Análise: Abel usa jogo protocolar da Libertadores para primeiros testes sem Dudu no Palmeiras

Análise: Abel usa jogo protocolar da Libertadores para primeiros testes sem Dudu no Palmeiras

Técnico usou "novo" esquema tático projetando alternativas para a ausência de atacante na sequência da temporada; teste falhou em empate contra o Deportivo Pereira.


Por Emilio Botta — São Paulo

O empate sem gols do Palmeiras com o Deportivo Pereira, na quarta-feira, no jogo de volta das quartas de final da Conmebol Libertadores, serviu apenas para cumprir tabela e para Abel Ferreira pensar em alternativas a Dudu, lesionado, na sequência da temporada.

A goleada por 4 a 0 na ida, em Pereira, já tinha praticamente carimbado o passaporte do Verdão para sua quarta semifinal consecutiva de Libertadores. Agora para enfrentar o Boca Juniors.

No Allianz Parque, o técnico português fugiu da formação tradicional com três atacantes e entrou em campo com três zagueiros e dois centroavantes. A tentativa foi aumentar o repertório tático e as possibilidades na falta de um dos seus principais jogadores, mas com um esquema já utilizado em ocasiões pontuais.

O que se viu ao longo dos 90 minutos mais acréscimos do empate protocolar contra o Deportivo Pereira foi um teste que falhou e que pode ter sido usado apenas para ter a certeza de que a formação com três atacantes é a que funciona para o atual elenco, mesmo sem Dudu.

Com Luan, Gustavo Gómez e Murilo formando o trio de zagueiros e com Marcos Rocha e Piquerez atuando como alas, o Palmeiras teve um buraco no meio de campo que afetou diretamente o setor criativo comandado por Raphael Veiga. Em boa fase, o meia sofreu atuando mais centralizado.

– Vocês se lembram como jogamos na segunda Libertadores? O Piquerez foi um dos zagueiros. Como jogamos essa competição? Lembra do Del Valle, que ninguém tinha ganho, o Atlético-MG? Tudo que fizemos hoje, já fizemos antes. Não sei se é tendência, mas é algo que podemos usar. Ou não. Depende de como eu achar que temos que jogar.

– Ninguém substitui o Dudu. Mas minha função é arranjar soluções olhando para dentro. Se for com três zagueiros, vamos. Se for com quatro, como jogou Guardiola, também vamos. Aqui, não estamos acostumados com diferentes esquema táticos. O sistema é uma coisa só, o resto é dinâmica. É uma variação que temos, e não é de hoje. É perceber o que fazer em cada jogo – disse Abel Ferreira após a partida, sobre a variação tática contra o Deportivo Pereira.

Além da falta de criação no meio de campo, o Palmeiras encontrou dificuldade de ser dominante no primeiro tempo contra o Deportivo Pereira. É claro que o conforto pela vantagem de quatro gols construída no primeiro jogo precisa ser levada em consideração na análise. Mesmo assim, porém, o time encontrou dificuldade de se adaptar sem os pontas abertos e com dois centroavantes.

A dinâmica do sistema pensado por Abel ganhou forma com as entradas de Mayke e Vanderlan. Com mais profundidade no ataque, os dois laterais ajudaram a melhorar a transição do Palmeiras e passaram a explorar mais a dupla Rony e Flaco López, mesmo que apenas por alguns minutos até a saída da dupla para as entradas de Endrick e Kevin. Raphael Veiga também deixou o campo para a entrada de Artur, que passou a ser o jogador mais centralizado no setor criativo.

– Posso jogar com o Jhon Jhon, que vem por dentro ou corredor, ou com um ponta aberto, usando o um, dois. É o que eu achar melhor para a equipe. Posso jogar com um que venha por dentro ou com outro aberto – explicou Abel sobre como imagina o Palmeiras sem Dudu.

Se tinha um jogo para Abel fazer testes era este, contra o Deportivo Pereira. Apesar da vitória com facilidade conquistada na Colômbia, o time debutante na Libertadores veio para São Paulo com a missão de deixar a competição sem passar vexame. E conseguiu.

O Pereira foi um adversário que dificultou ao máximo os testes feitos pelo treinador português, inclusive o ajudando a entender ainda mais que não será fácil encontrar uma solução para a ausência de Dudu. E que a mudança de esquema tático talvez não seja a melhor das alternativas.

Mesmo sem o camisa 7 e um dos maiores ídolos da história do clube, o Palmeiras é favorito no confronto contra o Boca Juniors. Um time que chega pelo quarto ano consecutivo na semifinal da Libertadores e que se reinventa a cada temporada agora terá um novo desafio no caminho em busca do tetracampeonato.

Abel Ferreira em Palmeiras x Deportivo Pereira — Foto: Marcos Ribolli

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