Alimentos e bebidas aliviam inflação para os mais pobres, aponta Ipea
Alimentos e bebidas aliviam inflação para os mais pobres, aponta Ipea
No acumulado do ano, renda baixa sofre menos com aumento de preços.
Publicado por Bruno de Freitas Moura - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro
Os
comportamentos dos preços de alimentos e bebidas, em agosto, contribuíram para
que a inflação das famílias mais pobres fosse menor que a das rendas média e
alta. A conclusão faz parte de um levantamento divulgado nesta quinta-feira
(14) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
O peso da
inflação para as famílias de renda domiciliar muito baixa (menor que R$ 2.015)
foi 0,13%, abaixo do 0,23% medido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA), considerado a inflação oficial do país e calculado pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Já para as famílias de renda
média alta (entre R$ 10.075 e R$ 20.151) a inflação em agosto foi 0,32%.
Gasto com comida
De acordo
com a pesquisadora Maria Andreia Lameiras, o principal alívio inflacionário em
agosto veio das deflações de alimentos e bebidas, ou seja, produtos que ficaram
mais baratos. As principais quedas de preço foram dos tubérculos (-7,3%),
carnes (-1,9%), aves e ovos (-2,6%) e leites e derivados (-1,4%). Como grande
parte do orçamento das famílias mais pobres é consumida com a alimentação, a
deflação desses itens faz grande diferença no bolso dessas pessoas.
“Em sentido
oposto, o reajuste de 4,6% das tarifas de energia elétrica – e seus efeitos
altos sobre o grupo habitação – impactou proporcionalmente mais a inflação dos
segmentos de menor poder aquisitivo, tendo em vista que essas classes despendem
uma parcela maior dos seus orçamentos para a aquisição desse serviço”, detalha
Lameiras na pesquisa.
Últimos 12 meses
No acumulado
dos últimos 12 meses, se repete o comportamento de a inflação ser maior para
famílias de maior renda domiciliar. Enquanto o IPCA é 4,61%, o aumento de
preços sentido pelos mais pobres é 3,70%. As famílias de renda baixa (4,04%) e
média baixa (4,49%) também ficam abaixo do IPCA.
Na
classificação do Ipea, renda baixa abrange de R$ 2,015 e R$ 3.022; e renda
média-baixa, entre R$ 3.022 e R$ 5.037.
Os
brasileiros de famílias de renda domiciliar alta (acima de R$ 20.151) tiveram a
maior inflação em doze meses (5,89%).
“Verifica-se
que a maior pressão inflacionária nos últimos doze meses reside no grupo saúde
e cuidados pessoais, impactado pelos reajustes de 5,9% dos produtos farmacêuticos,
de 10,2% dos artigos de higiene e de 13,7% dos planos de saúde”, pontua a
pesquisadora do Ipea.
Bares e restaurantes
Ainda sobre o
IPCA, a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) identificou
que, de janeiro a agosto, a inflação da alimentação fora do lar (3,85%) supera
o índice geral (3,23%). Para a associação, esse comportamento nos preços indica
que 2023 está sendo um ano de recuperação para o setor, que sofreu com
restrições causadas pela pandemia de covid-19. A retração recente no preço de
alguns alimentos, matéria-prima para bares e restaurantes, é observada com mais
chance de recomposição para os negócios. “A queda nos insumos é uma boa
notícia. Se for consistente, pode abrir espaço para uma recuperação mais
robusta”, avalia o presidente-executivo da Abrasel, Paulo Solmucci.
Edição:
Valéria Aguiar