Análise: vitória no fim espanta zica e salva Carpini, mas não resolve instabilidade do São Paulo
Análise: vitória no fim espanta zica e salva Carpini, mas não resolve instabilidade do São Paulo
Gols no final evitam um 0 a 0 no Morumbis que, diante de um time fraco, poderia tornar insustentável a permanência do técnico.
Por Marcelo Braga — São Paulo
Era uma
vitória óbvia no Morumbis, de um São Paulo escancaradamente melhor e mais bem
preparado que o frágil Cobresal, lanterna do Campeonato Chileno. Mas a demora
para a construção do resultado na noite desta quarta-feira, causada por erros
na definição, aumentavam a temperatura com o tique-taque do relógio.
O São Paulo
venceu o Cobresal por 2 a 0, com dois gols no fim de André Silva e Calleri, e
enfim pontuou na tabela da Conmebol Libertadores, mas viveu uma tensão
inexplicável. O clima foi de angústia do início ao fim, levando um jogo de
segunda rodada a um tom exagerado de final de campeonato. E isso, claro, foi
sendo levado para campo, com muito nervosismo dos jogadores.
O São Paulo,
ao não marcar, chegou a tomar pressão do Cobresal no segundo tempo, com Rafael
fazendo boas defesas. O gol de André Silva, que abriu o marcador, só saiu aos
36 minutos do segundo tempo. E, até ali, parecia claro a todos que a falta do
resultado tinha tudo para colocar fim ao trabalho do técnico Thiago Carpini,
que nesta quinta-feira completa três meses que foi anunciado no Tricolor.
Um trabalho
muito questionado pelo torcedor, que ainda não confia nesta figura para
conduzir o São Paulo numa nova campanha vitoriosa na temporada, como ocorreu na
Copa do Brasil de 2023 com Dorival Júnior. Cobrança forte de quem pouco
considera as dificuldades da temporada 2024.
Aposta
ousada e autoproclamada corajosa pelo São Paulo, Carpini já foi condenado ao
fracasso na internet. E, nas arquibancadas, também não conta com quase nenhum
prestígio, muito em consequência da eliminação precoce no Paulistão, nas
quartas de final, para o Novorizontino. Mas, para além dos resultados, o que
tem pesado contra ele é o desempenho irregular de sua equipe.
No 3-5-2 de
quarta-feira, forçado pelas diversas lesões que hoje apareceram no elenco,
Carpini apostou num time que teria amplitude pelos lados com Michel Araújo e
Igor Vinícius, numa liberdade total a James Rodríguez pelo meio, e na dupla de
ataque de nomes experientes, com Luciano e Calleri.
Com 70% de
posse de bola, o São Paulo criou volume, conseguiu explorar os corredores, mas
apostou em excesso nos cruzamentos, que acabaram não surtindo o efeito
esperado. James até exigiu boa defesa em conclusão de fora, e Calleri parou na
trave em finalização na área, mas o time na prática ficou muito com a bola em
zona morta, entre zagueiros, numa transição de muita lentidão.
E, na
insistência do 0 a 0, o técnico optou por voltar do intervalo sem mudanças,
mantendo a formação com três zagueiros no jogo inteiro. Sem demonstrar para a
arquibancada – na visão da grande maioria dos torcedores, claro – uma maior
gana de mudar o panorama da partida. Como, no fim, aconteceu.
O resultado
positivo foi construído nos minutos finais, quando já estavam em campo Galoppo
(na vaga de Pablo Maia), Erick (na vaga de Igor Vinícius) e André Silva (na de
Luciano), numa pressão que se manteve e mostrou a inquietude de um time que
contra o Cobresal não tinha como não vencer.
Em sua
entrevista coletiva, Thiago Carpini admitiu que o São Paulo tem um problema a
resolver no CT da Barra Funda pelo excesso de lesões. Em uma semana, Lucas e
Ferreira foram baixas por problemas musculares, algo recorrente nos últimos
anos. Somados aos outros desfalques por traumas, como os de Rafinha e
Wellington Rato, o elenco vai ficando cada vez mais fraco.
A falta de
manutenção da saúde do elenco gera mudanças forçadas, obriga alterações de
escalação, quebra de padrões e mais instabilidade. Nada disso, porém, é
desculpa aceita pelo torcedor, que exige um São Paulo mais competitivo em
campo. A vitória, portanto, alivia, mas não muda impressões.
Embora feliz com o resultado, o são-paulino parece ter deixado o Morumbis preocupado com o que vem pela frente. No sábado, o São Paulo estreia no Brasileirão com o Fortaleza, dentro de casa. A fritura continua. A luta de Carpini é para tentar entregar algo próximo do que o torcedor deseja.