Análise: Brasil ignora desfalques e mostra brilho e eficiência para voltar ao Mundial sub-20

Rodrygo, Emerson Royal, Guilherme Arana, Richarlison, Lucas Paquetá, Fred, Fabinho e Felipe Anderson. Todos esses jogadores, que hoje têm sucesso na carreira – cinco estiveram na última Copa do Mundo pela Seleção – não conseguiram o que Mycael, Andrey, Marlon, Vitor Roque e cia garantiram nessa noite de segunda-feira na Colômbia.

A vaga para o Mundial sub-20 veio com a vitória por 2 a 0 sobre o Paraguai – gols de Giovane e Ronald, um em cada tempo, no El Campín, em Bogotá, na Colômbia -, pelo hexagonal final do Sul-Americano. Líder a duas rodadas do fim, o Brasil volta ao Mundial – que será disputado entre maio e junho na Indonésia -, quebra sequência incômoda de dois sul-americanos consecutivos sem classificação. Pior: eram três fracassos nas quatro últimas competições da categoria disputadas – 2013, 2017 e 2019.

A cena do apito final – com 2 a 0 no placar contra o Paraguai e a vaga debaixo do braço – mostrou o peso que esses garotos levavam nas costas. Metade do time se estatelou no chão em sinal de cansaço, de gratidão e de fé pelo primeiro objetivo alcançado. A equipe, de quebra, garantiu também vaga no Pan-Americano de Santiago, do Chile, no segundo semestre – classificavam os três primeiros.

O roteiro não era diferente das últimas competições sub-20. No início da preparação, veto de clubes de grandes destaques – foram nada menos do que oito mudanças na lista original. Nos dois últimos amistosos, duas derrotas para o Chile, em Santiago. Ramon vivia a primeira experiência na base.

Ramon contou com duas peças que desequilibraram a competição: Andrey une o Brasil da defesa ao ataque e tem cheiro de gol. Fez cinco em seis partidas e conta com a ajuda eficiente e incansável de Marlon Gomes ao lado. O ex-vascaíno chegou na véspera da viagem, depois de negociação para o Chelsea e a espera não foi em vão. Próximo de ser negociado pelo Athletico, Vitor Roque é o artilheiro da competição e, mesmo quando não está inspirado, incomoda a defesa adversária.

Muitos erros, mas time eficiente

O Brasil saiu na frente logo aos 9 minutos do primeiro tempo em lindo cruzamento de Patrick, do São Paulo, para o primeiro gol de Giovane na competição – o corintiano saiu lesionado em seguida. O Paraguai jogava suas últimas fichas e com muita imposição física empurrou o Brasil para trás.

A equipe que tinha em sua marca o jogo de passes rasteiros, que saía de Robert Renan e tinha o carimbo dos meias até chegar nos pontas e em Vitor Roque, desta vez sofreu e errou muito mais. Andrey perdeu bola perigosa na primeira etapa, Robert no segundo tempo. Mas Mycael, mais uma revelação do Athletico no gol, pegou tudo de novo. Ele sofreu apenas quatro gols em sete partidas – é o menos vazado junto com o goleiro do Uruguai.

O desempenho do Brasil não era bom na segunda etapa e Ramon mexeu depois de dois sustos com menos de cinco minutos de partida. Tirou Vitor Roque e fez mais três mudanças para melhorar a equipe. Um dos substitutos, André Dominique fez ótima jogada para Andrey, que perdeu. Na sequência, Ronald, outro que entrou, marcou. O cruzamento foi de Pedrinho, mais uma mudança feita por Ramon.

Num jogo de atuação coletiva bem irregular, com segunda menor posse de bola brasileira na competição (40%, superior apenas à vitória contra a Argentina na segunda rodada), o Brasil de Ramon finalizou apenas sete vezes, três delas no gol e fez dois. Apenas contra a Colômbia, com time reserva, finalizou tão pouco. Os números também mostram que quando o brilho foi escasso, houve eficiência. As marcas desse time que volta a um Mundial e agora busca o 12º título sul-americano.