Análise: eliminação é último respiro de um Palmeiras que pede socorro

Análise: eliminação é último respiro de um Palmeiras que pede socorro

Verdão mostra limitações e dá adeus ao sonho do tetra na Libertadores.


Por Emilio Botta — São Paulo

O enredo de toda eliminação não precisa necessariamente eleger um vilão. É quase tradição no futebol brasileiro apontar um culpado para cada derrota sofrida. No derrota do Palmeiras para o Boca Juniors nos pênaltis, após empate por 1 a 1 no tempo normal, não há um antagonista.

O time multicampeão dos últimos anos vinha dando sinais do seu enfraquecimento ao longo da temporada. As perdas de Danilo e Gustavo Scarpa na virada do ano, a ausência de reforços para encorpar o time comandado por Abel Ferreira e a lesão de Dudu como golpe final de um time que ficou fragilizado.

Nesta quinta-feira, o que se viu no Allianz Parque foi talvez o último respiro de um time que pede por mais ar, mais reforços e mais respaldo para seguir chegando em condições de brigar por todos os títulos que disputa. Assim como tem sido nos últimos e como foi em 2023, com as taças da Supercopa do Brasil e do Paulistão.

O Palmeiras, agora, concentra suas forças nas rodadas finais do Brasileirão em busca de uma missão muito difícil: alcançar o Botafogo e voltar para a briga pelo título. A vaga na próxima edição da Conmebol Libertadores é o objetivo mais palpável neste momento.

 

Valeu a insistência?

Abel Ferreira não surpreendeu e colocou em campo o mesmo time e a mesma disposição tática do empate sem gols na Bombonera. E nada mudou em relação aos últimos jogos em termos de desempenho. Sem conseguir criar e imprimir a intensidade característica do seu jogo, o Palmeiras quase não incomodou o Boca Juniors na etapa inicial.

Apesar dos 63% de posse de bola e das dez finalizações, foi o Boca que conseguiu ser mais efetivo e abrir o placar em uma de suas apenas duas chegadas ao ataque. Merentiel passou como quis por Gustavo Gómez e encontrou Cavani praticamente na linha do gol para marcar para o time argentino.

A atmosfera mágica vista antes da partida com o corredor de torcedores que conduziu o ônibus do Palmeiras nos quase dois quilômetros que separam a Academia de Futebol ao Allianz Parque aos poucos virou a impaciência gerada por um time que deixou de ser dono de si e dos seus adversários.

 

Correção de rota

Abel voltou do intervalo com duas mudanças. Marcos Rocha e Artur saíram para as entradas de Kevin e Endrick, respectivamente. As alterações surtiram efeito e o Palmeiras melhorou, pressionando o Boca e criando boas chances de empatar nos minutos inciais. Mayke e Zé Rafael pararam em boas defesa de Romero.

A expulsão de Rojo, aos 21 minutos, mudou de vez o clima no Alllianz Parque. Dentro e fora de campo. Com mais intensidade e com mudanças ofensivas promovidas por Abel, que também colocou Flaco López e Luís Guilherme, além de Fabinho para oxigenar o meio de campo.

O empate veio em chute de longa distância de Piquerez, que acertou uma bomba e conseguiu vencer Romero, que fez grandes defesas e vinha sendo o herói do Boca na partida.

A ousadia necessária de Abel no segundo tempo fez o Palmeiras terminar o jogo com cinco atacante – Kevin, Endrick, Luís Guilherme, Rony e Flaco López -, apenas um volante e sem lateral-direito. Apesar do time todo no ataque, o Verdão não conseguiu aproveitar a vantagem numérica nos minutos finais e a forte pressão do seu torcedor para conseguir a virada ainda com a bola rolando.

 

Pênaltis definem futuro

A esperança da classificação pareceu real com a defesa de Weverton no pênalti cobrado por Cavani. Mas parou por aí. O Boca não errou mais, marcou quatro vezes e viu o Palmeiras perder duas penalidades com Raphael Veiga e Gustavo Gomez.

A eliminação colocou fim a chance mais palpável de título do Palmeiras em 2023. Agora, resta o Brasileirão e missão quase impossível de tirar a diferença para os líderes da competição e conseguir manter o título.

O 2024 do Palmeiras terá início nesta sexta-feira, com o planejamento e a busca de jogadores para fortalecer o elenco no que pode ser a última temporada de Abel Ferreira à frente do clube. A diretoria não pode repetir o mesmo erro e deixar de fortalecer um time que perdeu peças ao longo da temporada.

Palmeiras x Boca Juniors, gol de Cavani — Foto: Marcos Ribolli

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