Análise: Palmeiras não permite ser nocauteado, renasce de maneira improvável e tem virada épica

Análise: Palmeiras não permite ser nocauteado, renasce de maneira improvável e tem virada épica

Tal qual um lutador de boxe, Verdão fica nas cordas contra o Independiente del Valle, mas tira forças de onde parecia não ter para viver noite mágica no Equador.


Por Eduardo Rodrigues — São Paulo

A virada heroica do Palmeiras sobre o Independiente del Valle, na última quarta-feira, pela Conmebol Libertadores, pode ser contada com uma analogia a um lutador de boxe.

Enfrentando o adversário em um ambiente pouco propício para brasileiros, com altitude de mais de 2.500 metros, o Verdão entrou em desvantagem no duelo. E ela piorou ainda mais nos primeiros minutos.

Foram necessários apenas 11 minutos para o Palmeiras levar um duro golpe, em finalização de fora da área do garoto prodígio equatoriano Kendry Páez, de 16 anos. O gol sofrido deixou o time atordoado, mas ainda de pé.

O problema é que o Del Valle não dava respiro. A cada descida dos equatorianos, uma apreensão para o torcedor.

À beira do “ringue”, Abel Ferreira percebeu que a situação estava cada vez mais delicada. Aos 33 minutos, ele fez um sinal para Weverton cair no gramado e ganhar tempo para fazer alguns ajustes. O técnico chamou Rony, Endrick e Raphael Veiga na área técnica e passou instruções.

A tática não deu certo. Quatro minutos depois, o segundo gol do Del Valle. O time ficou nas cordas. Era questão de tempo para ser nocauteado e conhecer sua primeira derrota na Libertadores.

Mas como em um filme de Rocky Balboa, o Verdão tirou forças de onde parecia não ter. E com o seu garoto prodígio. Aos 46 minutos, Endrick recebeu cruzamento de Rony e cabeceou para diminuir o placar.

O primeiro round, apesar dos “socos levados”, terminava com um saldo positivo para o Verdão.

Dentro dos vestiários, Abel Ferreira pediu, sobretudo, uma mudança de postura ao time. Se continuasse como na primeira parte, a vitória seria improvável. Os jogadores ouviram bem o recado do comandante e voltaram diferentes.

Com mais posse de bola, o Palmeiras se organizou em campo e conseguiu algumas chegadas de perigo. As esquivas e alguns golpes já entravam com mais naturalidade.

A situação melhorou a partir dos 19 minutos, quando Luís Guilherme e Estêvão saíram do banco de reservas. Aos 32, mais três mudanças (entradas de Lázaro, Flaco López e Vanderlan) colocaram o time em pé de igualdade.

Aos 35 minutos, o empate saiu justamente dos pés de dois que saíram do banco de reservas. Flaco López achou um bonito toque para Lázaro chutar na saída do goleiro e fazer o seu primeiro com a camisa do Palmeiras. O Verdão renasceu de forma inesperada e deixou o Del Valle sem rumo.

As rédeas do duelo já eram do time alviverde. Passou-se acreditar que era possível nocautear seu adversário. E ele aconteceu no último lance de jogo.

O garoto Luís Guilherme recebeu passe de Lázaro, ajeitou para o pé esquerdo e soltou uma pancada que fez a equipe equatoriana desmoronar. Na beira do gramado, Abel acompanhou o jogador, parecendo saber o que ele faria, e falou “chuta”.

– Não há satisfação maior do que ver quem entrou dar a volta ao resultado e a forma como todo o grupo celebrou o gol. É algo difícil de explicar, mas que se sente. Parabéns ao Del Valle, os primeiros 35 minutos nos colocou nas cordas, não fez o K.O (nocaute), mas em determinado momento pensei que sofreríamos um K.O. Soubemos esperar e no 12º round, demos um nocaute no adversário, estamos de parabéns – comemorou Abel.

A festa pela vitória heroica não se limitou apenas ao campo. Jogadores e comissão técnica vibraram muito nos vestiários e cantaram a música que embala o time quando está atrás do placar.

– O Palmeiras é o time da virada, o Palmeiras é o time do amor.

Mais uma vez o Verdão de Abel Ferreira mostra por que é tão difícil nocautear o atual bicampeão Brasileiro e que venceu duas Libertadores sob comando do treinador.

Mais uma vez mostrou que o Palmeiras “só deixa de lutar quando o jogo termina”, como disse Abel. 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *