Abate de bovinos no Brasil volta a crescer após dois anos de queda
Abate de bovinos no Brasil volta a crescer após dois anos de queda
Aumento de 19,1% no abate de fêmeas foi fundamental para a retomada.
Publicado em 15/03/2023 - 11:00 Por Cristina Indio do Brasil - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
O abate de
bovinos voltou a crescer em 2022 depois de dois anos seguidos de queda. Foram
29,80 milhões de cabeças no ano passado, aumento de 7,5% frente ao ano
anterior, ou 2,09 milhões de cabeças a mais. Ao alcançar 56,15 milhões de
cabeças, o abate de suínos teve um crescimento de 5,9% em relação ao ano
anterior e estabeleceu um recorde na série histórica.
Os dados são
da Estatística da Produção Pecuária, divulgada nesta quarta-feira (15) pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
O analista
da pesquisa, Bernardo Viscardi, disse que o aumento de 19,1% no abate de fêmeas
foi fundamental para essa retomada do abate de bovinos. “São os ciclos da
pecuária. Depois de um período de retenção das vacas para procriação, seguido
pela entrada dos bezerros no mercado e sua consequente desvalorização pelo
aumento da oferta, as fêmeas começam a ser destinadas ao abate”, explica em
texto no site do IBGE.
O estado de
Mato Grosso permanece na liderança do ranking nacional no abate de bovinos. A participação
do estado no total do país ficou em 15,8%. Na sequência está São Paulo, com
11,5%, e Mato Grosso do Sul, com 11%.
Ovos
A produção
de ovos de galinha avançou em 16 dos 26 estados analisados em 2022. Em
comparação a 2021, a produção nacional cresceu 1,2%, o que representa um novo
recorde em 2022, totalizando 4,06 bilhões de dúzias. O aumento na atividade em
relação a 2021 representa 47,71 milhões de dúzias de ovos a mais à disposição
do mercado.
De acordo
com Bernardo Viscardi, o mercado interno é o grande responsável pelo resultado,
uma vez que o Brasil exporta menos de 1% da produção. “O ovo é a proteína mais
barata, em termos absolutos, dentre todas as pesquisadas, sendo uma ótima
alternativa às carnes bovina, suína e de frango. Os ovos são utilizados tanto
para consumo, quanto para incubação. Logo, o crescimento da produção de carne
de frango acompanha o aumento da atividade de ovos incubados, férteis”,
explicou.
Mesmo com o
recuo de 0,1% frente ao ano anterior, a atividade em São Paulo se manteve como
a responsável pela maior produção, ficando à frente no ranking anual dos
estados em produção de ovos de galinha, com 27,1%. Depois estão o Paraná, com
9,4%, Minas Gerais, com 8,9%, e o Espírito Santo, com 8,4%.
Suínos
De acordo
com o IBGE, mais uma vez, os suínos se destacaram. Foram 56,15 milhões de
cabeças abatidas em 2022, um aumento de 5,9% ou 3,10 milhões de cabeças a mais,
se comparado a 2021.
Para o
analista da pesquisa, isso pode ser explicado pelo aumento das exportações e
ainda porque é um tipo de carne com custo menor e mais acessível do que a
bovina. “A indústria de suínos vem trabalhando com cortes fáceis de preparar, o
que naturalmente ajuda a elevar o consumo. Além disso, as exportações
aumentaram. Apesar da recuperação do seu plantel após o controle da peste suína
africana, alguns dos principais destinos da carne brasileira, como China,
Vietnã e Filipinas, mantiveram as importações em patamares elevados”, disse.
A liderança
no abate de suínos em 2022 continuou com Santa Catarina, que atingiu 28,5% do
abate nacional, seguido por Paraná, com 20,4%, e o Rio Grande do Sul, com
17,3%.
Outro setor
que se beneficiou com a alta demanda no mercado interno foi a produção de
frangos, proteína a que mais pessoas têm acesso e, em geral, substitui a carne
bovina.
Segundo o
IBGE, o resultado de estabilidade de 2022 é o segundo melhor da série histórica
e ficou atrás somente da quantidade de 2021.
A pesquisa
apontou ainda que nas exportações do produto, a gripe aviária, que atingiu em
maior grau o hemisfério norte, contribuiu para reforçar a venda de carne de
frango do Brasil. De acordo com o IBGE, em consequência, o Brasil se consolidou
ainda mais na posição de maior exportador de carne de frango do mundo.
Segundo
Bernardo Viscardi, houve problemas nas cadeias de produção de fornecedores
tradicionais no mercado internacional tanto nos Estados Unidos como na União
Europeia. “A guerra na Ucrânia também impactou, uma vez que o país era um dos
maiores fornecedores”, disse.
O Paraná
continuou na frente do ranking dos estados em abates de frangos em 2022 e
alcançou 33,5% de participação nacional. Depois estão o Rio Grande do Sul
(13,4%) e Santa Catarina (13,1%).
Leite
Em movimento
contrário, o leite captado em 2022 chegou a 23,85 bilhões de litros. O volume
representa uma queda de 5% na comparação a 2021. É também a segunda queda
consecutiva após o recorde observado em 2020.
Viscardi
disse que o desempenho pode ser explicado pelo fenômeno La Niña, que provocou
seca no Sul do Brasil e prejudicou as pastagens, resultando na diminuição da
produção de leite. “Os altos custos de produção, que influenciam o preço do
leite, envolvendo ração, energia e combustível, associados à baixa demanda do
mercado interno, foram outros fatores importantes”, acrescentou.
Mais uma
vez, Minas Gerais ficou na liderança no ranking nacional. Dessa vez, com 24,5%
de participação, seguido pelo Paraná (14,3%) e Rio Grande do Sul (13,3%).
Couro
A produção
em curtumes com, pelo menos, 5 mil unidades inteiras de couro cru bovino por
ano, atingiu o total de 30,11 milhões de peças inteiras. É um aumento de 2,4%
em relação ao ano anterior.
Segundo o
IBGE, o incremento do recebimento de peles bovinas em 13 dos 18 estados que têm
curtumes elegíveis pela pesquisa, influenciou o resultado. Com 16,6% de
participação, Mato Grosso se manteve na liderança do ranking nacional, seguido
por Mato Grosso do Sul, com 13,8%, e São Paulo, com 11,1%.
Último
trimestre
Os dados de
2022 foram obtidos após o resultado do 4º trimestre de 2022, quando o abate de
bovinos cresceu 7,7%, o de suínos de 3,4% e o de frangos de 2,2%, na comparação
a igual período de 2021. Frente ao 3º trimestre de 2022, o abate de bovinos
caiu 5,4%, o de suínos recuou 4% e o de frangos subiu 2,2%. Já a aquisição de
leite ficou em 6,29 bilhões de litros, o que representa recuo de 3,2% frente ao
4º trimestre de 2021 e alta de 2,5% na comparação com o trimestre imediatamente
anterior.
A aquisição
de peças de couro pelos curtumes avançou 5,4% em relação ao 4º trimestre de
2021, e retração de 4,6% se comparado ao trimestre anterior. Na soma, foram
7,62 milhões de peças de couro cru.
A produção
de ovos de galinha ficou em 1,04 bilhão de dúzias no 4º trimestre de 2022, uma
elevação de 3,4% ante o mesmo período de 2021 e de 1% frente ao trimestre
anterior.
Edição:
Fernando Fraga