira pelo Banco Central; ao mesmo tempo, rombo nas contas externas subiu para US$ 44,6 bilhões nos 11 primeiros meses de 2022.
Por Alexandro Martello, g1 — Brasília 21/12/2022 09h48 Atualizado há 16 minutos
Os investimentos estrangeiros diretos na economia brasileira totalizaram US$ 82,3 bilhões de janeiro a novembro deste ano, informou nesta quarta-feira (21) o Banco Central.
Trata-se do maior patamar para este período desde 2012 (US$ 87,5 bilhões). Em 2021, o ingresso de investimentos diretos, até novembro, totalizou US$ 51,6 bilhões. A série histórica do BC para esse indicador tem início em 1995.
Somente em novembro, os investimentos estrangeiros diretos totalizaram US$ 8,3 bilhões, contra US$ 5 bilhões no mesmo ano de 2021.
A entrada de investimentos estrangeiros mostra que estrangeiros estão realizando investimentos produtivos no país, o que demonstra confiança na economia brasileira.
Apesar da desaceleração, o Produto Interno Bruto (PIB) ainda exibe números positivos enquanto o resto do mundo teme por uma recessão (com a alta de juros para combater a inflação e crise energética na Europa, consequência da guerra na Ucrânia).
Em doze meses, os investimentos estrangeiros somaram US$ 77,1 bilhões até novembro deste ano, contra US$ 73,8 bilhões no mês anterior (outubro).
Em todo o ano passado, os investimentos estrangeiros no país totalizaram US$ 46,44 bilhões. A previsão do BC, já ultrapassada, era de de que, em 2022, eles chegariam a US$ 80 bilhões.
Contas externas
Ainda de acordo com o BC, as contas externas do país registraram um déficit de US$ 44,6 bilhões nos onze primeiros meses do ano, com aumento de 15,5% na comparação com o mesmo período do ano passado (-US$ 38,6 bilhões).
O resultado em transações correntes, um dos principais indicadores sobre o setor externo do país, é formado por balança comercial (comércio de produtos entre o Brasil e outros países), serviços (adquiridos por brasileiros no exterior) e rendas (remessas de juros, lucros e dividendos do Brasil para o exterior).
Apesar do aumento no rombo das contas externas, os investimentos estrangeiros diretos na economia foram suficientes para “financiar” o resultado negativo.
De acordo com o BC, o aumento no déficit das contas externas na parcial de 2022 está relacionada, principalmente, a uma piora na conta de serviços (mais gastos no exterior, incluindo viagens) e de renda (aumento das remessas ao exterior pelas empresas).
Somente em novembro, o déficit nas contas externas somou US$ 60 milhões, contra o resultado negativo de US$ 8,5 bilhões no mesmo mês do ano passado.
Para todo ano de 2022, a expectativa do Banco Central é de uma piora nas contas externas. A estimativa da instituição é de um déficit de US$ 60 bilhões. Se confirmado, será o maior desde 2019 (-US$ 65 bilhões), ou seja, em três anos.
Gastos de brasileiros no exterior
Segundo informações do Banco Central, os gastos de brasileiros com viagens ao exterior somaram US$ 1,08 bilhão em novembro deste ano, com alta na comparação com o mesmo mês do ano passado (US$ 618 milhões) – quando o país enfrentava uma fase mais dura da pandemia de Covid-19.
Já no acumulado dos dez primeiros meses deste ano, ainda segundo o BC, os gastos de brasileiros no exterior somaram US$ 11,13 bilhões. Isso representa um aumento de 149% na comparação com o mesmo período do ano passado (US$ 4,46 bilhões).
Os números do BC mostram que os gastos de brasileiros no exterior ainda não retomaram o patamar de antes da pandemia, iniciada em março de 2020.
Antes da Covid-19, as despesas geralmente ficavam acima de US$ 1,3 bilhão por mês, podendo superar US$ 2 bilhões em meses de alta temporada.
As despesas de brasileiros lá fora são influenciadas por alguns fatores, como o nível de atividade econômica e o preço do dólar, usado nas transações internacionais.
Passagens e despesas com hotéis, por exemplo, são cotadas em moeda estrangeira. Com isso, quando o dólar está alto, os brasileiros acabam gastando mais com esses itens.