Análise: passivo e pouco criativo, Corinthians sofre sem Renato Augusto em eliminação

Análise: passivo e pouco criativo, Corinthians sofre sem Renato Augusto em eliminação

Timão precisa de correções - e reforços - para evitar quarto ano seguido sem títulos.




Por Bruno Cassucci — São Paulo 13/03/2023 04h00 - Atualizado há 5 horas

Mesmo sem Renato Augusto, o Corinthians poderia e até deveria ganhar em casa do Ituano, time valente, mas bastante limitado, que até semana passada lutava contra o rebaixamento no Campeonato Paulista. Porém, sem o cerebral camisa 8, que está machucado, a equipe de Fernando Lázaro demonstrou dificuldade criativa e uma série de outros problemas que custaram a eliminação precoce no Estadual com a derrota nos pênaltis por 7 a 6 após o empate em 1 a 1 no tempo normal.

A queda diante de mais de 43 mil torcedores para um clube de orçamento infinitamente inferior e a ausência na semifinal do Paulistão após nove anos podem ser considerados vexames? Não gosto desse termo e penso que ele não se aplica a derrotas em jogos únicos de “mata”, ainda mais nos pênaltis, mas a nomenclatura do fracasso pouco importa. Diretoria e comissão técnica do Corinthians devem se concentrar nas razões da eliminação e nas correções necessárias para que o clube não termine o quarto ano seguido sem levantar um troféu.

Acostumado a se impor em Itaquera, o Corinthians começou o jogo de forma passiva e demorou a se encontrar. Com menos de 15 minutos, o Ituano já havia chegado três vezes com perigo, todas pelo lado esquerdo da defesa alvinegra, setor em que Paulinho e Róger Guedes se alternavam na proteção de Fábio Santos. O veterano lateral esteve em tarde bem ruim, não apenas pelo pênalti perdido, mas também pelo espaço concedido aos adversários e pelo pouco apoio ofensivo.

Foi por ali que, aos 25 minutos, Raí Ramos teve liberdade para avançar e abrir o placar com uma bomba no ângulo de Cássio, que também falhou.

O Corinthians tinha muito mais posse de bola, mas não conseguia converter isso em controle do jogo ou mesmo em chances de gol. A bola circulava de um lado para o outro sem muita velocidade e não encontrava espaço entre as ajustadas linhas de marcação do Ituano.

Roni se desdobrava para fechar espaços quando a equipe não tinha a posse, mas colaborava pouco quando tinha a bola no pé. Giuliano também esteve apagado no início, mas cresceu no decorrer da partida.

Escolhido para substituir Renato Augusto, Paulinho se posicionava mais à frente, próximo de Yuri Alberto e Róger Guedes, e participava pouco do jogo. Se faltou mais participação dele na transição da defesa para o ataque, sobrou o que ele sempre teve de melhor: visão de jogo e inteligência para infiltrar na área adversária e, com força e precisão, empatar o jogo de cabeça, após belo cruzamento de Adson.

O empate no fim do primeiro tempo veio em um momento em que o Ituano se retraiu demais e deu novo ânimo ao Timão, que voltou melhor para o segundo tempo.

Aos poucos, o Corinthians passou a empurrar o adversário para trás e sufocar. A torcida cresceu, e o gol parecia questão de tempo. No entanto, em vez de melhorar, o time caiu de rendimento com as primeiras substituições: Paulinho e Adson deram lugar a Maycon e Pedrinho.

O jovem de 17 anos entrou pelo lado direito, mas minutos depois mudou de lado. Ele passou a jogar aberto pelo lado esquerdo, quase colado à linha lateral. Do lado oposto, era Fagner quem tinha esse papel, a fim de alargar a defesa do Ituano.

Sem infiltrar na área, o Timão passou a abusar da ligação direta e dos chuveirinhos na área. Alguns até funcionaram, como no que Gil cabeceou cruzado e por muito pouco Fausto Vera não empurrou para as redes. Mas, no geral, os donos da casa fizeram pouco para merecer a classificação.

 

Estatísticas da partida: Corinthians x Ituano

Posse de bola: 69% x 31%

Finalizações: 12 x 9

Passes certos: 665 x 188

Passes incompletos: 78 x 67

Desames: 14 x 14

Dribles: 3 x 5

Faltas cometidas: 5 x 9


“Corinthians foi muito mal no jogo”, diz Careca Bertaglia | A Voz da Torcida

 

O Corinthians não é tão frágil quanto a eliminação desse domingo pode fazer parecer, nem tão competitivo quanto alguns torcedores imaginaram após vitórias na fase de grupos do Paulistão. O clube tem uma base qualificada, mas envelhecida e com limitações, que carece de reforços em algumas posições.

Se a decisão agora é a de manter Fernando Lázaro, como disse o presidente Duilio Monteiro Alves ainda na Neo Química Arena, é preciso dar respaldo ao treinador. Seria terrível mantê-lo por três semanas sem jogos e mudar logo depois, em meio ao Brasileirão, a Libertadores e a Copa do Brasil. Infelizmente, a paciência costuma ser menor em anos de eleição em clubes de futebol…

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