Aneel: Apesar da seca no Norte, bandeira verde na conta de luz deve seguir até dezembro, sem valor extra
Aneel: Apesar da seca no Norte, bandeira verde na conta de luz deve seguir até dezembro, sem valor extra
Sandoval Feitosa diz que eventual acionamento de termelétricas não deve afetar bandeiras tarifárias. Volume de chuva no período úmido e demanda por energia vão determinar perspectivas para 2024.
Por Lais Carregosa, g1 — Brasília
O
diretor-geral da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Sandoval
Feitosa, afirmou em entrevista ao g1 que a bandeira verde na conta de luz deve
continuar em vigor até o final de 2023, apesar da seca na região Norte. Ou
seja, não haverá cobrança extra.
A situação
do Norte gera preocupação, porque algumas importantes hidrelétricas estão na
região.
“Em outubro,
já anunciamos que a bandeira será verde. Em novembro [também], se o período
úmido continuar, e já começamos a perceber a sinalização das chuvas. Então,
provavelmente permanecerá verde também em novembro e dezembro, mantendo as
expectativas que a Aneel sinalizou”, declarou.
Contudo,
para 2024, Feitosa destaca que a Aneel deverá acompanhar duas variáveis:
– Como será
o comportamento do período úmido –de novembro a abril, em que há mais
incidência de chuvas;
Como será o
crescimento da demanda por energia, que está associada ao desempenho da
economia.
“Se chover
bem, provavelmente não teremos o acionamento de bandeiras. Mas, de novo,
teremos de acompanhar o fim do período úmido [e] como vai acontecer o
crescimento da carga. E apenas ali no final do período úmido, em meados de maio
–quando inicia o período seco–, é que poderemos ter uma radiografia de como a
bandeira vai se comportar até o final do ano de 2024”, declarou.
O sistema de
bandeiras tarifárias sinaliza o custo da geração de energia. Quando os
reservatórios das usinas hidrelétricas estão altos, não é necessário acionar
usinas termelétricas, que são mais caras.
Nesses
casos, o custo de geração de energia aumenta e a Aneel pode acionar as
bandeiras amarela ou vermelha patamar 1 ou 2 – que representam um custo maior
ao consumidor. A bandeira verde está em vigor desde 16 de abril de 2022.
Acionamento de termelétricas
Depois de
reunião sobre a situação no Norte, na tarde de terça-feira (3), o
vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Geraldo Alckmin, confirmou a
possibilidade de acionar usinas termelétricas a óleo combustível para suprir a
demanda na região.
Isso porque
a seca tem prejudicado a geração de energia em usinas a fio d’água –que não
contam com reservatórios. Na segunda-feira (2), a usina hidrelétrica de Santo
Antônio, em Porto Velho (RO), foi desativada por conta da baixa vazão de água.
“O
acionamento dessa geração térmica que está sendo avaliada e citada será para
ações pontuais dentro do sistema brasileiro. Ou seja, diria que para atender
necessidades elétricas. Há uma questão na região Acre e Rondônia em função da
paralisação da usina de Santo Antônio, eventualmente alguma outra região do
país, mas estruturalmente isso não trará impactos energéticos”, declarou o
diretor-geral da Aneel ao g1.
De acordo
com Feitosa, isso significa que não haverá impacto na bandeira tarifária, que
está associada a:
– o preço de
liquidação das diferenças (PLD) –um preço de referência para a energia–,
atualmente em valores baixos;
– a medida
de risco entre o volume de energia produzido e a garantia física de cada usina.
Essa medida é chamada de GSF (Generation Scaling Factor).
– Com o
nível dos reservatórios terminando o período seco acima de 60% em três das
quatro regiões consideradas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), a
avaliação é que a necessidade de acionamento das térmicas é localizada.
“Nós não
teremos, em função do acionamento dessas térmicas para o atendimento local,
impacto no acionamento das bandeiras”, destacou o diretor-geral da Aneel.
O pagamento
dessas usinas, caso acionadas, será feito por Encargos de Serviços de Sistema
(ESS), repartido por todos os usuários do sistema elétrico brasileiro.
“É um custo
associado à operação do sistema, quando há algum desvio na operação do sistema,
o ONS faz uso dos recursos. No caso das térmicas, despacha as térmicas fora da
ordem de mérito, calcula aquele custo e lança na conta de energia. Quando há
restrição para eólica e solar, da mesma forma, a restrição é calculada e é
colocada no Encargos de Serviços de Sistema. Diria que o ESS é o encargo
associado a custos de operação de sistema”, explicou Feitosa.