Análise: Abel testa novo esquema no Palmeiras e pode tirar lições de empate na Argentina

Análise: Abel testa novo esquema no Palmeiras e pode tirar lições de empate na Argentina

Técnico mantém time titular, mas muda função de alguns jogadores na primeira partida da semifinal da Conmebol Libertadores; jogo da volta será na semana que vem, em São Paulo.


Por Emilio Botta — São Paulo

Abel Ferreira não precisou mudar nenhum jogador para promover uma alteração significativa na forma do Palmeiras jogar no empate com o Boca Juniors, na Bombonera, na noite da quinta-feira, na primeira partida da semifinal da Conmebol Libertadores.

O empate sem gols fora de casa pode ser considerado positivo para o Palmeiras, que agora jogará em casa para garantir a vaga na decisão do torneio sul-americano. O jogo de volta será no dia 5 de outubro, às 21h30 (de Brasília), no Allianz Parque.

O time titular do Verdão foi o mesmo desde a lesão de Dudu, no mês passado. Sem o atacante, Abel manteve Mayke improvisado e Marcos Rocha entre os titulares na lateral direta. A grande mudança, neste caso, foi tática.

Atuando no tradicional 4-3-3, com Rony centralizado com dois atacante de lado formando o trio de ataque, o Palmeiras vinha encontrando dificuldades nos últimos jogos por dois motivos: o fato de Mayke atuar improvisado como atacante, com Artur precisando mudar de lado e jogar aberto pela esquerda. A perda foi significativa: apenas dois gols marcados em cinco jogos.

Contra o Boca, Abel promoveu uma mudança no esquema tático do Verdão. O 4-3-3 foi deixado de lado para uma formação com 3-4-1-2, com Rony e Artur formando a dupla de ataque, cada um aberto de um lado. Marcos Rocha, Gómez e Murilo formaram a linha defensiva.

O Palmeiras já fazia a saída de bola com uma linha de três defensores no esquema usado anteriormente, sempre com o lateral-direito fazendo a função de terceiro zagueiro. A mudança, neste cenário, foi em realocar Artur na sua função de origem e povoar o meio de campo dando mais liberdade para Raphael Veiga distribuir o jogo e aparecer como elemento surpresa entre os dois atacantes.

Com Mayke, Gabriel Menino, Zé Rafael e Piquerez formando o quarteto no meio de campo, Abel conseguiu reequilibrar o Palmeiras também na transição entre o meio e o ataque, além de dar maior proteção aos zagueiros na recomposição.

 

A mudança funcionou?

Os primeiros minutos mostraram um Palmeiras mais solto e com velocidade habitual no ataque, que pressionou e teve as primeiras oportunidades, a principal delas em finalização de Artur, que recebeu dentro da área, dominou limpando a marcação e finalizou para fora.

Aos poucos, o Boca conseguiu equilibrar o jogo e ameaçou em erros de saída de bola do Palmeiras, como no caso de Piquerez e chance perdida por Medina dentro da área.

A melhor chance do primeiro tempo foi do Boca. Merentiel recebeu passe nas costas de Marcos Rocha, sem cobertura, e ficou na saída de Weverton. A bola raspou a trave.

O time argentino passou a ter o domínio completo do jogo no primeiro tempo, mas não conseguiu abrir o placar. Foram 10 finalizações do time argentino contra apenas três do Palmeiras.

O segundo tempo foi de uma presença ofensiva melhor do Palmeiras, principalmente com Raphael Veiga. O meia quase não participou na primeira metade do jogo, enquanto no segundo pisou mais na área e apareceu como alternativa entre Rony e Dudu.

Abel mexeu nos 15 minutos finais. Colocou Luís Guilherme e Richard Ríos nos lugares de Artur e Gabriel Menino, respectivamente. A mudança não alterou a disposição tática pensada por Abel para a partida na Bombonera.

Endrick e Breno Lopes ainda entraram nos acréscimos, mas em mudanças mais com o intuito de gastar o tempo e segurar o resultado do que em uma chance de mudar algo.

O Palmeiras acumulou o sexto jogo desde a lesão de Dudu, com apenas dois gols marcados e quatro jogos em que o ataque passou em branco. Questionado sobre as opções para mudar o panorama ofensivo do Palmeiras, Abel deixou claro o incômodo em torno das dúvidas sobre os testes que tem feito.

– Quais opções? Você pode me ajudar? Vamos lá, me ajude! Também tenho muitas dúvidas, mas a minha função é escolher, acreditar no elenco que tenho. Desde que cheguei ao Palmeiras o que faço é dar o meu melhor, buscar soluções, potencializar os moleques, e é isso que vocês precisam valorizar. Vejam a média de idade das equipes que jogaram as semifinais.

– Volto a dizer, que tudo o que faço é olhar para o elenco e escolher os melhores para jogar. O Rony não é ponta, o Breno pode jogar ali também. Acredito nos meus jogadores, gostaria de ter mais opções, mas os moleques nos ajudam muito. É usar a vantagem de jogar em casa, perante o nosso público, para chegar à final. É isso que queremos – disse o técnico do Palmeiras.

Antes de decidir a vaga na final da Libertadores, no dia 5 de outubro, no Allianz Parque, o Verdão visita o Bragantino, domingo, em confronto direto dentro do G-4 do Brasileirão.

Boca Juniors x Palmeiras, Rony, semifinal da Libertadores — Foto: Cesar Greco/Palmeiras

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