Análise: Santos precisa errar menos para não depender do individual
Análise: Santos precisa errar menos para não depender do individual
Se não fossem as atuações de Soteldo e Mendoza no ataque, e de João Paulo embaixo das traves, o time de Odair Hellmann seguiria sem vencer no Brasileirão.
Por Henrique Toth — São Paulo 30/04/2023 04h00 - Atualizado há um dia
A vitória
por 3 a 2 do Santos em cima do América-MG gerou entretenimento, isso é
inegável. Mas para o torcedor santista, o jogo foi um flerte constante com o
perigo. João Paulo, embaixo das traves, e Soteldo e Mendoza, na frente,
decidiram.
Repetindo a
escalação que pouco produziu na vitória contra o Botafogo-SP, no meio da
semana, Odair Hellmann levou a campo: João Paulo; Nathan, Eduardo Bauermann,
Messias e Lucas Pires; Dodi, Rodrigo Fernández e Lucas Lima; Mendoza, Soteldo e
Marcos Leonardo.
Em campo, o
que se viu foi um Santos mostrando evolução, mas ainda com dificuldades para
construir as jogadas com qualidade e dominar o jogo. Além disso, encarando um
time bem organizado, viu sua defesa, que havia tomado um gol em sete jogos, ser
vazada duas vezes e quase sofrer o empate no final.
O Santos
terminou a partida com uma precisão de 75% nos passes. Foram 230 passes
completos e 75 incompletos. Números que refletem a dificuldade do time de Odair
Hellmann em construir com qualidade.
Buscando uma evolução com o tempo de trabalho, Odair Hellmann precisa achar mecanismos, como talvez utilizar Lucas Lima construindo de trás para frente, para ver seu time errar menos, não depender tanto das individualidades e, assim, não flertar tanto com o perigo.
João Paulo,
no gol, evitou o empate nos minutos finais. Na frente, Soteldo de uma bela
assistência no primeiro gol e foi ligeiro no segundo. Mendoza fez o primeiro e
deu a assistência do segundo. E Bauermann, pivô, deixou o dele, mas também
quase atrapalhou depois. Na individualidade, o jogo pode se servir para o bem
ou para o mal.
Alexandre
Lozetti, comentarista da Globo, destacou a atuação de Lucas Lima ao citar a
criação do Santos. O meia foi municiado por Rodrigo Fernández e Dodi, que não
tiveram a capacidade de ligar a defesa e o ataque do Santos, acionando Lucas
Lima, com qualidade.
– O Lucas
Lima gosta de ver a partida de frente, não recebe entre as linhas. O Santos
precisaria ter zagueiros e volantes pra fazer a bola chegar nele. Ele gosta de
sair de trás. E o Santos, assim, fica com pouca gente nesse setor: os atacantes
que atacam a ultima linha, o Lucas Pires que sobe, mas indo mais por dentro por
contra do Soteldo – explicou.
Por isso que
em muitas chegadas do Santos ao ataque a jogada individual prevalecia, já que a
superioridade numérica estava do outro lado. Mas também há de se destacar as
evoluções do time.
No primeiro
gol, foi possível observar uma movimentação diferente de Mendoza, que não ficou
espetado na direita enquanto a jogada se desenhava na esquerda. Ocupando a
área, recebeu livre para marcar o primeiro.
– Estamos
tentando tirar o jogo posicional dos pontos, fazendo a bola chegar neles para
um contra um. O que acontece? Às vezes, dobram marcação, e perdemos a
possibilidade de fazer. Quais são os movimentos? Se observar no lance, o Lucas
faz o movimento por dentro. Temos que fazer a aproximação. Como o Soteldo pisa
muito na linha, temos que ter esses movimentos por dentro e trazer o cara
(Mendoza) do lado oposto para finalizar
Para a
sequência da temporada, Odair Hellmann precisará ajustar a equipe, além de
contar com a ajuda de seus jogadores, para os erros diminuírem.
Não só nos
passes (ou cruzamentos, com um aproveitamento menor que 50%), como também nas
finalizações. Contra o América-MG, foram dez, sendo três para fora, três
defendidas e uma bloqueada – além dos três gols, claro.
Nas últimas
partidas, o desempenho já era baixo: 3 chutes no gol de 16 contra o
Botafogo-SP, 2 chutes no gol de 9 contra o Atlético-MG e 4 chutes no gol de 19
contra o Audax Italiano.
Nesta
terça-feira, o Santos volta a campo para enfrentar o Newell’s Old Boys, na
Argentina, pela terceira rodada da fase de grupos da Sul-Americana.