Análise: empate no fim e resiliência do time dão respiro a António Oliveira no Corinthians
Análise: empate no fim e resiliência do time dão respiro a António Oliveira no Corinthians
Treinador pode viver algum grau de "normalidade" e projetar o duelo contra o Cuiabá com uma equipe mais confiante.
Por José Edgar de Matos — Curitiba
Cacá estufou
o peito para desviar o rebote da falta de Garro, empatar o jogo contra o
Athletico-PR, na Ligga Arena, e dar sobrevida à comissão técnica de António
Oliveira no Corinthians. O resultado de 1 a 1 permite à equipe respirar, mesmo
com a zona do rebaixamento como realidade, e o elenco ter um pouco de paz para
trabalhar.
O ponto
conquistado nos acréscimos com o gol de Cacá ameniza a pressão sobre o trabalho
de António Oliveira. As circunstâncias que levaram o Corinthians ao empate,
diante de desfalques fundamentais e caos administrativo, respaldam a
pressionada comissão técnica diante dos problemas enfrentados no dia a dia e
fora de campo.
O
comportamento do treinador com o apito final mostra este fortalecimento com o
resultado em Curitiba. António fez questão de agradecer aos torcedores do Timão
no Paraná. Houve festa pelo resultado nas cadeiras da Ligga Arena e
reconhecimento do treinador pelo papel do público.
O reconhecimento do torcedor tem a ver com a dificuldade enfrentada por António Oliveira na preparação para o compromisso difícil diante de uma das equipes mais constantes do país.
Desde a
chegada em fevereiro, a comissão perdeu ao todo 12 jogadores entre negociados,
lesionados e convocados. Isso se contar desde a chegada de António Oliveira até
o duelo deste domingo em Curitiba.
Cássio e
Paulinho, referências nos bastidores, deixaram o clube, assim como Raul Gustavo
e Matías Rojas. Carlos Miguel e Fausto Vera, com negociações para dar adeus,
seguem no dia a dia do CT, mas não serão utilizados enquanto finalizam a saída
do Corinthians.
Em Curitiba,
António Oliveira ainda não contou com os lesionados Palacios, Fagner, Maycon e
Pedro Henrique, além do suspenso Yuri Alberto. O português também perdeu Romero
e Félix Torres, convocados para defenderem Paraguai e Equador, respectivamente,
na Copa América.
Em
contrapatida, o Timão encarava um time de projeto estável e de equipe mais
avançada no processo de formação. O Athletico-PR começou a rodada no G-4 e
tinha o apoio de 34 mil pessoas para tentar se aproximar da briga pela ponta.
Donelli dá
boa resposta, e Cacá simboliza resiliência
A ausência
de Carlos Miguel, aliás, incomodou. Ainda sob indefinição da ida para o
Nottingham Forest, o goleiro alegou dores nos tornozelos e sequer viajou com a
delegação para Curitiba. O técnico António Oliveira, inclusive, disse que o
goleiro não atua mais pelo clube.
O clima
pesado pelo acontecimento recente com o goleiro acabou amenizado por mais uma
boa atuação de Matheus Donelli. Efetivado como titular a partir deste domingo,
o goleiro de 22 anos fez pelo menos quatro defesas importantes para segurar o
Athletico.
Na zaga, a
resiliência de Cacá simbolizou o ponto conquistado. O defensor, marcado por
gols contras diante de Atlético-GO e São Paulo, errou o tempo de bola e
permitiu a Christian desviar de cabeça para as redes do gol do Corinthians no
primeiro tempo.
O erro
técnico não tirou a concentração do zagueiro, responsável por dar o mínimo de
paz para o clube. Nos acréscimos, Rodrigo Garro cobrou falta na trave (com
desvio do goleiro Léo Linck), e o defensor colocou o peito na bola para igualar
o marcador.
O ponto não
tira o time da degola (é o 18º, com oito pontos), não melhora a situação no
Brasileirão, mas permite o mínimo de respiro para Cacá, António Oliveira e
companhia trabalharem com maior grau de “normalidade” nos próximos dias.
O Timão tem
a chance de voltar a vencer e respirar de vez antes do clássico contra o
Palmeiras marcado para a próxima segunda-feira. Na quarta, o time recebe o
Cuiabá diante de 40 mil pessoas na Neo Química Arena muito mais confiante
diante da reação conquistada nos minutos finais de jogo.
– O
diferencial é ter fé, acreditar sempre. Isso está muito dentro da instituição e
do Corinthians, nunca desistir. A gente se cobra para nunca entregar, desistir,
porque a história pode mudar. A bola bateu e entrou, agora é trabalhar para
ganhar os próximos jogos e melhorar na tabela – destacou Matheus Donelli, novo
titular do gol e com vivência de Corinthians desde pequeno.
Aliás, este
Corinthians se acostuma a buscar resultados no fim, como os casos das vitórias
sobre Santo André e o empate contra o Palmeiras, ambos pelo Paulista. Diante do
Athletico a resiliência da equipe acabou recompensada perto do apito final, com
um empate considerado importante.