Análise: Carlos Miguel segura “zebra” e deixa Corinthians em boa condição na Copa do Brasil
Análise: Carlos Miguel segura "zebra" e deixa Corinthians em boa condição na Copa do Brasil
Goleiro fez pelo menos quatro grandes defesas no primeiro tempo; Timão chegou à virada na base do talento e da bola parada no duelo realizado na Arena das Dunas, em Natal.
Por José Edgar de Matos — São Paulo
O
Corinthians está mais perto das oitavas de final da Copa do Brasil. A vitória
por 2 a 1 sobre o América-RN, na Arena das Dunas, deixa o time a um empate da
classificação. Os aspectos positivos do resultado se concentram especialmente
na atuação de Carlos Miguel.
Titular por
causa da preservação de Cássio, que admitiu sofrer com a carga de críticas
recebidas no clube, o goleiro de 25 anos se consolidou na posição com defesas
decisivas em uma atuação irregular do Corinthians em Natal.
Diante de um
adversário da Série D e que defendia uma invencibilidade de 16 jogos, o
Corinthians sofreu mais do que deveria defensivamente. Para sorte do Timão,
Carlos Miguel viveu noite de alto nível, o que permitiu ao time construir a
vitória de virada com gols de Breno Bidon e Cacá.
Mesmo com
desfalques fundamentais como Rodrigo Garro, Gustavo Henrique, Maycon (que
operou nesta quarta-feira) e Yuri Alberto, o Timão poderia entregar mais e
sofrer menos.
O nível
coletivo da equipe na etapa inicial cabe em uma filosofia popular no futebol:
quando o goleiro se destaca, algo está errado coletivamente.
Foi nesse
contexto que Carlos Miguel apareceu com enorme participação nos primeiros 45
minutos da partida na Arena das Dunas. Mal defensivamente, a equipe só não se
complicou pela atuação individual do camisa 22.
Com
recomposição lenta e muito espaço na entrada da área, relembrando os piores
momentos da temporada, o time alvinegro cedeu uma quantidade acima do aceitável
de chances ao América-RN. Foi assim que os mandantes abrir o placar.
Marcos Ytalo
recebeu com enorme liberdade, sem qualquer tipo de marcação, e arrancou até
arriscar chute de longe aos 12 minutos. A bola desviou em Norberto no meio do
caminho e enganou completamente o goleiro. Somente a intervenção na trajetória
da bola fez Carlos Miguel ser superado.
O goleiro
terminou com pelo menos quatro grandes defesas, responsáveis por impedir os
mandantes de terminarem a primeira metade do duelo com vantagem no placar. A
partir disso, o time se recompôs e conseguiu entrar no confronto.
O empate
saiu na maior virtude do time em 2024: Wesley. Em grande jogada individual aos
29 minutos, o atacante levou a bola até a linha de fundo e deu bela assistência
para Breno Bidon anotar o primeiro gol como profissional.
O alerta
ligado nos minutos finais com as três defesas importantes de Carlos Miguel não
surtiu efeito na equipe comandada pelo auxiliar Bruno Lazaroni (António
Oliveira estava suspendo). A trave apareceu como salvadora logo aos sete
minutos da etapa final, em jogada bem ensaiada do América-RN finalizada por
Wenderson.
Esse susto,
sim, fez o Corinthians trabalhar melhor a posse de bola e impor a qualidade
técnica por alguns minutos. Tanto que, ao ocupar mais o setor ofensivo e
afastar o América-RN do seu próprio campo, o Timão chegou à virada com o
zagueiro Cacá, aos 17 minutos, aproveitando cruzamento de escanteio de Matheus
Bidu.
A virada
teve efeito negativo no comportamento coletivo do time.
O trabalho
de imposição técnica deu espaço à desconcentração, e o América-RN chegou a
balançar as redes em lance gerado após falta infantil de Wesley durante
trabalho de recomposição. A cabeçada certeira de Matheus Ferreira, porém, foi
anulada pelo VAR.
Precisou-se
de outro susto para o Corinthians se recolocar na partida. O objetivo até o fim
do confronto foi trabalhar a bola e diminuir o ritmo do América, que até
ensaiou uma pressão, mas sem o ímpeto demonstrado na primeira etapa.
Carlos Miguel precisou trabalhar menos, e o Timão saiu de Natal com um resultado importante na briga pela vaga nas oitavas de final da Copa do Brasil.