Análise: Palmeiras é engolido após plano desastroso de Abel e liga sinal vermelho para mês decisivo
Análise: Palmeiras é engolido após plano desastroso de Abel e liga sinal vermelho para mês decisivo
Verdão entrou em campo para não perder e se livrou de sofrer uma goleada no Maracanã. Pior do que a vaga muito ameaçada na Copa do Brasil é a sequência com desempenho ruim.
Por Thiago Ferri — São Paulo
O Palmeiras
tem que levantar as mãos para o céu por perder “só” por 2 a 0 para o
Flamengo. Com um plano desastroso de Abel Ferreira, o Verdão desde o início
parecia jogar para não perder. E no fim se livrou de uma goleada na ida das
oitavas de final da Copa do Brasil.
A sequência
com três derrotas seguidas e péssimo desempenho já não liga nem o sinal amarelo
na Academia de Futebol. É direto o vermelho, pois teve uma das piores atuações
da era Abel Ferreira na primeira “final” do decisivo mês de agosto.
Os problemas
começaram na estratégia montada pelo treinador.
Conhecido
por criar planos especiais para jogos decisivos, ele mudou bastante a escalação
para enfrentar o Flamengo: Giay, que estreara sábado, desbancou Marcos Rocha e
Mayke; Aníbal Moreno e Zé Rafael fizeram a dupla de volantes, Richard Ríos entrou
aberto na direita, Felipe Anderson na esquerda, Raphael Veiga por dentro e Rony
na frente.
Em vez de
escolher a dobra de laterais pelo lado direito, Abel preferiu ter Ríos jogando
à frente de Giay, pensando especialmente em dar mais força de marcação. Mas
este foi o setor que o Flamengo melhor explorou nos minutos iniciais com
Everton Cebolinha, até o atacante se machucar.
Tendo apenas
perto de 25% de posse de bola, o Palmeiras se fechava com a esperança de
encaixar uma transição rápida. Só que Rony não conseguiu sustentar a posse
quando era lançado, e o time passou a ter mais pressa.
O cenário no
primeiro tempo era: desarme e logo em seguida lançamento para o ataque. Mas sem
tempo de a equipe subir para frente, a bola apenas batia e voltava.
Embora com a
bola não fizesse nada, o Verdão pelo menos não sofria com chances claras do
Flamengo. Mesmo com desempenho pobre, foi para o intervalo conseguindo executar
o plano: não perder.
Só que o
segundo tempo acentuou as diferenças. O Palmeiras era engolido pelo Flamengo em
todas as fases do jogo: taticamente, tecnicamente, fisicamente e mentalmente.
Sem confiança, a equipe não tinha forças para vencer duelos e incomodar a meta
de Matheus Cunha.
E os erros
começaram a aparecer. Giay fez um jogo desastroso e ficou perdido na jogada do
primeiro gol. Já Gustavo Gómez cometeu um erro de passe sem pressão, sozinho –
inexplicável. Em contra-ataque, o Flamengo pegou o Palmeiras desorganizado, e
Luiz Araújo marcou o segundo.
O momento em
que sofreu o 2 a 0 foi o “melhor” do Verdão no jogo, pois pelo menos
não sofria pressão. Mas foi muito pouco.
Em outros
momentos de sua trajetória vitoriosa, Abel Ferreira já adotou planos cautelosos
em mata-matas quando entendia enfrentar equipes fortes.
O técnico
argumenta que sua equipe está sem confiança, com baixo desempenho individual e
alguns jogadores importantes lesionados ou voltando do departamento médico. Por
isso escolheu a postura mais defensiva. Mas o argumento é pouco para justificar
a atual sequência.
Este é o
melhor elenco do Palmeiras sob o comando do português. E ele tem tido
dificuldades para encaixar as peças na equipe ideal.
Estêvão era
o grande nome, e está novamente fora, machucado. Abel quer encaixar o time com
ele na direita, e ainda não achou um lugar para Felipe Anderson. Na esquerda, o
camisa 9 tem participado pouco do jogo. Tem sido um desperdício até aqui.
Rony, mais
uma vez escalado como titular, é um dos jogadores que não foram bem nesta
sequência de desempenho ruim.
A
intensidade, uma marca para o sucesso do Palmeiras, fez falta no Maracanã. O
calendário tem castigado as equipes, mas o Flamengo poupou menos no fim de
semana (o Verdão foi praticamente com reservas contra o Vitória) e pareceu mais
inteiro.
Abel precisa encontrar saídas diante do momento ruim. Não é algo inédito para ele, e há exemplos recentes, já que até o início do mês o time vinha crescendo de desempenho. Mas foi Estêvão sair, a história começou a mudar.
Mesmo sem o
camisa 41, o Palmeiras tem opções para fazer muito mais. E vai ser preciso.
Mesmo que a classificação na Copa do Brasil hoje pareça algo distante, o mês de
agosto terá ainda jogos duros no Brasileiro e as oitavas da Libertadores.
Continuar mal assim pode fazer o Verdão começar setembro com a temporada quase acabada. Pelo que se tem hoje na Academia de Futebol, seria uma tragédia. De Abel aos jogadores, todos precisam entregar mais.