A infecção mortal por fungo que se espalha pelos EUA
A infecção mortal por fungo que se espalha pelos EUA
Os casos de infecção pelo fungo Candida auris nos EUA quase dobraram em 2021. As notificações da doença passsaram de 756 para 1.471, aponta um relatório recente.
Por BBC 22/03/2023 06h57 - Atualizado há uma hora
A infecção
por fungos da espécie Candida auris está se espalhando rapidamente e de forma
“alarmante”, diz o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC)
dos Estados Unidos.
Os casos nos
EUA quase dobraram em 2021: passaram de 756 para 1.471, aponta o relatório da
entidade.
Pessoas
saudáveis não correm risco de ter complicações relacionadas ao fungo Candida
auris, mas aquelas com sistema imunológico comprometido ou que usam dispositivos
médicos, como ventiladores ou cateteres, podem sofrer com quadros mais graves
ou até morrer.
Na maioria
das infecções diagnosticadas em terras americanas, o fungo era resistente aos
tratamentos disponíveis.
Por esse
motivo, o CDC classifica a situação como uma “ameaça urgente relacionada à
resistência antimicrobiana”. Muitos pacientes afetados estão em hospitais
e lares de idosos.
Um em cada
três indivíduos com infecções invasivas por Candida auris morre, mas pode ser
difícil avaliar como esse fungo afeta pacientes vulneráveis, avalia a
epidemiologista Meghan Lyman, principal autora do relatório do CDC.
A infecção
foi relatada pela primeira vez nos EUA em 2016. O aumento mais rápido de casos
aconteceu entre 2020 a 2021, de acordo com dados publicados no periódico
especializado Annals of Internal Medicine.
Outro motivo de preocupação é o aumento de casos que se tornaram “resistentes às equinocandinas”, que é a classe de antifúngicos mais recomendada para o tratamento da infecção por Candida auris.
O CDC
atribui o aumento à falta de medidas de prevenção nas unidades de saúde e às
melhoras nos serviços de acompanhamento e diagnóstico de casos.
Outro fator
que parece ter contribuído, segundo a entidade, foi o estresse ao sistema de
saúde relacionado à pandemia de covid-19.
Lyman disse
ao canal CBS News que o aumento de acometidos pela doença “enfatiza a
necessidade de vigilância contínua, além de expandir a capacidade de
laboratórios, criar testes de diagnóstico mais rápidos e criar programas de
prevenção e controle de infecções”.
E no
Brasil?
Outros
países também têm visto um aumento nos casos de Candida auris.
No ano
passado, a Organização Mundial da Saúde incluiu na lista de “patógenos
fúngicos prioritários”.
No Brasil,
já foram identificados ao menos três surtos de maior importância relacionados a
esse micro-organismo nos últimos anos.
O mais
recente deles aconteceu entre dezembro de 2021 e março de 2022 em um hospital
de Recife, em Pernambuco. À época, nove indivíduos foram acometidos.
O episódio
foi alvo de um estudo publicado no início de 2023 por cientistas da Fundação
Oswaldo Cruz (FioCruz).
Segundo os
pesquisadores, a Candida auris “requer uma grande vigilância por sua alta
capacidade de formar colônias e biofilmes, o que contribui para a disseminação
do fungo”.
“A
identificação rápida e precisa dessa espécie é essencial para gerenciar,
controlar e prevenir infecções”, concluem os especialistas.