Acnur teme morte de 180 refugiados rohingyas desaparecidos no Oceano Índico

Acnur teme morte de 180 refugiados rohingyas desaparecidos no Oceano Índico

Grupo está à deriva há um mês, e parentes perderam contato. Ano pode ter sido o mais mortal para a minoria muçulmana que é perseguida em Mianmar.

Por France Presse 26/12/2022 09h46  Atualizado há 58 minutos

Uma embarcação com 180 refugiados rohingyas – a minoria muçulmana perseguida em Mianmar – desapareceu no Oceano Índico. Nesta segunda-feira (26), a Acnur, a agência da ONU para os refugiados, disse achar que o grupo pode ter morrido na tentativa de fugir do país.

Milhares de rohingyas, uma minoria muçulmana perseguida em Mianmar, abandonam a cada ano os acampamentos de refugiados de Bangladesh para tentar chegar, pelo mar, à Malásia ou Indonésia, mas muitos morrem durante a travessia perigosa.

Para declarar ter poucas esperanças de encontrar os refugiados com vida, a Acnur se baseou nas seguintes informações:

O barco deixou no mês passado com dezenas de mulheres e crianças a bordo;

Testemunhas disseram ter avistado a embarcação em condições precárias nas costas da Tailândia, Índia, Malásia e Indonésia;

Parentes dos passageiros disseram ter perdido contato;

Antes disso, pessoas que estavam no barco relataram a amigos e família, por telefone, que estavam em perigo.

Uma delas, Munuwara Begum, de 23 anos, fez o alerta em uma mensagem de voz enviada à sua família.

“Estamos em perigo. Nos ajudem”, afirmou a jovem, segundo a gravação de áudio ouvida pela agência de notícias AFP. “Não temos água nem comida ou alguém que nos salve deste barco que está afundando”, acrescentou.

A agência da ONU afirmou que este ano pode ter sido o mais mortal para a minoria nas travessias, ultrapassando o número de mortes registrado em 2015, quando quando milhares de refugiados rohingyas morreram nas costas da Malásia, Indonésia e Tailândia.

“Os parentes perderam contato. Os últimos que tiveram contato presumem que todos estão mortos. Esperamos que não seja o caso”, declarou a Acnur em nota. “Se for verdade, esta será uma notícia devastadora”.

No domingo (25), outra embarcação de madeira, com motor danificado, chegou ao oeste da Indonésia com 57 refugiados rohingyas, todos homens, informou a polícia local. Eles estavam no mar há um mês.

A Organização Internacional para as Migrações (OIM) pediu aos países da região que “colaborem com urgência para evitar a repetição da crise de 2015”.

O episódio foi uma das piores crises humanitárias no mundo na última década.

Dois anos depois, em 2017, o Exército de Mianmar, em resposta a supostos ataques a bases do Exército, fez diversas operações contra os rohingyas, matando civis, violentando mulheres e incendiando vilarejos.

“Os governos e seus aliados já trabalharam juntos antes para encontrar soluções em escala regional”, recordou a OIM. “Pedimos, de novo, uma ação regional urgente”, acrescentou a organização. 

Homens da guarda costeira da Indonésia observam barco de madeira no qual um grupo de rohingyas chegou à praia de Indra Patra, no norte da Indonésia, em 25 de dezembro de 2022. — Foto: Rahmat Mirza/ AP

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