Análise: Santos parece entregar nas mãos da sorte a permanência na Série A

Análise: Santos parece entregar nas mãos da sorte a permanência na Série A

Peixe não vence, mas adversários também não descolam na tabela de classificação. À beira da sorte, equipe vai evitando se afundar na zona de rebaixamento.


Por Bruno Giufrida — São Paulo

Cada time usa as armas que pode para conquistar seus objetivos no Campeonato Brasileiro. O Santos tem usado uma pouco comum e sem comprovação de como deve ser utilizada no futebol, mas que, por incrível que pareça, pode dar resultado: a sorte.

Na luta contra o rebaixamento e sem dar sinais técnicos de que vai conseguir se livrar dele, o Peixe tem cinco vitórias em 22 jogos. Nas últimas 10 rodadas do Brasileirão, por exemplo, para termos um recorte mais recente, foram só dois resultados positivos.

A péssima sequência, é claro, fez o Santos entrar na zona de rebaixamento, mas a sorte, sim, tem evitado um cenário ainda pior.

Nesta rodada, por exemplo, o Peixe poderia ter ficado ainda mais longe de sair do grupo que vai para a Série B no ano que vem já que perdeu por 2 a 0 para o ex-lanterna América-MG, em Belo Horizonte. Mas o Bahia, mesmo jogando em casa, empatou com o Vasco, outro concorrente direto na luta contra a queda.

Na rodada anterior, para termos outro exemplo, o Santos perdeu para o Atlético-MG, mas o Bahia também foi derrotado – perdeu por 3 a 0 para o Botafogo. Se vencesse as duas partidas, o Tricolor já teria mais cinco pontos e estaria a seis de distância do Peixe.

Olhando um pouco mais para cima na tabela de classificação, mais exemplos do grande reforço do Santos na temporada: a sorte. Goiás, Internacional, Corinthians, Cruzeiro e São Paulo, que completam o grupo dos times da parte de baixo, não venceram nas últimas três rodadas.

O mau desempenho alheio, graças à sorte, é claro, tem ajudado o Santos a não se afundar ainda mais na luta contra o inédito rebaixamento no Campeonato Brasileiro. Mas até quando o Peixe vai depender do que não está sob seu controle?

Ironias à parte, o Santos tem desperdiçado oportunidades de escapar da zona de rebaixamento. Aí, quando vencer, vai olhar para os adversários também conquistando pontos e dizer: “que azar, a rodada foi ruim!”. Negativo. As rodadas têm sido boas. O Peixe é que não tem quase nada além da sorte ao seu lado.

Contra o América-MG, dono da pior defesa do Campeonato Brasileiro, o Santos pouco criou oportunidades – só o fez quando o adversário recuou e já vencia por 2 a 0, estava tranquilo. Se nem diante de quem mais foi vazado no torneio o time consegue fazer gols, contra quem vai fazer?

Enquanto o Santos acumula fracassos dentro de campo e não consegue evoluir, a torcida tem apoiado para ao menos tentar aumentar um pouquinho essa tal de sorte. Antes do embarque para Belo Horizonte, os torcedores repetiram a festa no aeroporto que já tinham feito antes dos jogos diante do Fortaleza e do Atlético-MG.

Isso, porém, não vai ser o suficiente – nem com muita sorte! O Santos precisa jogar futebol, o que tem sido muito raro. É tão difícil repetir o que fez contra o Grêmio, na Vila Belmiro? O que acontece com o elenco, que parece não entender o tamanho do problema em que está entrando ao empurrar com a barriga a briga contra o rebaixamento?

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