Análise: com ataque em baixa, Santos precisa fazer Marcos Leonardo ser mais participativo

Análise: com ataque em baixa, Santos precisa fazer Marcos Leonardo ser mais participativo

Sistema de criação ofensiva do Peixe tem se mostrado inoperante quando o time não tem pontas de velocidade em campo; foi assim no empate sem gols com o Atlético-MG.





Por Yago Rudá — São Paulo 24/04/2023 04h00 - Atualizado há 5 horas

Quem acompanha os jogos do Santos nesta temporada está cansado de saber: entre outros problemas deste time, o mais urgente é o da ineficiência do ataque. Foi assim, de novo, no empate sem gols contra o Atlético-MG, neste domingo, na Vila Belmiro.

Em suas últimas três partidas na temporada, o Peixe não marcou sequer um gol. Observando a forma como a equipe se comporta em campo, a questão do setor ofensivo tem relação direta com Marcos Leonardo.

Calma! Este texto não é uma crítica ao talentoso centroavante do Santos. Na maioria dos jogos, o camisa 9 passa boa parte do tempo trombando com os zagueiros adversários, sendo empurrado e correndo para lá e pra cá sem receber a bola em condições de finalizar ao gol.

O problema do Santos está na criação das jogadas – parte importante do sistema ofensivo – e, sobretudo, na forma como ela se desenvolve.

Em suma, quando ataca, o time é programado a (quase que sempre) buscar Lucas Lima no meio para que o camisa 23 encontre um passe em profundidade a um dos pontas e, desta forma, pelas beiradas, atacar seus adversários com amplitude pelos dois lados do campo.

Para que isso aconteça, o técnico Odair Hellmann depende, e muito, de nomes como Mendoza, Soteldo, Lucas Braga e Ângelo. As tais peças de velocidade são parte vital do funcionamento do Santos. Sem elas, o que aconteceu no último domingo contra o Atlético-MG, a equipe facilmente se perde em campo.

É justamente neste ponto que entra a figura de Marcos Leonardo e seu estilo de jogo. Por característica, o menino da Vila tem o hábito de, na iminência receber a bola, acelerar a passada, partir para cima de seus adversários e, o mais rápido possível, chutar ao gol.

Quando a bola chega na frente, o Santos tem enorme dificuldade em permanecer no ataque. Isto porque o time não tem construção na frente da área adversária. As opções se limitam a chutar ao gol ou perder a bola tentando.

São raras as vezes em que o camisa 9 faz o pivô e chama um meia ou um outro atacante para apoiar o ataque. É por isso que os volantes do Santos mal chegam à frente: não dá tempo. A necessidade em finalizar os lances gera um efeito em cadeia que acaba sendo negativo.

No jogo contra o Galo, o meia Lucas Lima deu 50 passes, sendo 15 erros. Analisando a partida, é fácil perceber que, na maioria das falhas, o camisa 23 tentou uma bola longa ou um passe em profundidade para Marcos Leonardo disputar no meio de dois ou três marcadores.

Há no Santos a urgência da resolução do problema. O técnico Odair Hellmann tem razão quando reclama das ausências e do impacto que elas trazem ao time, mas é preciso entender que elas são normais e acontecerão em diversas outras oportunidades ao longo do Brasileirão. O argumento é válido, mas é também responsabilidade do treinador encontrar soluções.

Para ser competitivo, o Peixe precisa diversificar seu estilo de jogo e a forma como constrói na frente. A mudança passa também por uma contribuição maior do centroavante, segurando a bola no ataque para que o time possa subir, trocar passes e criar chances com mais gente perto do gol.

Jogadores do Santos antes de jogo contra o Atlético-MG — Foto: Raul Baretta/ Santos FC

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