Após 14 anos, Lula volta ao G7 para discutir guerra na Ucrânia, fome e preservação ambiental
Após 14 anos, Lula volta ao G7 para discutir guerra na Ucrânia, fome e preservação ambiental
Presidente embarca nesta quarta-feira (17) para Hiroshima, sede da cúpula deste ano. Lula terá reuniões separadas com líderes do Japão, Índia e Indonésia.
Por Guilherme Mazui e Luiz Felipe Barbiéri, g1 — Brasília 16/05/2023 04h01 - Atualizado há 2 horas
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) participa no próximo fim de semana da reunião de
cúpula do G7, em Hiroshima. A viagem ao Japão marca o retorno, após 14 anos de
ausência, de um presidente do Brasil no encontro com líderes dos países mais
ricos do mundo.
Segundo o
Ministério das Relações Exteriores, desde 2009, quando o próprio Lula esteve na
cúpula realizada na Itália, que o chefe de Estado brasileiro não participa de
uma reunião do G7.
Lula foi
convidado pelo primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida. O Japão ocupa a
presidência rotativa do bloco, formado por Alemanha, Canadá, Estados Unidos,
França, Itália, Japão e Reino Unido. A União Europeia também está no grupo.
O Brasil
participa na condição de convidado, assim como a Austrália, as Ilhas Comores,
Ilhas Cook, Índia, Indonésia, República da Coreia e o Vietnã, além de
representantes das Nações Unidas, Fundo Monetário Internacional, Banco Mundial,
Agência Internacional de Energia, União Europeia entre outras organizações.
Temas em
debate
Entre os
assuntos que serão discutidos na cúpula, estão as prioridades colocadas pela
presidência japonesa, como a guerra na Ucrânia, o acompanhamento da inflação
nas economias do mundo e temas como:
– Enfrentamento
das vulnerabilidades dos países de média e baixa renda por conta da crise da
dívida
– Aceleração
de ações voltada à mudança do clima e da transição energética
– Ajuda
internacional para obtenção do equilíbrio energético
– Fortalecimento
da arquitetura internacional no campo da saúde pública
Além destes
assuntos, o Itamaraty informou que Lula abordará temas que têm defendido em
reuniões internacionais, como a questão do desenvolvimento econômico, social e
sustentável dos países em desenvolvimento e a necessidade de pensar em formas
para alcançar a paz para superar conflitos existentes.
Reuniões
bilaterais
Lula viajará
na quarta-feira (17) e deve desembarcar no Japão na madrugada de quinta para
sexta-feira (19).
O primeiro
dia no país será dedicado aos encontros bilaterais com Índia, Indonésia e
Japão.
“São países
de grande importância para o Brasil”, afirmou o embaixador Maurício Lyrio,
secretário de assuntos econômicos e financeiros do Itamaraty.
“Essas
bilaterais serão marcadas em parte por interesses mais diretos da relação
bilateral, mas pela discussão de temas mais amplos da agenda internacional para
os quais esses países convergem em termos de posição por serem países muito
afinados em muitos temas da agenda internacional”, acrescentou
Segundo o
Itamaraty, outros países também pediram reuniões reservadas com Lula, mas os
encontros ainda estão em avaliação.
O governo
tenta fechar as agendas para uma reunião entre Lula e o presidente da França,
Emmanuel Macron.
Segurança
alimentar
Um dos documentos que deve ser divulgado como resultado da cúpula diz respeito à segurança alimentar no planeta.
A guerra na
Ucrânia deve ser abordada neste contexto, já que o conflito desencadeou uma
crise alimentar.
O Itamaraty
informou que o Brasil quer que o texto final do documento foque na insegurança
alimentar e negocia uma “linguagem compatível” com a posição do país em relação
ao conflito na Ucrânia.
O presidente
Luiz Inácio Lula da Silva já disse que a Ucrânia – que foi atacada e invadida
pela Rússia – tem responsabilidade pelo início do conflito.
Lula também
afirmou que União Europeia e Estados Unidos prolongam o conflito, o que foi
interpretado por autoridades internacionais como a reprodução da visão russa
sobre a guerra.
Depois da
repercussão negativa, o presidente negou que tivesse igualado Rússia e Ucrânia
e disse que “todos nós achamos que a Rússia errou”.
Lula há
meses tenta se apresentar como um possível mediador para um acordo de paz, o
que ainda não se efetivou. O assessor-especial do petista, Celso Amorim, já
discutiu o tema com os presidentes Vladimir Putin (Rússia) e Volodymyr Zelensky
(Ucrânia).
Agenda no
G7
O presidente
Lula vai participar das três sessões de trabalho em Hiroshima, programadas para
os dias 20 e 21 de maio.
No sábado
(20), Lula participará do encontro intitulado “Trabalhando para enfrentar
crises múltiplas, incluindo alimentação, saúde, desenvolvimento e gênero”.
No mesmo
dia, estará na sessão denominada “Esforço comum em prol de um planeta
sustentável e resiliente, incluindo, clima, energia e meio ambiente”.
Entre as
duas sessões será realizada uma fotografia oficial dos chefes de estado que
participam da cúpula.
No domingo
(21), o presidente participará da última sessão de trabalho intitulada “Na
direção de um mundo próspero, estável e pacífico”.
Também está
programado para o domingo uma cerimônia de depósito de flores no Memorial da
Paz de Hiroshima.
Agenda
internacional
Lula fará
sua sexta viagem internacional, a segunda à Ásia, desde o início do terceiro
mandato como presidente. O petista já viajou para:
– Argentina
e Uruguai
– Estados
Unidos
– China e
Emirados Árabes
– Portugal e
Espanha
– Reino
Unido
Lula, que já
visitou os três principais parceiros comerciais do Brasil (China, EUA e
Argentina), investe em discursos sobre a necessidade de fortalecer a
democracia, de combater à fome e à desigualdade, de mediar a paz na Ucrânia e
de encontrar um modelo de desenvolvimento para Amazônia que preserve a floresta
e gere emprego e renda aos moradores da região.
O presidente
tem repetido que essas viagens integram o processo de retomada das relações do
Brasil com países e organismos internacionais após os quatro anos de isolamento
da gestão de Jair Bolsonaro.
Neste
contexto, o convite para participar da cúpula do G7 foi visto no governo como
sinal de prestígio de Lula.
Também pesou
o fato de que o Brasil assumirá neste ano a presidência do G20, fórum que reúne
as principais economias do mundo. Temas debatidos no encontro do G7 devem ser
tratados também no G20.
O Brasil
em cúpulas do g7
Esta é a
sétima participação de Lula em uma cúpula do G7. As demais foram nos primeiro e
segundo mandatos:
2003: Cúpula
de Évian-les-Bains, a convite da França;
2005: Cúpula
de Gleneagles, a convite do Reino Unido;
2006: Cúpula
de São Petersburgo, a convite da Rússia (então membro do G8);
2007: Cúpula
de Heiligendamm, a convite da Alemanha;
2008: Cúpula
de Hokkaido, a convite do Japão;
2009: Cúpula
de L’Aquila, a convite da Itália;
2023: Cúpula
de Hiroshima, a convite do Japão.